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terça-feira, 24 de novembro de 2015

CORCOVADO DE ESPERANÇAS - V PARTE - NA ESPÍRITUALIDADE DO SER - MANOEL FERREIRA NETO



É o amor, divinamente espiritual, espiritualmente divino, que ilumina a face do outro, torna-a sagrada e sublime, eterna e nuclear; é o amor que brilha as realizações dos sonhos, utopias; é o amor que ilumina as sendas do porvir e real-iza as perdidas, as do passado distante ou próximo.  São Paulo nos lembra que, mesmo se falássemos todas as línguas do mundo, sem “amor” nada seríamos. É o amor por uma mulher, com respeito, carinho, ternura, consideração, amizade, lealdade e fidelidade, que real-iza a vida, torna-a sonhos e esperanças, ilumina os caminhos do campo, torna-os veredas do ser, da espiritualidade, evangelizamo-nos, espiritualizamo-nos. É o amor pelos homens, com compreensão, entendimento, solidariedade e compaixão, que re-vela a terceira margem do infinito, torna-a utopias e fé, delineia e burila os sentimentos e emoções, abre as portas e janelas para o Ser se mostrar, para a Vida se manifestar em sua essência, espírito, para o “eu” se imortalizar a partir de suas doações e entregas ao outro, para se fundir ao “tu” e totalizar o íntimo dos homens e da humanidade.  
O amor, por essência e ao primeiro movimento, é impelido para a saúde, para a força, para a beleza, para a mocidade que é sua expressão, porque a vontade deseja, antes de tudo, criar entes capazes de viver com o caráter integral da espécie humana; o amor vulgar não vai mais longe. O amor forte só pode existir na perfeita conformidade de dois entes...
Sentir a vida é sentir o amor no íntimo, o espírito nas situações e circunstâncias, nos problemas e conflitos, que, aliás, são o eidos, a semente, as raízes das conquistas e encontros; a vida é inerente ao amor, vice-versa; o amor de Deus pelos homens é que nos tornou homens, tornou-nos Vida, o amor dos homens por Deus é que tornou possível a busca da Redenção, Ressurreição, do Paraíso Celestial. Viver é amar – a origem da vida é o amor; a origem do amor é a vida.
Utilizo as forças doadas pelo tempo, nas suas dimensões de instantes e momentos, de situações e circunstâncias, como se fosse minha própria alternativa de ser vivo, e consigo, num simples frêmito, concentrar na presença de algum objeto que invade a cortes e perceptível viagem por um mundo que começo de descobrir, e este pedaço de espaço desenvolve minha imaginação, às vezes frívola, às vezes imbecil, às vezes ridícula, e antevejo como embolo as conseqüências de ser apenas um homem largado nas margens de alguma i9maginação que talvez se torne supérflua ao ser como à vida.
Fosse eu apenas metáfora, nas minhas escrituras, para dizer o indizível, expressar o inexpressável, pensar o transcendente, sentir o espírito da vida, não amasse espiritualmente, não fosse amado, não amasse as letras, seriam escrituras insubsistentes. Melhor o silêncio absoluto, a mudez sem precedentes, sem qualquer dimensão transcendente ou metafísica. Melhores o vazio, o nada concreto, sem quaisquer características de liberdade.
O céu azul com nuvens brancas – o mesmo da minha infância, adolescência, juventude, maturidade. Eterna verdade vazia e perfeita – metáfora das Palavras de Deus, metáfora da Vida, metáfora da Espiritualidade do Ser, todas as outras verdades quando não são efêmeras, e são mesmo, são apenas visões, opiniões, quando também são fugas, justificativas, explicações disto ou daquilo, a fim de não estarmos frente a frente com quem somos, o que somos.
O sol está a ponto de encobrir todo este vasto império. Por mais que seja a cobertura de nossa moradia, mesmo assim a brisa com uma desarmônica melodia deixa todos parados e refletidos como se fossem um algo que aparecesse de repente no firmamento ardente do dia. Padeço com o tempo por aquilo que me envolve. Minhas forças caem ao chão como se fossem termômetros enfraquecidos. Minha mente sufocada e esquecida pela imaginação ardente com superfluidade, cedendo-me a cada segundo como se morre um homem. 
