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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

TRILHAGEM DE AQUÉNS-EM-ALÉNS




 
Alcei vôo perspectiva tempo
trilhei não-veredas
tempo
vário in-cisivo
ad-verso
ao meu-próprio-ser,
in-verso
ao meu-íntimo-estar-sendo

trilhei
a hipocrisia dos homens
em suas vitórias, conquistas, glórias
em seus fracassos, frustrações
considerei
o meu-ser-projeto
conheci
o meu-ser-trajeto
re-conheci
o meu-ser-verbo.
busquei entendimento
não se me revelou
procurei explicação
não encontrei
não me dei por vencido

o próprio tempo é finito
já nasceu sem tempo
segue em frente
não pára
a própria vida é infinita
já nasceu eterna, é etern-itude. 
não me limitei
ou me limitei
estou vivo, estou sentindo, 
basta
desejo tanto, tenho fome e sde de tanto
é certo

ainda que me curve
diante do meu-ser-tempo
ou do meu-ser-fim
não me darei por vencido
ainda que me ajoelhe
diante de meu-ser-verbo
diante do sonho-{do}-verbo-amar
todo tempo só em ser-tempo,
todo sonho só em ser-sonho,
todo verbo só em ser-verbo,
é fim
não começo,
é meio 
e não início.

não quero trilhar
os mesmos caminhos de HEIDEGGER
nem buscar
a sorte ou o fim
dos entes - KIERKEGAARD
nem quero ser
dissidente
incidente
em minha liberdade de estar-sendo

já tive um DEUS
trilhei a TERRA-PROMETIDA
já tive uma LIBERDADE
não almejava a TANTO

se hoje sou um ser-reprimido
introspectivo, combalido
vencido não estou

também
em minha trilhagem
vi ídolos sem adeptos

se conheci florestas-virgens
sonhei utopias
defendi ideologias
edifiquei caminhos,
institui veredas, estabeleci sendas
construí apenas castelos
liberei apenas sonhos
libertei somente quimeras e fantasias
não almejara a tanto

estou-apenas-no-mesmo-sítio
não sei
se vencedor se vencido
opressor oprimido,
escravo algemado, acorrentado
ou apenas um-ser-aberto
ao horizonte de confins,
ao universo de arribas,
à etern-itude de alhures,
à eternidade de aléns-em-aquéns.

prefiro no momento
tão só
franzir o cenho
semi-cerrar os olhos
ainda que desgaste
um pouco mais
de esforço ou tempo
nessa contração
- a sorrir

tempo tenho de sobra,
sensibilidade não me falta
Ainda que cada vez
Menos tempo seja
Não almejei a tanto

na minha busca
não me foi preciso
partir
no meu desejo
me não foi necessário
prever a verdade
apenas
trilhar cada pegada
impressa pelo homem
nas cinzas-do-tempo

falsas e frágeis
hipócritas e sensíveis
as bandeiras do homem,
os porta-estandartes do ser
nas cinzas-do-tempo
ao mais leve vento

seu juízo
o-próprio-juízo-final
nós-não-somos-nada
senão-uma-trilhagem
tempo-adentro
adentro-tempo-e-ser
no abismo desconhecido,
na caverna não-reconhecida
de mim-mesmo
de nós-mesmos
e eu não espero tanto
sou franco atirador
e também
me sinto alvo

minha indagação
é minha busca
meu questionamento
é minha procura
minha trilhagem
segue à margem,
segue o rio sem pressa

ir
ao intrínseco
ao fundo,
às pre-fundas
para saber 
não
não me foi preciso
não almejaria
a tanto

basta-me a mim trilhar
o meu-próprio-ser
o meu-íntimo-estar-sendo
sem me decepcionar
a mim mesmo

nenhuma ideologia é perfeita,
nenhuma utopia é absoluta
nenhuma liberdade é solitária
se “homem algum é uma ilha”
não almejarei a tanto
trilharei apenas 
as mesmas pegadas
os mesmos rastros
que me legaram
que me conduzirão
impreterivelmente
inevitavelmente
ao mesmo NADA 



Manoel Ferreira Neto

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