Na 12º edição deste suplemento-caderno
literário-filosófico, tivemos a oportunidade de escrever missiva ao
intelectual, historiador e escritor Sílvio Gabriel Diniz, tecendo comentário no
tangente à Curvelo meu Curvelo, de sua autoria. Apreciamos
sobremodo a sua linguagem e estilo de escrever – obra histórica eivada de
linguagem literária e poética, o que é dificílimo de ser realizado devido à
estrutura, isto é, descrição real e objetiva da história de um município, exige
método e critério - sobre a Imprensa escrita, TV, Serenata, etc., etc., seu
sonho de uma Academia de Letras que, infelizmente, não fora realizado, foi
fundada em 23 de setembro de 1988, mas se tornou acinte à cultura e às artes
curvelanas, e continuará sendo até que medidas de moralização e ética sejam
tomadas a rigor, dentre elas membros serem reais escritores.
Antônio Nilzo Duarte encontrou em sua
biblioteca outra de suas obras, o vol. III de Dados para a História de
Curvelo, dizendo enviar-me-ia cópia Xerox, um presentinho, para leitura,
conhecimento de seus trabalhos, da História de Curvelo, tendo-lhe dito eu que
aproveitaria para escrever artigo nesta 13º edição. Disse-o antes, enfatizo
reafirmando, há apenas cinco anos que me interessei por conhecer a nossa
história, cultura e artes, tendo lido muito pouco, só quando aparecem obras no
seu devido tempo, e, aliás, muito pouco se escreveu a respeito, o curvelano
pouquíssimo sabe de sua identidade histórica.
Particularmente, não conheço nenhuma
obra histórica nos últimos cinqüenta anos, o que é uma lástima. Em conversas
com amigos, alguns comentaram sobre aspectos relevantes que deveriam figurar em
livro, dentre eles obra com os nomes de ruas para que o leitor saiba de quem se
trata, porque o nome foi dado, porque houve mudança, quem mo disse fora o
Secretário de Cultura João “Comunitário”. Isto é realmente importante: quem foi
Benedito Valadares, nome de nossa Praça Central, considerada uma das mais belas
de Minas Gerais? Quem foi Paulo de Frontin (eu próprio não sei quem foi)? Quem
foi Zuzu Angel? Quem foi Pacífico Mascarenhas? A maioria das pessoas não sabe
quem foram estas pessoas. De minha parte, reclamo obras ensaísticas,
dissertações, teses a respeito do pensamento de Lúcio Cardoso, o conhecimento
de seu pensamento é imprescindível para o desenvolvimento de nossa literatura,
de nossa vida mesma, de Sílvio Gabriel Diniz, suas reais contribuições
intelectuais, historiográficas, artísticas, humanas e espirituais, de outras
personalidades das artes e da cultura. Tudo que, porventura, for escrito sobre
minha vida e obra em Curvelo, na atualidade, não acredito será um dia feito,
enquanto for vivo, será considerado “não autorizado”, senão se fosse escrito
por Paulo César Carneiro Lopes, Marcos Antônio Alvarenga, Antônio Nilzo Duarte,
pela professora Vilma Simões.
O leitor sabe, tem consciência, de que
empreendo trabalho sério e responsável em nome de nossas artes e cultura,
quando tomei em mãos a responsabilidade de escrever sobre as nossas reais
personalidades artísticas, nossos escritores. Com as análises, comentários,
pequenos ensaios nascidos da leitura de suas obras, a intenção mesma é de
divulgação do pensamento, das idéias, dos sonhos, das posturas éticas e morais
reais e humanas, não apenas no que tange ao conhecimento da obra, o que nela
encontramos que seja semente de transformações éticas, morais, humanas,
espirituais, que nos faça crescer como homens, indivíduos, que nos ajuda a
vislumbrar a vida, o nosso futuro. Já escrevi, nestes termos, sobre Delém,
Dalton Canabrava Filho, Antônio Nilzo Duarte, sendo ele sobre quem mais
escrevi, Marcos Antônio Alvarenga, Paulo César Carneiro Lopes, Ângelo Antônio,
Mary Ribas, etc., etc. Ademais, com a
fundação deste suplemento-caderno literário-filosófico, cujos objetivos e
projetos são a divulgação de nossas artes e cultura. Faço o que posso,
lembrando-me de Goethe, quem escrevera: “Outros fariam ou farão melhor; eu fiz
o que pude”.
