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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

*DOS DONS ARTÍSTICOS, AS RAÍZES Manoel Ferreira Neto.


Meu Deus, o que é isto – a felicidade?!... Ontem, 05 de junho, faltando um para o 1º Aniversário deste RAZÃO IN-VERSA, senti o que é ela, senti-a forte e presente, recebendo de um dos meus melhores e maiores amigos diamantinenses, companheiro de estrada das letras, crítica sobre este Suplemento, adquiriu faz uma semana a 16º edição. Em verdade, deixou-a no consultório da poetisa e dentista Marize Lemos Silva para me ser entregue. Recebi-a por volta das três horas da tarde. Saí do consultório, lendo-a. Confesso que me sentei no meio-fio da calçada e deixei lágrimas rolarem na face tais foram as emoções, sentimentos que me perpassaram por inteiro, em conseqüência. Não apenas aquela chatice de crítica acadêmica, destituída de palavras sensíveis, des-provida de experiências espirituais, ao contrário eivada de sentimentos puros, sinceros, verdadeiros, emoções sentidas nos interstícios da alma e espírito, como somente o poeta-músico poderia fazê-lo, de-monstrando mesmo apreciação pela sua leitura, alegria por lhe haver proporcionado momentos outros na vida, sensibilidade, espírito, por haver sentido, vislumbrado e contemplado outros horizontes e uni-versos: “Na vida, há coisas diante das quais é necessário se calar. Outras, porém, impingem uma manifestação qualquer que seja, pois, por sua relevância, incitam alguma modificação de espírito”.
Li, reli um sem-número de vezes, e a cada leitura mais emoções, sentimentos, esqueceu-me ser cardíaco, não podendo dar-me ao luxo de emocionar-me, sentir-me no Paraíso Celestial. Uma coisa é a minha doce-companheira-e-senhora haver-me também dedicado palavras tão carinhosas, ternas, amorosas, quando me entregou crítica para ser publicada na 17º edição, tornando-se o Editorial, que res-pondi conforme o que me perpassava o espírito e a alma. Outra coisa é receber crítica de amigo, músico e poeta, graduado em Letras e Direito, que, sem dúvida, não iria deixar de relevar os deslizes, ser diplomata, dizendo haver apreciado não sendo verdade. O termo “crítica”, na concepção popular, significa, ou denegrir a imagem, mostrar aspectos negativos, ou rasgar sedas, com direitos às ufanias. Isto não é ser crítico, isto não é crítica. Criticar é analisar, interpretar, re-velar as entrelinhas, suas idéias, sua profundidade poética, filosófica, teológica.
Ser crítico também não é ser didático, acadêmico – aliás, expresso com categoria, quando se refere à obra de Paulo César Lopes, ser de cunho didático; o escritor de Sonho do Verbo Amar, linguagem e estilo poético, literário, deu lugar ao acadêmico, o que é de se lastimar -, ser crítico é mergulhar na espiritualidade, habitar o espírito da obra.
 Artista mesmo não escreve à luz de conhecimentos profundos de crítica literária, filosofia, teorias da estética, beleza, belo, teologia, teorias do espírito. Artista mesmo escreve à luz de inspirações, intuições, percepções, à luz de experiências vivenciárias, vivenciais. Jamais penso, reflito sobre o que estou escrevendo; sento-me e escrevo. Neste sentido, embora todos os conhecimentos literários, filosóficos, teológicos, pouco sei sobre a minha escritura. A poetisa Marize Lemos Silva acha interessantíssimo, quando digo que para res-ponder a questionamentos e indagações sobre a minha obra, é preciso que leia, releia, estude.  Numa con-versa entre mim e o poeta Advaldo Cardoso Filho, disse-me, amei ouvir suas palavras, quem começa a analisar a própria obra é pedantismo. Deixou de acrescentar “pedantismo dos bravos”. Tenho sérias dificuldades de me expressar, falta-me tudo desde as palavras às idéias. Na juventude, dos trinta aos quarenta e cinco anos, desejava ler de algum crítico, especialista em teoria literária, teoria do conhecimento, análises e interpretações, conhecendo assim o que há de por trás dos escritos, nas entrelinhas, conhecer através dele o que é a minha arte. Depois de meu casamento com a poetisa Marize Lemos Silva, deixei isto de lado, importava-me que escrevesse. Sinto-me inda carente destes conhecimentos; com efeito, esta sabedoria iria ajudar-me a aprofundar ainda mais na linguagem e estilo. Por ocasião do 1º Editorial de RAZÃO IN-VERSA, lançamento, dissera que não esperava que outro curvelano, senão o amigo Marcos Antônio que já o havia feito, fosse escrever a respeito de minha obra, e só daria crédito às análises feitas por Paulo César Lopes. Sim, reafirmo isso. Contudo, com a leitura desta crítica do amigo, músico e poeta, digo com toda a prepotência e categoria: declaro ser Advaldo Cardoso Filho o meu crítico oficial, mesmo que haja outros. O escritor russo Dostoiévski nos últimos anos de vida reconheceu filósofo russo, de cujo nome me esqueceu, o seu crítico oficial. Também declaro minha doce-companheira-e-senhora minha crítica oficial. Estou falando de sensibilidade, espiritualidade, intuição, inspiração, percepção. Interessante, são ambos diamantinenses. Não acredito nos curvelanos neste sentido, quando não desembocam nos elogios sem limites e fronteiras, desembocam nos didatismos e academicismos, ufanismos, apologias, em vida o “diabo”, na morte “santo”, “deus”.
