Meu Deus, o que é isto – a felicidade?!... Ontem, 05 de junho, faltando
um para o 1º Aniversário deste RAZÃO IN-VERSA, senti o que é ela, senti-a forte
e presente, recebendo de um dos meus melhores e maiores amigos diamantinenses,
companheiro de estrada das letras, crítica sobre este Suplemento, adquiriu faz
uma semana a 16º edição. Em verdade, deixou-a no consultório da poetisa e
dentista Marize Lemos Silva para me ser entregue. Recebi-a por volta das três
horas da tarde. Saí do consultório, lendo-a. Confesso que me sentei no meio-fio
da calçada e deixei lágrimas rolarem na face tais foram as emoções, sentimentos
que me perpassaram por inteiro, em conseqüência. Não apenas aquela chatice de crítica
acadêmica, destituída de palavras sensíveis, des-provida de experiências
espirituais, ao contrário eivada de sentimentos puros, sinceros, verdadeiros,
emoções sentidas nos interstícios da alma e espírito, como somente o
poeta-músico poderia fazê-lo, de-monstrando mesmo apreciação pela sua leitura,
alegria por lhe haver proporcionado momentos outros na vida, sensibilidade,
espírito, por haver sentido, vislumbrado e contemplado outros horizontes e
uni-versos: “Na vida, há coisas diante das quais é necessário se calar.
Outras, porém, impingem uma manifestação qualquer que seja, pois, por sua
relevância, incitam alguma modificação de espírito”.
Li, reli um sem-número de vezes, e a cada leitura mais emoções,
sentimentos, esqueceu-me ser cardíaco, não podendo dar-me ao luxo de
emocionar-me, sentir-me no Paraíso Celestial. Uma coisa é a minha
doce-companheira-e-senhora haver-me também dedicado palavras tão carinhosas,
ternas, amorosas, quando me entregou crítica para ser publicada na 17º edição,
tornando-se o Editorial, que res-pondi conforme o que me perpassava o espírito
e a alma. Outra coisa é receber crítica de amigo, músico e poeta, graduado em
Letras e Direito, que, sem dúvida, não iria deixar de relevar os deslizes, ser
diplomata, dizendo haver apreciado não sendo verdade. O termo “crítica”, na
concepção popular, significa, ou denegrir a imagem, mostrar aspectos negativos,
ou rasgar sedas, com direitos às ufanias. Isto não é ser crítico, isto não é
crítica. Criticar é analisar, interpretar, re-velar as entrelinhas, suas
idéias, sua profundidade poética, filosófica, teológica.
Ser crítico também não é ser didático, acadêmico – aliás, expresso com
categoria, quando se refere à obra de Paulo César Lopes, ser de cunho didático;
o escritor de Sonho do Verbo Amar, linguagem e estilo poético, literário, deu
lugar ao acadêmico, o que é de se lastimar -, ser crítico é mergulhar na
espiritualidade, habitar o espírito da obra.
Artista mesmo não escreve à luz
de conhecimentos profundos de crítica literária, filosofia, teorias da
estética, beleza, belo, teologia, teorias do espírito. Artista mesmo escreve à
luz de inspirações, intuições, percepções, à luz de experiências vivenciárias,
vivenciais. Jamais penso, reflito sobre o que estou escrevendo; sento-me e
escrevo. Neste sentido, embora todos os conhecimentos literários, filosóficos,
teológicos, pouco sei sobre a minha escritura. A poetisa Marize Lemos Silva
acha interessantíssimo, quando digo que para res-ponder a questionamentos e
indagações sobre a minha obra, é preciso que leia, releia, estude. Numa con-versa entre mim e o poeta Advaldo Cardoso
Filho, disse-me, amei ouvir suas palavras, quem começa a analisar a própria
obra é pedantismo. Deixou de acrescentar “pedantismo dos bravos”. Tenho sérias
dificuldades de me expressar, falta-me tudo desde as palavras às idéias. Na
juventude, dos trinta aos quarenta e cinco anos, desejava ler de algum crítico,
especialista em teoria literária, teoria do conhecimento, análises e
interpretações, conhecendo assim o que há de por trás dos escritos, nas
entrelinhas, conhecer através dele o que é a minha arte. Depois de meu
casamento com a poetisa Marize Lemos Silva, deixei isto de lado, importava-me
que escrevesse. Sinto-me inda carente destes conhecimentos; com efeito, esta
sabedoria iria ajudar-me a aprofundar ainda mais na linguagem e estilo. Por
ocasião do 1º Editorial de RAZÃO IN-VERSA, lançamento, dissera que não esperava
que outro curvelano, senão o amigo Marcos Antônio que já o havia feito, fosse
escrever a respeito de minha obra, e só daria crédito às análises feitas por
Paulo César Lopes. Sim, reafirmo isso. Contudo, com a leitura desta crítica do
amigo, músico e poeta, digo com toda a prepotência e categoria: declaro ser
Advaldo Cardoso Filho o meu crítico oficial, mesmo que haja outros. O escritor
russo Dostoiévski nos últimos anos de vida reconheceu filósofo russo, de cujo
nome me esqueceu, o seu crítico oficial. Também declaro minha
doce-companheira-e-senhora minha crítica oficial. Estou falando de
sensibilidade, espiritualidade, intuição, inspiração, percepção. Interessante,
são ambos diamantinenses. Não acredito nos curvelanos neste sentido, quando não
desembocam nos elogios sem limites e fronteiras, desembocam nos didatismos e
academicismos, ufanismos, apologias, em vida o “diabo”, na morte “santo”,
“deus”.