O céu azul, nuvens brancas são pequenas verdades onde o céu se reflete? O infinito, horizonte são verdades onde os nossos olhos e espírito, nossa alma e desejos, buscam a seiva, húmus de nossa vida?
Não me peguem no braço a fim de mostrar-me os caminhos que devo seguir, os princípios que devo acatar e respeitar, os valores que devo construir e assumir, a moral e ética que devo de-monstrar, a vida que devo viver e honrar por todos os dias e décadas de minha existência. Não gosto que me peguem no braço, nasci rebelde, inconformado, revoltado, inquieto e perquiridor; nasci ousado, corajoso, polêmico e contestador; nasci cínico, irônico e sarcástico, nasci contingência e transcendência, poeta e escritor.  Disse-o Machado de Assis e eu endosso com todas as letras: “A hipocrisia não tem um leito de flores no regaço de minha alma”. Nasci sozinho, e sozinho sigo a minha jornada, feita por mim. Sou homem sozinho. Por que os esgares de insatisfação, de censura, sou indivíduo arrogante, pernóstico, orgulhoso, ando de “saltinho  alto” – quem inda não percebeu isto está sujeito aos equívocos mais substanciais, além de meus ascos sem similares nos séculos e milênios. Vão para o inferno sem mim, ou deixem-me ir sozinho para o inferno! Enfim, sou eu quem estará lá eternamente sob os efeitos das chamas do fogo, purgando minhas insolências, pecados, erros e enganos, insensibilidade gratuita e arbitrária, a minha natureza e condição. Quem iria desejar ocupar o lugar para mim? Todos querem o Paraíso Celestial. Também eu o desejo, mas que seja encontrado com o labor de minhas mãos e a sensibilidade de meu espírito. 
Aconteceu-me, não sabendo dizer se do alto do infinito, se do lado de cá das arribas, se do lado de lá das porteiras sem mundo, a vida, esta vida de amor e entrega, senti-me homem, senti-me alma, senti-me espírito, senti a humanidade na minha alma, desejo de escrever mensagens que trans-formem os homens, vivam a felicidade a que foram vocacionados desde toda a eternidade.
A nossa vida é toda a vida... O nosso amor é a seiva do amor, húmus dos sonhos e esperanças. Vivemos horas e instantes de pura fantasia, quimera, momentos de idílios, gestos, atitudes, palavras e ações que re-fletem amor e ternura. Vivemos minutos e momentos de plena tragédia, dores e sofrimentos, angústias e desolações, desesperanças e desesperos, mas tudo isso é interessante no frigir dos ovos que iluminam as buscas e os desejos.
Nas prefundas de meu espírito, onde sonhei o que sonho, onde sonho o que sonhei, nas veredas derradeiras de minha alma, onde con-templo, vislumbro, memoro sem causa, vivo sem rumo e destino (o passado é uma imagem de esplendor e verbos, o presente, de verbos e utopias, natural para lágrimas de alegria e felicidade, satisfação e contentamento, para risos, sorrisos, gargalhadas de prazeres imbuídos de cinismos, ironias e sarcasmos). Nas estradas, atalhos, veredas do sertão longínquo, onde supus o meu ser, onde vivi a contingência, quotidianidade, onde busco os valores e virtudes, princípios e estilos, linguagem e forma de ser, fogem desfeitos, últimos resquícios da ilusão final, “restícios” de feto e flor.
