Quem entra no inferno perde as esperanças. Entra, as portas são
trancadas, não há como fugir? Pertence por inteiro ao demônio, com ele não há
esperança de diálogo, quem dita as normas é ele?
Nada disso, são até perguntas imbecis, idiotas, de que não entende que
não há mais qualquer possibilidade de perdão dos pecados muitos, das canalhices
tantas, mesmo que os arrependimentos se façam presentes, as culpas sejam
assumidas, tudo está consumado por toda eternidade nele. Jamais ouvi dizer que
uma alma tenha passado um tempo nele, mas com os arrependimentos, consciências
das culpas, Deus a haja levado ao céu. No purgatório é que isso acontece.
Mereceu o inferno, o inferno é a moradia eterna; e mesmo porque as almas
jamais, nunca se arrependerão de coisa alguma, não há condições de consciência
disto ou daquilo, são almas duras e concretas; se nelas habitasse
sensibilidade, antes da morte, teriam ao longo das experiências e vivências
percebido o caminho de senões, e com as esperanças teriam re-vertido as
condições em que se encontravam envolvidos, tornando-se outro homem, o que
humildemente chamo de con-versão, e a vida se fez outra, transformou-se, não
mudaram o passado, este é imutável, mas seguiram outros rumos diferentes. Paulo
foi um canalha de marca maior, mas se con-verteu, tornou-se santo. No seu
íntimo, habitam as esperanças todas de outra vida, fez delas a pedra de toque
da espiritualidade, compreendeu que a perfeição adviria, procederia da imperfeição,
e teve ajuda divina. O mesmo com Santo Agostinho e outros. Prova de que Deus
escolhe os imperfeitos para a con-versão verdadeira e real, para seguir outros
caminhos. Neles, habitam a esperança, estava presente no mais recôndito deles.
Para os que entraram no inferno con-versão é “conversa-pra-boi-dormir”,
ressurreição é idiotice, quase que dar bom dia aos jumentos, muito própria de
alienados, redenção é ilusionismo dos mais baratos e chinfrins, a realidade é o
mal, o arbitrário, gratuito. O mal, quando vivido, vivenciado na íntegra,
quando se lhe entrega de corpo e alma, corrói e elimina todas as esperanças,
extingue o bem, que, porventura, habitava a alma. Sem consciência o mal é vida
real, só observar com percuciência o mundo, onde tudo acontece e tudo é
possível; sem vida real, a presença do bem, solidariedade, amor, compaixão, o
mal é realidade inconteste, a própria essência humana.
Jogo palavras a esmo, brinco, ironizo, emendo sentidos ad-versos e
contrários, desejo uma compreensão, quero a luz verdade da vida, resta-me o
re-verso do in-verso, isto é, a esperança de questionar ainda mais.
Entrei no inferno dos questionamentos insolúveis, da realidade. Não há
saídas, justificativas e explicações, como o jegue teimoso acho-me empacado sem
esperança de qualquer idéia que isto re-verta.
Quem entrou no inferno, no inferno estará por todo o sempre. Entrei nos
mistérios insondáveis, jamais terei qualquer resposta inteligível ou razoável.
Mas falemos do outro lado da moeda: quem entra no céu conserva-as
integralmente. Antes de tudo o mais, questiono-me neste sentido: por que
conserva as esperanças inteiras. Não acredito em re-encarnação.
Deve-se viver, sem choro e vela, a realidade, re-colher e a-colher o
real, assim é que o homem constrói sua vida, real-iza seus objetivos, torna-se
digno de re-conhecimento – noutros termos, dimensões da idéia e pensamento, o
real res-ponde pelo conhecimento e, re-conhecendo o conhecimento, o real
de-monstra as veredas do ser; o real engrandece, eleva, mostra e de-monstra o
que é isto viver em nome da virtude, de valores sólidos e inestimáveis; a
real-idade, o real imortalizam, eternizam.
