“Em mim, os mistérios de águas, capazes de encher a
carência de amor, viram em Deus as
sensações, intensidade da vida; assumindo sonho de real ad-verso
valorizo o sinal inequívoco de um pássaro apanhando um peixe, a persistência em
direção ao fim”.
Lembrou-me jamais haver buscado o que ora sonho realizar; sentir-me-ia
orgulhoso, se o fizesse com perfeição, o máximo fui capaz de atingir em toda a
jornada de “in-vertidas” embrenhando, não notoriedade, tão efêmera quanto a
quimera, fama, tão viscosa quanto a falsidade... Poderia num só fôlego
continuar a dizer aos ventos e sibilos, na solidão de montanhas e vales, e
“embojetar” idéias, sonhos e utopias fervilham-me dentro, sombrios em verdade, onde já não brilha esperança
alguma.
Sou água a seguir veredas à música de pássaros, sibilos de ventos, e
tudo o mais que tempos revelem, e também se esquecendo, por outras descobrirem
ao longo de vales, planícies. Impossível imaginar-me subindo, sigo sendas à
busca da sublimidade, sabendo estar a caminho, mas o sem-margens de mim,
sem-pressa de poder dizer-me com amor e carinho que a continuidade - mesmo
sonho, quimera, utopia, - sou eu que vou tecendo; as sendas à busca... – não interessa a quem
se inteirar não saber de que estou em Busca.
E aí enceto palavras, em mim, fui construindo desde a fonte imaginária
do rio de águas límpidas, a
multiplicidade de única água em muitas águas, uma lembrança que
trazia íntima n´alma, caminhando, rolando por pedras, areias, cascalhos,
burgalhaus - ah, Diamantina, Lavrinha!... - qual o escritor com as palavras,
mochila às costas, segue caminho em busca de experiências, quais forem, algumas
agradáveis, milhares doídas e condoídas, e assim realizando vida com as
palavras; ah, estas lembranças íntimas de tempos não distantes, mas idos, e a
sua memória só poucos souberam cultivá-las no espírito, o fogo, a inteligência.
De repente as músicas, letras tornando-se estilo de vida...
A jornada estrada afora, o que em mãos, o que trazer e deixar lembrar às
pessoas, às gentes desta terra de ninguém? A viola não toco, embora, devo
confessar, na juventude tive vontade de aprender a tocar violão, mas escolhi
aperfeiçoar-me em datilografia, ter máquina de escrever, reiniciar a escrever
alguma coisa que pudesse dizer enfim: fi-lo eu.
A fonte originária das palavras, fazê-las serem sonhos, e quem sabe
pudesse até me orgulhar de haver sonhado tanto, e sempre as palavras no fumo do
cigarro, na branquinha que consumo com magia e prazer, nas solidões e nas
alegrias, prazeres com a senhora e íntimos, a nossa construção, e assim dizendo
a quem jamais vai querer ouvir ser possível seguir a vocação, o dom gratuito
divino, e, crede - oh vós que não sentis a magia dos dedos nas teclas, com a
pena em mãos, nos dígitos do computador, mas de qualquer modo, - oh, vós, é
compensador saber que destas palavras sem sentido, coerência, visão, senso, vou
tecendo a rede, os vazios são o objetivo do peixe, ouvindo artista dos anos
´60, talvez alguém possa descobrir, mas, com certeza, não vou confirmar, lembrou-me haver dito ou escrito a
alguém muito íntimo, “isto é segredo, mistério”.
Sei lá porque escolher manter segredo, mistério. Quem é este artista dos
´60, não irei dizer, e, com certeza, a senhora guardará este segredo, sabe
haver coisas que se vivem, não se dizem. Ah, fico a pensar comigo não saberia
descrever o instante em que olhasse para trás, pensando comigo mesmo: “Será
possível que chegarei a este nível?”.