Idílicas, mansas manhãs de inverno, chuva, primavera derramam rios de ternura, de águas poéticas, no pensamento, idéias, no pulsar do coração. Quiméricas, ternas e suaves noites de frio, de solidão, silêncios refletem sentimentos e emoções inúmeros nas imagens sensíveis que se formam no espelho da vida e do amor. Ao nascer do sol, quando puxo a cortina da alcova, con-templo e vislumbro, emoções, sensações e sentimentos se comungam na alma, e o peito arfa de sonhos de novos instantes em que a vida seja a vida, siga o itinerário de todos os horizontes e uni-versos. Ao itinerário do sol fico atento: seus raios algo “estranhos”, “inusitados”, “excêntricos” me derramam miríades de luz que são sementes de sonhos; talvez seja o ardor dos que se amam, seja o êxtase dos que desejam ser a “casa do espírito”, seja o clímax dos uni-versos da alma desejando o sublime e o eterno, desensolarando o mínimo momento, “des-enraiando” a totalidade do efêmero.  Ao pôr do sol, quando as trevas se a-nunciam lívidas e transparentes, quando fecho a cortina da alcova, olho e observo, miríades de sonhos e utopias à espera da aurora, do sono profundo que as reunirá, para no outro dia buscar senti-las e real-izá-las em absoluto, e na continuidade da vida o Ser se manifestando, sendo.  
Amor é ação da consciência em si, atitude dos sentimentos em busca do espírito, ser florindo o trigo a fruta em cor, semear as esperanças em versos de imagens puras, regar a fé em sonetos de verdades por virem, re-velando a sagrada face dos desejos em êxtases, em terras, nuvens e estrelas de estrofes em luz, velando o sono, a vigília dos seres. Perdi-me mil vezes nestas andanças, dores que adubei, angústias que reguei, tristezas que colhi, desesperanças que re-colhi, tive de senti-las, sofrê-las, tive de colhê-las, o peito dilacerado, alma aos frangalhos. Difícil fora re-tornar à superfície, após mergulho tão profundo, foram-me necessários o tempo, as conquistas, esperanças, fé, e até hoje não acredito que esteja na superfície, é apenas uma imagem, símbolo, signo, arquétipo, em verdade, o meu ser-é-para-o-profundo, o meu ser-é-para-o-ser, para o mergulho mais que profundo em busca de quem sou, de meu espírito - quem sabe de minha divinidade mesma? 
Com íntimo e profundo esforço, luta, perseverança, esperanças, trabalho; tentei fazer surgir das ruínas de um período de minha vida novo “mundo luminoso”, e vivi novamente entregue ao só desejo de destroçar em mim a obscuridade, ensimesmamento, o mal, e permanecer em plena luz, de joelhos diante de meus deuses. Ao longo dos anos, os deuses foram morrendo, desaparecendo, efemerizando-se, era mister encontrar-me no silêncio de mim, na solidão de meu ser. Esse novo “mundo luminoso” era, além do mais, de minha própria criação, re-criação, quimeras e fantasias; não uma fuga em direção ao refúgio materno, em busca do cordão umbilical, à segurança irresponsável, mas uma servidão instituída por mim e a que eu próprio me impunha, cheio de responsabilidade e disciplina. Não devia subsistir nada que fosse repulsivo ou sombrio, nada que fosse intragável e nublado: as noites atormentadas, as palpitações diante de imagens obscenas, o espreitar de portas proibidas, a concupiscência. A parte de minha vida, que tive de arrancar às potências sombrias, ofereci-a em sacrifício aos poderes luminosos. Meu fim não era o prazer, mas a pureza, não era a alegria, mas o sublime, não era o clímax, mas o divino. Não a felicidade, mas a espiritualidade e a beleza.
O sol que ilumina a terra, a lua de mil encantos, o ar fresco e leve da serra mais as aves com seus cantos. Os vales com seus mistérios, o mundo com seus sofrimentos, os povos com seus impérios. Tudo é belo e tudo é fútil e por isso a nossa vida não pode ser coisa fútil nem deixar de ser vivida.
Lágrimas que a linguagem fez um rio, o estilo fez as duas margens, sonhou a terceira, a forma fez as límpidas águas, correndo lentas e tranqüilas. Íngreme elegia que compus, em palavras de versos prosaicos, em prosa de palavras versificadas, surda culpa muda agora expio, silencioso pecado congênito agora vislumbro. O sonho rejuvenesce a vida a que dá calor, o coração se enternece se o sonho é sonho de amor. Nestes versos prosaicos, nesta prosa poética, ponho a tristeza que me invade, a alegria que me exulta, a felicidade que me preenche os espaços vazios da alma, por ter tido um lindo sonho tão distante da realidade, e que jamais deixei de me entregar em busca de seu encontro verdadeiro. 