Jamais pensei, poderia imaginar, que RAZÃO IN-VERSA está ‘invertendo a
lógica e subvertendo a ordem (ou, invertendo a ordem e subvertendo a lógica)!” de
um suplemento, embora saiba, tenha conhecimentos de que “suplementos
literários sempre se portaram com base crítico-analítica da literatura
produzida em seu tempo, bem como de resgate de obras outras já consagradas.
Isso quer dizer que, a despeito de uma publicação de literatura crítica, não é
publicação de literatura propriamente dita. O trabalho do Suplemento é
acrescentar e dar suporte crítico ao leitor interessado no aprofundamento da
obra literária”. Aliás, na 17º edição, haja explicado que me afligia isto
de ainda não haver id-“ent”-ificado a idéia de RAZÃO IN-VERSA, não havia
definido e conceituado suas raízes e sementes, urgia que o fizesse, antes que
“espíritos-de-porco”, com intenções espúrias, desvirtuassem seus princípios. A
felicidade de ler as palavras da poetisa Marize Lemos Silva “Razão In-versa
começa no inverso para atingir o verso verdadeiro” fora grande, senti-me
tranqüilo, real-izado, que, aliás, começo de explorar isto nalguns textos;
tornei suas palavras a epígrafe deste Suplemento. Reunindo as análises e
interpretações de ambos: “Razão In-versa começa no inverso para atingir o
verso verdadeiro, invertendo a ordem (ou, invertendo a ordem e subvertendo a
lógica”. Assim, toda a profundidade da obra está re-velada. Assim, o leitor
poderá mergulhar profundo, habitar-lhe o espírito, revelar-lhe, encontrar-se
espiritualmente através dela.
Quanto a isso de RAZÃO IN-VERSA fazer Literatura por si próprio já o
sabia, enfim a minha obra está sendo publicada nele, não faço apenas críticas
de obras de meus companheiros de estrada, de autores já renomados e universais,
por exemplo, Lúcio Cardoso, Guimarães Rosa, Nietzsche, Dostoiévski..., publico
as obras dos poetas curvelanos, cordisburguenses, diamantinenses, modo que
encontrei, aliás, objetivo e pro-jeto de RAZÃO IN-VERSA, divulgar os valores
inéditos, já que não têm quaisquer apoios das editoras de nossa modernidade. A intenção fora de conciliar a crítica
literária e a literatura propriamente dita. Aliás, a divisão da palavra
“inversa” através do hífen, fora para enfatizar que a poesia habita a razão,
está dentro dela, utilizando do sentido da preposição inglesa “in”, que
significa dentro, no interior. Nunca pensei que a poesia habitar a razão fosse
in-verter a ordem, ou, in-verter a ordem e sub-verter a lógica do Suplemento.
À guisa de curiosidade: desde a infância, sempre tive o hábito de dizer
uma coisa e, ao mesmo tempo, in-verter, dizer o contrário, o que deixava minha
família irritada comigo, dizendo: “filho, pare com isso de dizer as coisas e
depois contrariar o que foi dito”. A poetisa Marize Lemos Silva também se
irrita comigo, quando faço isto. Por exemplo: “você é uma mulher maravilhosa,
linda, lindíssima, humana, sensível, espiritualista, muito boazinha comigo; só
falta deixar de brigar, xingar-me a toda hora sem razão alguma”. Diz: “você tem
o dom de atrapalhar as coisas. Centre-se apenas no lado positivo das coisas.
Assim, você acaba com qualquer clima”.
Esta res-posta à crítica do amigo, músico e poeta, Edvaldo Cardoso
Filho, está sendo escrita exatamente no dia 06 de junho, quando comemoro o 1º
Aniversário de Razão In-versa, sentindo-me sobremodo feliz, alegre, contente,
real-izado. Um ano de muita luta, esforços, perseveranças, preocupações,
desejos e vontades de a cada edição transcender-me, superar-me.
Em verdade, ser reconhecido por Marize Lemos Silva, Advaldo Cardoso
Filho, por minha equipe, por amigos e íntimos, creio ser normal, nada de
inusitado, excêntrico, mas estar sendo reconhecido pelos meus leitores
curvelanos, por curvelanos, só me deixa orgulhoso, lisonjeado, andando de
saltinho alto, pois Curvelo não bate palmas para ninguém, não sabe reconhecer
seus valores, chega a não dar a mínima para a cultura e as artes. Então, quando
se diz respeito a mim, há muitas pessoas que querem ver o tinhoso, mas não
querem me ver, querem-me ver pelas costas, odeiam minha cara; sou homem direto
com o que penso e sinto, não mudo de camisa para destilar os ácidos críticos na
cara. Que ironia do destino:
discriminado em todos os âmbitos e níveis desde tempos imemoriais, e hoje sou
um dos poucos que fazem a cultura curvelana.
Dizem, e é verdade, que a obra de arte mesma supera o seu autor,
transcende sua vida, seus conflitos, dores, problemas existenciais. Com esta
crítica do amigo, músico e poeta, Advaldo Cardoso Filho, confesso, sinto que me
torno homem quem serve a RAZÃO IN-VERSA. RAZÃO IN-VERSA trans-cendeu-me,
superou-me, o que, em verdade, deixa-me ainda mais lisonjeado e orgulhoso, meus
sonhos de escritor e artista estão sendo realizados com propriedade.
Terminando, quero, cordial e espiritualmente, agradecer a Advaldo
Cardoso Filho sua crítica tão terna, amiga, sincera, verdadeira.
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