Não imaginei algum dia me fosse possível deixar os dedos deslizarem nas
teclas do computador, escrevendo ao som de música preferida; é linda, a imagem
que resplandece no espírito, uma jornada. Poder assim ir dizendo, nalgum tempo
aí, muito em breve, outras chuvas, in-vertidas, olhares de soslaio, mas a
jornada continua adentro tempos, o violeiro das palavras, sem música, ritmo,
arranjo, voz, mas palavras que surgem no espírito, e assim canto “réquiem para as lembranças e
esquecimentos”, buscando tirar sons nas palavras.
Pode ninguém acreditar que as coisas estarem se dando deste modo, neste
estilo, pois, de que ponto de vista for interpretado, haver coerência de
sentimentos e emoções, a língua é erudita, culta, a linguagem filosófica e
poética, se é possível haver alguma neles: quem sabe seja “harmonia”?!... -
creio a imagem se atrapalhara no comenos da perspectiva, saindo sem algum
tempero, sal, nenhum.
É isto a magia da palavra,
deixando-a dizer ao longo da criação, da imaginação, da intuição, da poesia no
tato de cada dedo, em especial, aí ninguém sabe qual delineia a linguagem; e
saber que se me não fora vocacionado conhecer emoções e sentimentos que
percorrem todo o corpo, acreditei nela, sabendo agradecê-la alegrias e
satisfações hoje me orgulhar dizer ir “aquém de qualquer além”, - de qualquer
além? Algum além há!... - e com esta resposta deixo as pessoas de tabernas em
tabernáculos, bares em botequins, esquinas em porta de igrejas, buscando saber
o que desejei dizer com isto. Sem
sentido.
Seria o caso de questionar estes amigos a certeza de estar desejando
senso. Digo-lhes deixar os dedos deslizarem-se livremente, imprimindo na tela
do computar as palavras, e também a contribuir com as sensações, intuições a
música vai deixando no corpo inteiro - instante mágico e belo; sabe-se a
experiência vai delineando passos, alargando as alamedas, encurtando becos,
seguindo o rio de águas límpidas – tenho orgulho de ser o símbolo disto que
tomei em mãos com o objetivo de dizer, a quem não quer ouvir, ser possível
seguir a caminhada, é só ter vontade e desejo, esperança, mas não contar com um
dom que não existe, é saber dele com orgulho e amor, o desejo de amor só vive
de entrega, de busca...
Imagino pudesse haver sonhado esta frincha trago dentro em mim,
juntamente com amigos e pessoas íntimas, não reivindicando como alguém quem se
ajoelha, pede desculpas de suas mazelas e pitis, alia-se voluntariamente, mas
construindo desejos e utopias, e não nos lembrando de que haverá quem seguirá
os caminhos, viverá de nosso sangue.
Não ser possível compreender, entender, enfim, o que estou desejando,
querendo dizer, se é que o esteja, pois parece ser tudo passatempo, brincadeira
com a intuição de as palavras mesmas dizerem sua verdade, ao longo das idéias e
sensações, emoções, sentimentos, ouvindo o artista dos ´60, só podendo adiantar
algo a respeito deste mistério, saber de quem se trata, “é por nada”.
Nada há de mais delicioso, aperitivo para o espírito, do que seguir
intuindo sem sentido, margens, linhas, entrelinhas, deixando as palavras mesmas
serem escritas, e espanto-me, às vezes, não com a eximidade da digitação, mas
com taças às águas da fonte que me vão deixando no espírito, na alma, no corpo,
e daí não me importa mais traduzir, esclarecer, deixo as águas irem rolando,
rolando...
Nada mais há a ser dito, aliás, nem deveria está-lo fazendo, mas, por
vezes, havia decidido prolongar poucochinho, e só por isto fá-lo, deixo as
águas seguirem jornada, sigo em silêncio, lembrou-me alguém a quem estimo haver
dito com carinho, “peregrino do silêncio”, e talvez aí encontre um modo de tudo
isto contemplar, seguindo jornada adentro buscas, sonhos, utopias...
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