Inacreditável, mas é verdade
inconteste: o curvelano pouquíssimo interesse mostra pelo conhecimento
artístico, cultural, histórico de nosso município, temos problema sério com a
memória, desejamos a todo custo eliminá-la, esquecendo-nos de que sem memória
não há vida, não há história, nada há, o município é apenas um galpão cheio de
gente. Deveríamos atribuir a responsabilidade de obras históricas não serem
publicadas ao poder público que não incentiva, apóia, repassando verbas para
tal? Apesar de que isto seja real, a responsabilidade é do próprio curvelano
que não dá a mínima para isto, nenhum interesse mostra pelo conhecimento.
Complicado.
Lendo este III volume de Dados para a
História de Curvelo, o que mais desperta a atenção não é propriamente o
método e critério escolhidos e estabelecidos, mas a sensibilidade, consciência
ética e moral do que se pretende realizar, do que está sendo historiado, a sua
responsabilidade não apenas de historiador que é, mas também de homem,
indivíduo, cidadão, filho de Curvelo, os seus recônditos desejos de engrandecer
a sua terra com pesquisas sérias, sinceras, imparciais. Com efeito, Sílvio
Gabriel Diniz é grande personalidade de nossa vida histórica, cultural e
artística, e muito poucos curvelanos o conhecem, isto é, leram as suas obras, é
merecedor de incólumes reconhecimentos; há quem tenha plagiado Sílvio Gabriel
Diniz, não sei qual trabalho fora plagiado, mas o digníssimo escreveu a obra de
trás para frente para enganar trouxa, isto é do conhecimento de todos, só que
ninguém abre o bico, eu abro, o segundo “apresentador” desta obra, Dados
para a História de Curvelo, não vou sujar as minhas páginas e este
suplemento indicando-lhe o nome, ainda não entendi o porquê da família não lhe
haver processado, direitos autorais estão prescritos na Constituição – aliás,
vale ressaltar, que os Gabriel Diniz são todos personalidades de grande valor
em todos os níveis do conhecimento, em todos os níveis de desenvolvimento
cultural de Curvelo, dentre eles Dr. Newton Gabriel Diniz, Dr. Maurício Gabriel
Diniz, Dr. Maurílio Gabriel Diniz, tendo sido eu aluno deste no curso de
contabilidade no Colégio Padre Curvelo, todos advogados de renome, e muitíssimo
ainda contribuem com a presença no cenário jurídico dos dois últimos.
Reclamo por divulgações do pensamento e
idéias dos homens de nossa cultura e artes. Sim. Existem alguns trabalhos sobre
outras personalidades, lidos por mim mesmo, mas enveredados para a ufanização,
para a criação de mitos, ideologias, trabalhos mal escritos, sem fundamentos,
trabalhos sem perspectivas de responsabilidade e compromisso, voltados apenas
para a subjetividade, elogios e encômios. Reclamo de trabalhos sérios, como são
os trabalhos de Sílvio Gabriel Diniz, intelectuais, historiadores sérios,
imparciais, comungados ao ideal e sonho de nossa identidade. Curvelo não bate palma para ninguém, mas
quando resolve bater esquece-se que as mãos não suportam tanto exercício, falta
destruir as mãos de tanto bater palma. Quando se resolve a escrever obras
históricas, biografias, autobiografias, esquecem-se de re-velar o homem por
inteiro, só se escreve à luz de algumas coisas que engradecem, às vezes até
extrapolando os sensos de credibilidade, o outro lado não mostram mesmo. Até
hoje só li três obras memorialísticas dignas de respeito, consideração,
reconhecimento, a verdade foi dita com todas as letras. Devido exatamente a
isto, já publiquei oito textos, nos tablóides, nestas páginas, a respeito do
autor, de suas obras, escrevi dois romances inspirado neles, fiz apresentação
do terceiro, está por ser publicado o quarto volume, o prefácio já está pronto.