Pedra é pedra e não símbolo, metáfora do que é duro; inferno é inferno,
e não metáfora dos homens pecadores, infringiram todas as leis de Deus,
especialmente os Dez Mandamentos. Caneta é caneta e não metáfora das letras,
como explicar imbuído de senso o invólucro da pena? – um objeto apenas? Isto de
a pena ins-crever a pedra na folha branca de papel só existe na cabeça de quem
não tem consciência de que as letras não têm este poder tão grande, colocar a
pedra no papel. Pode o papel embrulhar a pedra preciosa, diamante, para enviar
de presente a um amigo ou íntimo – ninguém vai embrulhar uma pedra qualquer de
rua e enviá-la a quem quer que seja, gastar dinheiro com o envio por correio, o
preço varia conforme os interesses do cliente, se “simples”, “registrada”,
“sedex”, estes últimos custam mais, com a quantia de uma correspondência
simples pode-se comprar pão.
Desde que se nasce, ouve-se a todo momento: “caia na real! A vida só
tem sentido se vivida realmente”, “tenha consciência de o real ser o que
garante o absoluto na vida”, “viva o real, esqueça-se do resto”, etc., etc. E o
que é real? Trabalhar, ganhar dinheiro construir bens materiais, casar, ter
filhos, educar-lhes, formar-lhes para a vida, agir e atuar conforme os
princípios pré-estabelecidos pela sociedade, morrer. Tudo o mais são picuinhas
de mentes vazias, são mazelas e pitis de homens ridículos.
Assim, ouve-se continuamente e com freqüência: “se não viver você a
realidade das palavras de Deus, o inferno está-lhe reservado com todas as
pompas e euforias”, “o inferno é a realidade do mal, é o real da ausência de
amor no coração”. Re-(s)-urge com prepotência e empáfia o questionamento-chave,
à moda e estilo da negação e in-verso do que se deseja e sonha, em busca da
verdade e do absoluto: “existe mesmo um “lugar” chamado inferno, onde as almas
pecadores postumizam o mal que semearam no mundo ou se trata unicamente de
oratória que desemboca na “conversa-pra-boi-dormir”?
Se se tiver um cargo público, melhor ainda, a publicidade garante a
vida futura, a aposentadoria que permite desfrutar – para sentir o gosto da
fruta, faz-se mister tirar-lhe a película que a envolve – as últimas coisas do
mundo, tranqüilidade e sossego, o esquife de último modelo, o mais
incrementado, o cadáver terá maior
conforto para o processo de sua decomposição.
Se tivesse eu habilidade, engenhosidade com as palavras que escrevo e
inscrevo nesta página de agenda, ressalte-se não ser papel comum, de tablóides,
padarias, açougues e mercearia, mas de agenda, diria não suportar mais ler este
cardápio da realidade das esperanças que se perdem, entrando no inferno, este
menu do real, leis e cláusulas que solidificam a vida, existência na terra.
Re-verso do in-verso. In-ferno do inverso que identifica o verdadeiro
verso, mas só possível quando os sentimentos re-nascem das gratuidades, e das
gratuidades nascem os sonhos, fantasias, utopias, e todo o uni-verso se abre, chega
a escancarar-se, diante do sentimento de vida que deseja ser real, ser
realidade, ser húmus e seiva de novos versos, inspirados no uni-verso do mundo
e existência.
Confesso que, enquanto delineio e burilo esta reflexão acerca de quem
entra no inferno perde todas as esperanças, em primeira instância, porque a
segunda começa agora, inicia-se com pujança “quem entra no céu conserva-as a
todas”, e descer as nuvens brancas e azuis, instalar-se na terra, tornar tudo
uma mentira artística, estética, filosófica, que seja pedra de toque de outro
real e real-idade.
Não houve um só instante em que a gargalhada insolente, em que as
insolentes meiguices, as meiguices insolentes do inferno não tenham estado
presentes... Inclusive, várias vezes passei o dedo indicador abaixo do queixo,
próximo ao “pomo-de-adão”, sentia coceira, mas tinha de manter a seriedade,
era-me imprescindível a sinceridade, tudo tem limite, ainda mais quando se
trata de ser lá homem sensivelmente avesso à razão dos dogmas, dogmas da razão.
Nestes termos, quem!...
Em verdade, estive afastado destas anotações nesta agenda. Havia-a
perdido nalgum lugar da cidade, deixado-a na mesa de algum restaurante, bar,
botequim, em casa de alguém, nalgum estabelecimento comercial onde estive.