Do turbilhão dos turvos pensamentos retirei os que se fizeram em luz, os que se fizeram em raios de sol, os que se fizeram em caminhos de esperança e fé, os que se fizeram em Estrela Vésper, em Estrela Polar, e amei, amo, meus melhores momentos de desejos efusivos de entrega e encontro de vontades ardentes de comunhão – sermos único em nosso amor.
Se concedo um lugar importante à criatividade e ao poder de invenção do sujeito no devir histórico, é porque sublinho com força a preeminência da totalidade sobre as análises setoriais ou parciais.
Ao longe, as serras e montanhas, ao fundo, o deserto como miragem, milagre, para me reencontrar, inda mais profundamente, como o desejo da necessidade de ser consciente e, enfim, como necessidade do sublime, da verdade, e esta outra dimensão não sendo senão o homem quem decide sua identidade, devir histórico.
As pessoas, o mundo uno, o céu – sentir infinito... Algum raio re-flete de longe, penetra na imensidão do corpo envolto sob prisma que espalha fontes coloridas de fé... de fantasia. Um corpo seduzido por deuses, por crença – folclore.
Como poderia escapar da continuidade pela compaixão que se ergue sobre o fundamento da condição arbitrária, das mãos vazias por nada haverem doado, dos tristes olhares que vêem fumaças a esvaecer-se em anéis de luzes que sub-iluminam as trevas das correntes-algemas? Pela definição de atitudes e ações que não contribuíram no processo da busca, sonho, mãos que não defenderam a fé, esperança, utopia, dos olhos perdidos a contemplarem as nuvens que, antes, precedendo, a imagem do eterno e do devir dedos desfigurou? Pelo sonho de utopia e compromisso que desalgemaram as mãos fáceis e rápidas de gestos obscenos e indecorosos?
Enfio a mão esquerda no bolso da calça esporte, retirando o maço de cigarros que se encontra dentro. Acendo um, com os olhos fechados, o primeiro trago, longo e preciso, o abrir deles, a fumaça, sendo expelida, esvaece-se. Nada mais posso questionar senão o que há para se ver no quarto solitário, a magia das letras sendo registradas e outras tantas a esperarem o instante de serem delineadas, impressas no vazio do papel branco. Nada há a ser visto no deserto. Nada há a ser observado no vazio, no vácuo do tempo e dos séculos. Pela primeira vez assimilar o nada.
Amor é comprometer-se em árvore, ser pleno de dádiva em lá, graça em ré; se a distância não distingue a dor, se o infinito não discerne a angústia, se o universo não define os medos, se a eternidade não esclarece o mistério, enigma da vida, se os horizontes não esclarecem as dúvidas e relutâncias, meço a palavra-flor nascendo em mim, a palavra-feto renascendo no íntimo, interstício, âmago de outros sonhos figurados em realidades.
Quem sabe devesse adiar estas reflexões, meditações, para após a chuva que insiste em cair, lenta e suave, não sabendo quando cessará, mesmo por algum tempo, embaciando o vidro da janela; às vezes, ouso escrever com o indicador da mão direita a palavra “esperança” nele, e, passados alguns instantes, já nada resta das letras que delinearam a dimensão divina do espírito, da contingência, da transcendência!... O que dentro trago em mim, ostentando-se ao sol, à chuva, ao nublamento, ao frio, as suas letras, às vezes balançando ao toque de ventos: ESPERANÇA...
Ver o nada com os olhos bem abertos. Uma gota dágua, um olhar perdido e disperso bastaram para me estrangular a sede, sede de nada, de vazio, de deserto. Para me enforcar a fome, fome da totalidade, do absoluto, fome do ser e do pleno.
Minhas palavras, verbos não são modernos, não são clássicos ou realistas, românticos ou simbolistas, são, contudo, simples e ternos, como o querer da criança. Falam de vida e do amor em todo o seu esplendor, em toda a sua pujança. Não têm artifício algum, nem guardam qualquer resquício de orgulho ou de pretensão. Mostram apenas a vida e, em linguagem erudita, clássica, prolixa, comovida, descrevem o coração. Sempre há de ser a beleza, que impera na natureza, una, real, soberana. Retratá-la sem verdade será imensa crueldade de quem seu culto profana. 
