Há muito tempo que se tem discutido o papel da
Literatura. Fala-se do compromisso social, transformador, formador de opinião, além
da inaudita arte pela arte. Neste interim, o importante mesmo é que o artista
viva por sua arte, com fidelidade a seus pessoais princípios, independente do
que se pensem a seu respeito. Não importa o sucesso e a glória, pois estes
louros, normalmente repousam em frontes pouco
merecedoras.
E quando se fala em “princípios”, reporta-se, em
especial, a sua formulação que passa, por sua vez, pela lógica do pensamento
aplicado ao mundo interno e externo do homem. Isso não seria Filosofia? Daí,
não raro vermos essas jovens e doces anciãs, (Literatura e Filosofia) passeando
de mãos dadas por aí.
Desta parceria, recebemos como presentes “Lúcifer
Pernóstico”. Um burro, uma carroça e seu condutor. Um grande filósofo, a
humanidade e o novo intérprete desse mundo. Difícil delimitar quem é quem nesse
jogo: o grande filósofo pode também ser o condutor; como pode ser ainda a
carroça, com sua carga de conhecimento tentando abrir caminhos. E por aí afora,
outras visões (ou interpretações) são permitidas, pois para aquelas duas
anciãs, o horizonte é o limite.
A presente obra do Prof. Manoel Ferreira Neto,
Lúcifer Pernóstico, é esse misto de Filosofia e Literatura, num texto leve para
filósofos, rico para literatos; e talvez por isso, pouco compreensível ao senso
comum. No seu conjunto é uma grande comédia, risível apenas aos mais
esclarecidos, se assim pode-se dizer. Mas vale a pena!
É uma comédia, diríamos, culta para os padrões do
humor contemporâneo. Naturalmente, o texto será intragável para os humoristas
de prateleira de supermercado. Mas o defeito não está na obra...
Mas nada disso importa muito. Vale a leitura
saudável de sua obra instigadora que vai muito além da metáfora literária e,
pela mesma pena, repensa e redimensiona
o saber filosófico.
Ao autor, pouco importa também o que disserem a
respeito de seu hermetismo. Vale-lhe a soberania de seu fazer artístico,
pautado dentro dos princípios que julgou ser mais adequados. Afinal, “(...) a
opinião dos outros, seja qual for o peso intelectual ou moral que carregue, não
deve ser considerada mais importante que a opinião que o artista tem de si
mesmo”[2]
Caro leitor, passemos à leitura. Não julgue.
Divirta-se.
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