Anunciei na rádio, prometendo um agrado quem a encontrasse, tratava a agenda de
anotações, precisava delas. Nada. Perdida, perdida estava , fazer o quê? Não
diz o adágio popular que não se chora o leite derramado?! Se quem a encontrou,
lendo, percebendo estar com uma obra em mão, poderia publicar em seu nome, era
só mudar. Equívoco dos grandes. Quem quer que seja diria, apontaria o autor com
todas as letras. Hora dos direitos autorais. Se o editor fosse mais esperto do
que já é, perceberia a pessoa não tinha condições para escrever o que está
registrado. “Esta linguagem e estilo são inéditas, não sendo seu, acredito
mesmo não seja, vai entrar numa canoa daquelas mais furadas, não serei seu
companheiro de afogamento. Estou-lhe avisando. Depois, não re-clame”. Ninguém
iria ousar uma publicação neste nível, com a consciência de não ser quem a
apresentava. Quanto aos plágios, lixava-me para isto – virou moda agora “lixar”
-, ninguém seria capaz de fazê-lo, mudasse única palavra seria de imediato
reconhecido. Conformei-me com a perda, a dor dela continuava, com efeito. Dias
depois, estive no escritório de contabilidade de um grande e mui querido amigo,
quando sua secretária me disse haver deixado lá, deixei-a sobre a poltrona da
sala de recepção. Mostrou para Gustavo, quem lhe disse pela letra já sei de quem é. “Guarde, ele voltará em
breve...”. Ad-mirei-me com a dignidade de Gustavo, mesmo sabendo de quem era,
não averiguou, lendo passagens, na primeira página estavam todos os meus dados.
Fiquei mais do que satisfeito, contente, alegre, nada mais estava perdido.
Assim explico, pois que tive uma nova experiência, fiquei quase uma
hora tomando um banho,k dizendo coisas percucientes ao espírito e alma, que não
saberia aqui re-produzi-las, mas os sentimentos que as originaram seguiram as
veredas, habitam o íntimo do re-verso, mais precisamente, o verso de re-versos
in-vernos, as noites jaó são frias, faz um friozinho, a in-fância dos tempos
outros, como ora sinto muito presente a sede de serenidade, que me faça
re-verter o verso, mergulhando no verbo.
Dizia-me um amigo que se o cão conhecesse ou soubesse o que é o
dinheiro, não seria amigo do homem, que eu completava com ironia, nada de
sarcasmo ou cinismo, ser-lhe-ia inimigo congênito, este é ainda pior que o
capital. Não me entende, compreende, o leitor, mas a poesia re-versa da prosa e
estilo, comungada, aderida, misturada, uma verdadeira micelânea da linguagem
que se esfacela, multiplica em busca da re-versa eternidade das palavras.
Sinto-as na carne, nos ossos, no corpo.
Comecei no inferno, sigo os caminhos do céu; quem entra neste, preserva
todas as esperanças que habitavam o espírito, a carne se trans-formou em
cinzas. Há tempo para cada coisa na vida, ora creio que o re-verso do inverso é
o desejo mais profundo.
Quem entra no céu con-ser-va as esperanças de águas límpidas. Sim. São
quimeras que abrem outros horizontes e uni-versos, as “querências” são tantas que apenas as sinto, a pena
silencia-se.
Ah, neste quarto de hotel, tudo isto pensando, sentindo, sonhando
colocar no papel como se me anunciam o verbo in-trépido, as palavras ditas com
amor,k carinho, orgulho, agradecimento, dissera à mulher-senhora de meus rumos
e destinos: “A razão in-versa começa no inverso para atingir o verdadeiro
verso”, tergiverso os ângulos e perspectivas com que venho tecendo destes
sentimentos.
Conhecê-los? Oxalá pudesse! As letras se anunciam, a irreverência é
inscrevê-las, transcendem.
Quer saber de uma coisa real, leitor! Escrevi um poema para ela, o
segundo da carreira, não tivemos filhos, mas a mãe habita-lhe o espírito. Em
sua homenagem:
VERBO-MÃE
Palavra que re-vela
Espírito, entrega, compaixão e solidariedade
Sentimento que manifesta
Nascimento, amor, carinho
Que transcende os valores materiais
E amamenta os espirituais,
Movimenta o coração
Em busca da espiritualidade.