Quem sabe?!... Nem eu o sei, e isto mostra que o fundamental é estar dando continuidade aos pés que trilham as capistranas, as ruas de pedras separadas, de apenas terra, e que isto irá levar-me a algum lugar do mundo onde têm raízes as luzes de proscênio, cujos raios são os sonhos que alimento e afago. 
Se soubesse eu!... Sigo, passo a passo, desejando que os milhões de tagarelas tenham algo a sentir dos pingos de chuva que deslizaram solenes no espelho do tempo..., a refletir as luzes que iluminaram os caminhos de trevas.
História!... História!... Quão distante nos encontramos nós, e outro sonho não existe senão que caminhemos, “passo a passo cada passo sendo um milagre”, juntos, de mãos dadas!... Quem sabe haja, nalgum recanto do deserto, todos os silêncios em que nos reencontramos a imagem da transparência clara da luz; sigamos o rio de águas límpidas, sem margens, sem pressa, e isto nos deixará boquiabertos diante das luzes de proscênio que iluminam as idéias e sonhos em direção ao horizonte de todas as verdades e controvérsias; e isto, História, é o que todos desejamos ao invés de está-la vendo sendo escrita por mãos vazias por nada terem ou por nada haver que se possa doar, por mãos repletas de farsas e falsidades, como desde o início nos têm sido mostrado, identificada através de correntes, de algemas... Correntes e algemas fundamentaram a farsa, falsidade de todos os homens, em suas relações íntimas e sociais por medo da chibata e da morte precoce, de se refletirem no espelho.
Mergulho em meditação como num sono profundo. Ouço com surpresa, então, o que ele me diz do mundo, da vida, dos sonhos e desejos, quimeras e fantasias, utopias e vontades de Ser. Fico atento à voz estranha que empolga todo o meu ser. Neste ambiente que vivo, trajando rica roupagem, não sou mais do que um cativo, da ventura uma miragem.
História... História... Sinto-me acorrentado em uma imensa existência amorfa e gratuita que me traspassa inteiro com sua gratuidade, causando-me desesperança, medo, insegurança, deixando-me decepcionado, frustrado. Sinto-me algemado a palavras que nada mais me dizem, querem-me escravo, servidor, vassalo, alguém quem ajoelha, pede perdão, e se justifica de seus delitos e culpas, derramando lágrimas fáceis. Bem, isto é figura de retórica, pois que me esqueceu quanto tempo já não derramo única lágrima, embora a dor e sofrimento das decepções que acumulei n´alma, no coração, espírito.
O que mais posso dizer senão isto o que venho sentindo, não me lembra aquando o seu início, e o abaixar os olhos justamente para o movimento das pernas a desenvolverem os passos? Ficaram-me as imagens e traços na memória, e assim componho, crio o rosto do desencontro e das trevas, à busca das luzes de proscênio.
Queria escrever, registrar, imprimir nesta lauda, escrever algo que pudesse ser uma Realidade genuína, suave e terna, tranqüila e simples. Ser sentida; levada por uma brisa que sufoca sobre um teto colorido e cheio de esperanças, quimeras, fantasias, idílios; esperanças de um mundo concreto, de uma vida real, persiste, e que talvez nele encontre a Paz perdida, vagando no ar que respiramos, na imensidão do medo que nos domina, nas coisas abstratas e transcendentes que descobrimos como uma chama que nasce... Continuo escrevendo para um mundo distante de sermos nós, mas amplo de nossos pensamentos, mitos e história.
Falta-me o cigarro. O cinzeiro está cheio de “bitucas”. Posso improvisar um cigarro feito com o fumo delas. Sem cigarro, sempre acreditei nada poder pensar, escrever, sentir, o que, sem dúvida, é algo psíquico, nada de real. Mas é que amo assistir as palavras se diluírem na fumaça, até o momento derradeiro, quando encontrar o fundamento da LIBERDADE.     


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