A leitura de Curvelo meu Curvelo
extasiou-me, sensações, emoções, sentimentos puros tivera, a linguagem e estilo
poéticos de uma estesia sem limites e fronteiras, re-velando com primor sua
sensibilidade, espiritualidade, sentimentalidade, seus sonhos e projetos, sua
convivência séria e sincera com a história, com as letras – o desejo de
conhecer-lhe, conversarmos, trocarmos idéias, falarmos de projetos de
divulgação de nossa história, surgiu, mas, infelizmente, não está mais aqui
conosco no mundo, mas havia modos de conversarmos, dirigi-lhe missiva.
Sobre este que agora este escrevendo, a
linguagem e estilo poéticos não existem mais, é de cunho historiográfico mesmo,
são pesquisas feitas com a paciência de Jó, a responsabilidade com os fatos,
acontecimentos, com a descrição fiel e real de todo o processo histórico.
Método e critério. O leitor não sabe, mas confesso aqui e agora que detesto ler
livros históricos, nomes, datas, leis, descrição de fatos, elaboração de
pesquisa, para mim é um tédio ler. Geralmente, não leio. Contudo, o que senti
da pessoa e do homem Sílvio Gabriel Diniz prevaleceu, a sua sensibilidade, sua
postura ética e moral, sua responsabilidade com a história de Curvelo, do povo
curvelano, sobretudo seus sonhos e projetos, incentivando-me à leitura. Bem,
sou mais sincero ainda... Aquando li pela primeira vez os livros de Antônio Nilzo
Duarte, quase abandonei antes da metade do primeiro, devido aos muitos erros de
toda espécie, mas a sensibilidade e espiritualidade dele me incentivaram, li
com prazer e alegria, contribuíram com mudanças e transformações espirituais
importantes na minha vida de homem, de esposo, amigo, intelectual, escritor.
Agora, continuar a ler obra como esta, seguindo criteriosamente a metodologia
histórica e ensaística, o incentivo à leitura devido ao que pude conhecer de
Sílvio Gabriel Diniz não me levaria à continuidade de leitura. Odeio nomes
enfileirados. Continuei a leitura por ser de responsabilidade minha,
compromisso, preciso conhecer a História de Curvelo, sem cujo conhecimento não
posso ao menos considerar-me escritor, intelectual, nem ser considerado. É de
minha responsabilidade conhecer a identidade histórica, cultural, artística de
minha terra-natal.
Embora a metodologia tradicional
utilizada, a obra chama a atenção, desperta para o conhecimento, devido à
sensibilidade, ao poder da memória, a intuição histórica, a percepção da
profundidade dos fatos e acontecimentos, ao homem que a escreveu. Estando já
quase no final deste comentário, análise, da obra, ainda não terminei de lê-la,
estou na metade. O interesse é o
conhecimento, é a minha formação da identidade histórica curvelana, não
desfruto do mesmo prazer de leitura como fora com Curvelo meu Curvelo.
Vale ressaltar que não estou negligenciando seus lídimos valores,
reconheço-lhes ainda mais, a questão é só a obra Histórica.
Jamais, leitor, li qualquer coisa sobre
o Hospital Santo Antônio, nada conhecia a respeito, nada ouvi a respeito. No
entanto, foi neste hospital que aos dezoito de julho de mil novecentos e
cinqüenta e seis nasci. Existe alguma justificativa cabível para não conhecer a
história do hospital onde nasci? Não. Assim, você pode avaliar a minha postura
quanto a esta leitura, sou obrigado a conhecer. Apesar de certos incômodos,
estou apreciando a leitura, está-me ensinando outros métodos e critérios
historiagráficos que podem me auxiliar nas letras, na Literatura, na Filosofia.