Verbo que da carne
Diz aos homens
O desejo de amor nascer
Do útero, buscar a alma.
Mãe.
Verbo-Mãe
Que das emoções sensíveis
Trans-forma a vida,
Muda o destino
Atinge o Ave que nos habita
E a Maria que nos acalenta
E a carne que nos evangeliza.
Quem entra no inferno perde as esperanças. Quem entra no céu
con-ser-va-as, preserva-as a todas. Re-verso do in-verso.
Re-tornemos à vaca fria, as teclas esquentaram muito, não as posso
tocar: havia perguntado se você, caro leitor, queria saber de uma coisa real. A
pena seguiu outros sentimentos que se me a-nunciaram. Acredito que sim, diante
destas palavras e idéias, pensamentos, que ainda não foram esclarecidos, oxalá
possa durante a vida, se não esboçar nas entrelinhas, o que, afinal, pretendo
dizer, quero que seja re-fletido e meditado. Você precisa de palavras sérias,
não mescladas de cinismos, ironias, sarcasmos, sentidos ambíguos: você precisa
que eu diga as coisas, como elas são, sem subterfúgios e jogos de linguagem e
estilo...
Pois bem: espíritos rasteiros não podem aceitar razões de certa
elevação, mas com esses não se teima, corre-se sério risco de entrar pela porta
da frente da ignorância e sair por um das laterais da alienação. Quando entro
na igreja pela de frente, visto as igrejas de nossa cidade não ter a traseira,
saio por um das laterais, vice-versa, dizem que não se deve entrar por uma e
sair pela mesma, não saberia dizer a a razão, apresentaram-me di-versas, acabaram-se misturando.
Dos espíritos rasteiros, mantenho as devidas distâncias, nada têm a
ensinar-me, nada tem a contribuir com a minha espiritualidade, só ela me
interessa nos últimos dez anos. Tenho sérios e profundos medos deles, jamais
aceitei a ignorância, alienação, nunca me imaginei absorvido por estas dimensões
da alma, são perniciosas, o orgulho da raça me habita do éden ao leste das
pré-fundas.
Estava no escritório, arrumando as correspondências na gaveta, quando a
senhora entrou, dizendo não haver carne, fosse ao açougue comprar um quilo de
contrafilé, não como sem ela. Não por ser viciado em carne, trata-se, com
efeito, de cultura: somos os curvelanos de cultura agropecuária, esbanjamos
carne e gado no pasto, pode faltar no prato arroz, feijão, verduras, legumes,
menos a carne nestes casos com farinha e cebola à vontade. Saudoso amigo
costumava perguntar, quando lhe visitava, se não tinha comido muita cebola nos
últimos três dias, caso contrário, voltasse depois. A mamãe dizia que muitas
vezes em sua vida comeu feijão com angu, em sua casa faltava a comida, o pão de
todos os dias.
Res-pondi à minha senhora que, se faltava a carne, havia outras coisas.
Não contestou a sabedoria da res-posta, mas confessou entre tímida e meiga, não
compreendendo eu o por quê disto, a razão do espanto e consternação em que
chegava ao escritório, era o receio de não haver mais carne em Curvelo, a única
cultura que não se tornou vício, não foi adulterado ao longo da história.
Disse-lhe estar muitíssimo inspirada, inspiração que raiava ao cinismo. Rimos á
sorrelfa dos idílios compactos.
Tudo o que aqui está inscrito e registrado me levaria longe, se tecesse
as idéias com qualidade e rigor, esclarecendo os mínimos pormenores, limito-me
ao que fica, com muito esforço e trabalho nestes três dias, falo apenas disto
que é entrar no inferno e perder todas as esperanças, entrar no céu
conservá-las a todas. Há uma pergunta que não inda capaz de responder com
sabedoria: a esperança é para o tempo de vida na terra, para a contingência,
estimular o homem a sempre buscar realizar seu sonho de espiritualidade; para
que conservar as esperanças no céu? Não se precisa mais delas, o objetivo foi
alcançado, vive-se a espiritualidade. A questão de haver preenchido tantas
páginas de caracteres e símbolos, e que desejo a isto res-ponder, confessando ser
um mistério inextrincável, precisava estar no céu para saber, por enquanto
continuo as buscas, os desejos são tantos que não saberia quantos.
