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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CULTURA - (Por Geraldo Magela de Abreu, direto da redação)


“... Jamais farei parte de academias.”

Manoel Ferreira,  também chamado de “embaixador da cultura curvelana”[1], minha satisfação é grande em recebê-lo na redação do E agora? para uma conversa, um bate papo, acerca de sua literatura. Você exerceu e exerce na comunidade regional alguns papéis importantes, quer seja na qualidade de professor, colunista em jornais, tradutor, escritor, intelectual... seja bem vindo portanto!
Quero agradecer a este tablóide E agora? o título de “embaixador da cultura curvelana” que acabo de receber. Para mim, é com orgulho e satisfação que o recebo, aliás uma das conquistas mais importantes por minha contribuição à cultura curvelana como escritor, intelectual.
E agora? - Dentro disso, qual desses papéis o definiria melhor?
M.F. – O papel que me definiria melhor é “escritor”, visto a minha vida estar intimamente ligada às letras, escrevendo minhas obras, críticas literárias, ensaios, teses, romances, novelas, monografias e dissertações.
E agora – Além de Espírito Subterrâneo que acaba de ser concluído com sucesso e será publicado oficialmente num futuro próximo, quais são os outros componentes de sua obra e de que falam. 
M.F. – Espírito Subterrâneo é um ensaio literário-filosófico-teológico em Dostoiévski, é um trabalho dos mais complexos que já escrevi, em cujas páginas analiso toda a obra do escritor russo Dostoiévski, nascido em 1821, falecido em 1881. Publicadas, tenho três obras: Cont.Ando, coletânea de contos, a novela Ópera do silêncio, uma dissertação em filosofia sobre o filósofo francês Jean-Paul Sartre. Toda a obra reflete a dialética existencial da consciência, a busca da estética, da beleza. Claro, a obra é literária-filosófica. Não vejo a literatura separada da filosofia, e na minha carreira sempre busquei a comunhão de ambas.
E agora? - Uma vez lançados, qual foi a repercussão e aceitação destas obras na comunidade literária regional?
M.F. – A obra que mais repercutiu em Curvelo foi Ópera do silêncio, que me deu condições de alçar vôos maiores, de conquistar várias coisas na minha vida. Curvelo recebeu com euforia esta obra.
E agora? – Fruto de trabalho árduo, Espírito Subterrâneo foi confeccionado durante oito anos, seria ela a sua grande obra?
M.F.L – O ensaio Espírito Subterrâneo é sobremodo complexo por se tratar de uma interpretação, análise do pensamento de Dostoiévski, toda a influência literária-filosófica, autores e filósofos franceses, ingleses, russos, alemães, uma comparação desta trajetória com a filosofia estética e ética. Faço paralelo da obra de Lúcio Cardoso com Dostoiévski, também Rubens Bittencourt, Antônio Nilzo Duarte. Posso dizer tratar-se de um trabalho que exige conhecimentos a priori de filosofia e crítica literária, para a sua compreensão e entendimento.

E agora? – Inspirado em Dostoievski, do que trata Espírito Subterrâneo?
M.F. – Trata-se de uma tese a respeito da dialética-movente na obra de Dostoiévski, a busca da redenção e ressurreição a partir da vida mesma, da entrega a um ideal, projeto. Busco comungar inúmeras dimensões filosóficas e literárias, em busca da estética em toda a obra. Obviamente o espaço da entrevista é demasiado exíguo para uma explicação lúcida da obra, seria uma palestra para expor a sua complexidade.
E agora – E qual seria a influência de Dostoiévski no mundo contemporâneo? Quantas páginas têm o livro? Quando estará à venda.
M.F.L. - Dostoiévski influenciou inúmeros escritores em toda a história da cultura mundial desde o século XIX. Influenciou Lúcio Cardoso, escritor curvelano, um dos primeiros dostoievskianos brasileiros, inclusive tendo recebido o título de “Dostoiévski brasileiro” pela crítica mundial. Lúcio Cardoso não escreveu sobre Dostoievski, é nesse sentido que a obra tem uma importância muito grande na cultura curvelana porque irá contribuir para a compreensão e entendimento da obra de Lúcio Cardoso. Só conheço um escritor curvelano que tem condições de analisar Lúcio Cardoso: Dr. Paulo César Carneiro Lopes. E por quê? Porque não conhecem Dostoiévski. Em termos de páginas em livro, serão mais ou menos oitocentas e trinta páginas.
E agora? – Depois de escrevê-lo vem a parte creio mais difícil, a quem ele é dedicado e por quê?
M. F.  - É dedicado a alguns amigos pessoais, Antônio Nilzo Duarte, Eliete Duarte, Ângelo Antônio, Sérgio, (...), à minha saudosa irmã Maura Ferreira da Silva, falecida em 2005. A dedicatória mais importante é á minha doce-companheira-e-esposa Marize Lemos Silva, quem me deu a segurança necessária para criar a minha vida e a minha obra. A obra em si é dedicada à cultura, aos estudantes de literatura, de filosofia, aos leigos, muito embora a exigência de conhecimentos aprofundados em literatura, filosofia e teologia.
E agora? – Sei que você é genuinamente ligado à cultura... o seu gosto apurado pela leitura e escrita vem de longa data? Como tudo começou e você se viu escritor? Trata-se de vocação ou técnica?
M.F.L. – Tudo começou na infância, aos quatro anos e dois meses quando li O alienista de Machado de Assis, a primeira obra que ganhei de presente de Dinha e tias. Desde então o desejo sempre fora ser escritor, mas para isso tive de me entregar à busca de conhecimentos profundos, de um mergulho na minha vida mesma. Trata-se de vocação, a técnica surgiu no tempo.
E agora? – É sabido de todos que a grande maioria dos intelectuais sonham em participar/integrar-se nos grêmios e academias, e desta feita, alcançar a imortalidade. Manoel Ferreira Lemos, você faz parte de alguma academia ou algo similar? Qual é a sua visão sobre estas instituições literárias na vida nacional e regional.
M.F. – Não faço parte de academias, sou um escritor livre. Academias de letras são importantes na história cultural e artística de um povo, mas o que refuto é como as academias são compostas, por pessoas completamente estranhas à cultura, não são escritores, não contribuem com a arte, são os “oportunistas da imortalidade”. Isso refuto mesmo e sou crítico incisivo dessa atitude de não com as nossas artes, além de uma falta de respeito ao escritor que representa, a cadeira em que está assentado. Jamais farei parte de academias.
E agora? – Fico feliz com seu pronto atendimento ao meu convite, colocando o E agora? à sua disposição, ocasião em que aproveito para manifestar meu contentamento de tê-lo como nosso colunista permanente.
M.F.– Gostaria de agradecer aos amigos íntimos, companheiros de estrada, leitores, todos que de modo ou outro contribuíram com a minha carreira, e ao jornal E agora? por seu reconhecimento, e agora por este título de “embaixador da cultura curvelana” a que farei jus com mais trabalho, com mais obras em nome da cultura curvelana, em nome dos homens e da humanidade.



[1] Título dado pelo tablóide E agora? Intimamente assim me considero, pois que a minha obra tem por objetivo a busca incessante de contribuir para o engrandecimento da cultura e artes curvelanas, não porque tenha sido dito pelo tablóide; caso contrário, não republicaria de modo algum.

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