Comecei o interesse pela História,
quando conheci os amigos Antônio Carlos Fernandes e Wander Conceição,
escrevendo o artigo, já publicado nestas páginas, Caminho de luz nas trevas,
enviado para a UNESCO, através da Associação Comercial e Industrial de
Diamantina, texto de abertura do lançamento de Mezza Notte, obra sobre
as origens da Vesperata diamantinense. Logo depois, tornei-me secretário
pessoal do historiador José Paulo da Cruz, escreve sobre a História do distrito
diamantinense Curralinho, ou Extração, reviso metodicamente suas obras. Tenho
já algumas estradas trilhadas no que concerne à História. Os métodos,
metodologias, são diferentes, cada um desses autores tem a sua linguagem e
estilo, as responsabilidades são as mesmas.
Existem hoje outros modos e formas de
escrever História, outras perspectivas de abordagem, dentre elas a história
analítica, cujos interesses não são apenas da descrição dos fatos e
acontecimentos, mas transcendendo a isto, enveredando para a formação e
constituição do pensamento, idéias. Não conheço qualquer análise histórica
neste sentido em Curvelo, em verdade não há. Aliás, é a grande contribuição que
estou re-colhendo e a-colhendo com esta leitura, isto é, a partir da
historiografia de Silvio Gabriel Diniz, o seu estilo e linguagem, sua forma,
métodos e critérios, torna-se possível escrever a História analítica curvelana,
o desenvolvimento das idéias e pensamentos, constituindo até uma filosofia do
pensamento curvelano. Aqui está a sua enorme contribuição, aqui está re-velado
o seu espírito empreendedor e re-novador.
Não o faria eu, não escreveria esta
história, não tenho qualquer competência para isso. Acabo de ser convidado para
escrever a história de Thomaz Duarte, que o farei com grande esmero e carinho,
mas se trata de uma biografia, já li tantas em minha vida, e aprecio bastante.
Agora, escrever a História Analítica de Curvelo são outros quinhentos mil réis.
Faço o que posso; busco despertar no espírito dos historiadores, ensaístas,
intelectuais para este trabalho nos últimos cinqüenta anos de nossa existência,
costumes, hábitos, cultura, artes, fé e religiosidade em Curvelo sofreram
grandes transformações e mudanças, e não temos quaisquer conhecimentos delas.
Mas quem esteja mesmo interessado em fazer análise rigorosa, não ufanizar,
elogiar, encomiar os grandes homens, os grandes feitos, não ideologicamente,
criando mitos e lendas insustentáveis, para justificar nossos erros e enganos,
nossa sociedade sempre estranha e esquisita, nossos sistemas políticos
arbitrários e chinfrins.
Em última instância, digo, dizendo, a
leitura deste nosso intelectual, escritor, historiador está sendo muito
importante para mim, tem ele contribuído bastante, apesar do pouco tempo de
nossas relações, com os meus ideais e projetos, sonhos e utopias da cultura,
intelectualidade, artes curvelanas. É mister não apenas reconhecer Sílvio, Dr.
Newton, mas à família Gabriel Diniz por todos os seus empreendimentos, lutas,
realizações, feitas em nome de nossa História, em nome do povo curvelano. Uma
coisa é real, não é curvelano: nós só damos valores aos homens empreendedores
de nossa terra, depois de sua morte. Muitos falam sobre isso. Maurício Gabriel
Diniz em uma de nossas conversas, dissera-me: “Para que reconhecer depois da
morte? Não vejo muito sentido nisso”. Deve-se reconhecer o que já foi feito,
deve-se reconhecer o que está sendo feito, os que já morreram os que estão
vivendo e lutando com todas as garras para o desenvolvimento de nossa cultura,
artes, história. É tempo, curvelano, de considerar isto verdadeiramente. Iremos
descobrir novos horizontes e universos em nossas vidas, veremos de perto nossas
transformações e mudanças.
Ficam aqui o meu reconhecimento ao
homem Silvio Gabriel Diniz, às suas obras que são de importância capital para a
formação de nossa identidade histórica, fica aqui o meu agradecimento aos
Gabriel Diniz por tudo que fizeram e fazem em nosso nome.
Razão In-versa
05 de março de
2009
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