A fé é tudo. Angustiado e entristecido com as dificuldades da expressão
do que me vai dentro, colocar as verdades que me habitam a alma, e ser um homem
limitado – as letras enganam: com elas quem quer que seja que escreve pensa não
ter limites, pode-se tudo com elas, desvenda-se todos os mistérios e enigmas, a
verdade é que os mistérios se multiplicam à re-velia, restando apenas nós
górdios na garganta e uma dor fina no peito. Assim, entrei na igreja pela porta
da frente, ajoelhei-me num dos bantos, fiz algumas orações, pedindo a Deus por
mais limites haja, e são necessários, ao menos me concedesse a sabedoria de
vivê-los com dignidade e honra. Sai por uma das portas laterais, e, descendo a
rampa em passos comedidos, cabeça baixa, pensava comigo mesmo que o
Eclesiastes, que tem resposta para tudo, alguma dará a isto de quem entra no
inferno, perde todas as esperanças, que entra n céu, conserva-as a todas; se
não fosse a urgência de uma chave de ouro, iria buscá-la ao próprio livro
sagrado; não podendo fazê-lo, contento-me em supor que dirá aquilo que tem dito
a todos, em todas as línguas, dialetos, principalmente no latim, única língua
que ilumina os mistérios da vida, embora alguns espíritos sábios digam ser o
Grego: “vaidade das vaidades, é tudo é vaidade”. Seria vaidade pensar que no
inferno se perde todas as esperanças, no céu conserva-as a todas. Talvez sim, talvez
não. Contudo, não é vaidade con-templar os mistérios da vida e do além.
O homem é um ser-para-o-livro, origem desta sabedoria milenar é a
Bíblia Sagrada, o livro divino, se preferir assim. Pouco se lê nesta
comunidade, é o que muita gente afirma, com consciência ou sem ela, há longos e
longos anos, antes mesmo de meus pais existirem na terra, é o que acaba de
dizer um colunista de tablóide. Dá ele como uma das causas do desamor à leitura
ao estilo e linguagem chinfrins , à inautenticidade dos pensamentos e idéias, a
falta de habilidade em descrever as ideologias e interesses, ficam sempre sem
sal – que nada haja debaixo do sol, verdade inconteste e milenar, entende-se e
compreende-se, mas isto não é fronteira, limite para não desejar in-ov-ações e
re-(n)-ov-ações , criatividades e sonhos, enfim a arte é um des-afio perene,
eterno, imortal. Também o desamor à leitura justifica-se pelo ruim aspecto dos
livros, a forma desigual das edições, do mau gosto em suma.
Quem sabe, leitor, você, quem entrara nesta leitura, ficando com efeito
deslumbrado com as novidades que apresento nas linhas e entrelinhas, pela
perfeição com que desejei delinear o misterioso e inaudito das esperanças e fé,
pela riqueza do conhecimento, profundidades dos sonhos, pela beleza da forma,
apesar de não esperasse atingir este nível, despertado se haja para se
interesse pela leitura e a espiritualidade que dela advém.
A própria terra vive, os homens existem, infelizes ou não, angustiados
ou esperançosos. Tenho o dom , invenção, tenho o talento da criatividade da
composição, da descrição e da vida, que coroa tudo, desde a simples letra ás
palavras consumadas.
A miragem, o oásis que se me apresentam no deserto dos mistérios e das
coisas inexplicáveis, que dá o título a esta escritura inaudita, é a visão
ilusória, quimérica, fantasiosa, relativamente vivida, experienciada, ao futuro
desejado e sonhado por mim, e o desmentido que o tempo me traz como ao que anda
no deserto.
Termino, dizendo que nada esclareci sobre entrar no inferno e perder as
esperanças todas, entrar no céu e conservá-las a todas, mas a íntima verdade, e
da dela não poderia escapar ou fugir, mesmo que a língua, linguagem e estilo,
tudo esclarecesse, tudo des-vendasse, é própria delas multiplicarem as dúvidas
e os limites, era nada res-ponder, apenas classificar e id-“ent”-ificar a eternidade do verso re-verso do in-verso.
Felizmente, nas noites curvelanas já se anuncia o in-verno, a única
estação do ano em que me presente e forte, a presença do espírito voltado para
a sublimidade.
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