Jamais pensei, poderia imaginar, que RAZÃO IN-VERSA está ‘invertendo a lógica e subvertendo a ordem (ou, invertendo a ordem e subvertendo a lógica)!” de um suplemento, embora saiba, tenha conhecimentos de que “suplementos literários sempre se portaram com base crítico-analítica da literatura produzida em seu tempo, bem como de resgate de obras outras já consagradas. Isso quer dizer que, a despeito de uma publicação de literatura crítica, não é publicação de literatura propriamente dita. O trabalho do Suplemento é acrescentar e dar suporte crítico ao leitor interessado no aprofundamento da obra literária”. Aliás, na 17º edição, haja explicado que me afligia isto de ainda não haver id-“ent”-ificado a idéia de RAZÃO IN-VERSA, não havia definido e conceituado suas raízes e sementes, urgia que o fizesse, antes que “espíritos-de-porco”, com intenções espúrias, desvirtuassem seus princípios. A felicidade de ler as palavras da poetisa Marize Lemos Silva “Razão In-versa começa no inverso para atingir o verso verdadeiro” fora grande, senti-me tranqüilo, real-izado, que, aliás, começo de explorar isto nalguns textos; tornei suas palavras a epígrafe deste Suplemento. Reunindo as análises e interpretações de ambos: “Razão In-versa começa no inverso para atingir o verso verdadeiro, invertendo a ordem (ou, invertendo a ordem e subvertendo a lógica”. Assim, toda a profundidade da obra está re-velada. Assim, o leitor poderá mergulhar profundo, habitar-lhe o espírito, revelar-lhe, encontrar-se espiritualmente através dela.
Quanto a isso de RAZÃO IN-VERSA fazer Literatura por si próprio já o sabia, enfim a minha obra está sendo publicada nele, não faço apenas críticas de obras de meus companheiros de estrada, de autores já renomados e universais, por exemplo, Lúcio Cardoso, Guimarães Rosa, Nietzsche, Dostoiévski..., publico as obras dos poetas curvelanos, cordisburguenses, diamantinenses, modo que encontrei, aliás, objetivo e pro-jeto de RAZÃO IN-VERSA, divulgar os valores inéditos, já que não têm quaisquer apoios das editoras de nossa modernidade.  A intenção fora de conciliar a crítica literária e a literatura propriamente dita. Aliás, a divisão da palavra “inversa” através do hífen, fora para enfatizar que a poesia habita a razão, está dentro dela, utilizando do sentido da preposição inglesa “in”, que significa dentro, no interior. Nunca pensei que a poesia habitar a razão fosse in-verter a ordem, ou, in-verter a ordem e sub-verter a lógica do Suplemento.
À guisa de curiosidade: desde a infância, sempre tive o hábito de dizer uma coisa e, ao mesmo tempo, in-verter, dizer o contrário, o que deixava minha família irritada comigo, dizendo: “filho, pare com isso de dizer as coisas e depois contrariar o que foi dito”. A poetisa Marize Lemos Silva também se irrita comigo, quando faço isto. Por exemplo: “você é uma mulher maravilhosa, linda, lindíssima, humana, sensível, espiritualista, muito boazinha comigo; só falta deixar de brigar, xingar-me a toda hora sem razão alguma”. Diz: “você tem o dom de atrapalhar as coisas. Centre-se apenas no lado positivo das coisas. Assim, você acaba com qualquer clima”.   
Esta res-posta à crítica do amigo, músico e poeta, Edvaldo Cardoso Filho, está sendo escrita exatamente no dia 06 de junho, quando comemoro o 1º Aniversário de Razão In-versa, sentindo-me sobremodo feliz, alegre, contente, real-izado. Um ano de muita luta, esforços, perseveranças, preocupações, desejos e vontades de a cada edição transcender-me, superar-me.
Em verdade, ser reconhecido por Marize Lemos Silva, Advaldo Cardoso Filho, por minha equipe, por amigos e íntimos, creio ser normal, nada de inusitado, excêntrico, mas estar sendo reconhecido pelos meus leitores curvelanos, por curvelanos, só me deixa orgulhoso, lisonjeado, andando de saltinho alto, pois Curvelo não bate palmas para ninguém, não sabe reconhecer seus valores, chega a não dar a mínima para a cultura e as artes. Então, quando se diz respeito a mim, há muitas pessoas que querem ver o tinhoso, mas não querem me ver, querem-me ver pelas costas, odeiam minha cara; sou homem direto com o que penso e sinto, não mudo de camisa para destilar os ácidos críticos na cara.  Que ironia do destino: discriminado em todos os âmbitos e níveis desde tempos imemoriais, e hoje sou um dos poucos que fazem a cultura curvelana.
Dizem, e é verdade, que a obra de arte mesma supera o seu autor, transcende sua vida, seus conflitos, dores, problemas existenciais. Com esta crítica do amigo, músico e poeta, Advaldo Cardoso Filho, confesso, sinto que me torno homem quem serve a RAZÃO IN-VERSA. RAZÃO IN-VERSA trans-cendeu-me, superou-me, o que, em verdade, deixa-me ainda mais lisonjeado e orgulhoso, meus sonhos de escritor e artista estão sendo realizados com propriedade.
Terminando, quero, cordial e espiritualmente, agradecer a Advaldo Cardoso Filho sua crítica tão terna, amiga, sincera, verdadeira.    
    











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