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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

RESQUÍCIO DE MONTANHAS NA NEBLINA - Manoel Ferreira Neto.



 

Jamais havia visto paisagem tão linda, logo que acordei, olhando através da janela a neblina que cobria as montanhas, havia apenas sombras escuras, indicando-as. Paisagem esplendorosa. Três horas e meia após, a chuva continua caindo com todo o resplendor, o tempo fechado.

Por instantes não muito longos, pois o desejo era tomar o café da manhã, contemplei a neblina, e no íntimo senti que não poderia haver dia melhor, apesar de haver dor incutida no peito, dor que o tempo foi se incumbindo de serenizá-la, mas permanecendo no seu cantinho, envolvida com a esperança, enfim só ela pode amenizar os sofrimentos e dores todos com que se vive, com que vivo eu. Ao contrário, com esta chuva, neblina viveria a felicidade, prazer, satisfação. Por que não? Às vezes, torna-se algo fácil e simples transformar o que vibra no peito, deixando os olhos vagarem no espaço e tempo à procura de futuro e ponte para o futuro. Redimir os sofrimentos e transformar tudo, só isto é a redenção para mim.

Quando, ao deixar a minha solidão, contemplando e vislumbrando o silêncio que se me apresentava como a porta de entrada de espécie de canteiro onde todas as sementes que semeasse de imediato dariam frutos viçosos e lívidos, podia comê-los, chupá-los, sentir-me-ia realizado, mesmo que alguém dissesse não poderia chupá-los, comê-los, revelar-se-iam amargos, comeria e chuparia sem qualquer consentimento de quem quer que fosse, cruzava pela primeira vez a ponte, acreditei com as pequenas forças que restavam em meu coração, as ínfimas esperanças que habitavam espírito e alma, não deixei de sonhar e acabei por dizer a mim próprio: “Isto é o futuro. Futuro do tamanho de toda a vida,  utopias”. Com o tempo aproximava-me ainda mais, e por trás da vida e utopias movia-se algo, diria serem as primeiras revelações de feto que já estava constituído, frágil e simples, que me causava compaixão, solidariedade.

A querida-amada-e-doce-companheira-e-esposa costuma dizer que vivemos mui bién em nossa casinha, envolvidos em amor recíproco, atingiremos a felicidade e amor. Acredito e creio nela, aliás, fora quem despertara em mim o futuro, os sonhos e todas as utopias do mundo. Homem necessita ser amado para descobrir a vida. Mulher precisa ser amada para despertar nela sonhos e utopias todas. Sonhos e utopias  revelam a vida, espírito, realização do Reino de Deus.  

Olhando através da lente de óculos mui pequenos, caindo na ponta do nariz, aliás, é assim que se encontram no rosto, enquanto crio e recrio esta ponte que atravessei, segui a caminhada do campo, ainda podia reconhecer vida repleta de realizações, felicidade, amor e, sobretudo, esperança, também alma solene e pomposa que vibrava nos labirintos do ouvido, este que me envia vozes diversas e frágeis que me dizem ser necessário viver o futuro no presente e o presente no futuro.  

Presente, passado, futuro sobre a cidade diamantinense... ai, meus amigos! Eis o mais agradável de viver, a chuva caindo, neblina cobrindo as montanhas, alegria sem limites, ainda mais creio que nasci para o inverno, primavera, chuva; não viveria contente e feliz não fossem estes dias que manifestam o íntimo, recônditos da alma, espírito, emoções e sentimentos são puros e inocentes. Todos os sonhos e utopias restituem a visão da vida além do que é quotidiano e, por vezes, além da imaginação, contemplo na terra demasiadas coisas boas e maravilhosas.

Amigos, não sei bem o que lhes  perpassa a alma e espírito, lendo e contemplando estas palavras, mas posso imaginar que pensam ser fácil estar no escritório sozinho, aparelho de som ligado, luz acesa, criando, enfim a imaginação e intuição em união com os desejos e esperanças contribuem para me sentir homem no mundo, para sentir que tudo é ainda possível, salvo as impossibilidades que se apresentam vez em quando, mas são necessárias para que haja a luta, desejo, vontade, querer... Mas no quotidiano de nossas vidas e lutas a coisa não é bem assim, há sim fatores que tornam as realizações algo de longo fôlego, tarefa árdua. Com a pena em mão, o mundo se torna fácil, a vida se torna brincadeira de criança, brincadeira inocente, ingênua. Por mim, não penso assim. Aliás, fiz das letras os sonhos mais recônditos da alma, e até o presente me sinto realizado, pois que posso dizer e expressar o que me vai no corpo, espírito, alma, libertar-me, redimir-me. Desculpem-me, se plagio o Beatle John Lennon, mas sou sonhador. Mas é preciso sonhar com o corpo,  alma, espírito.

Além disto, que se refere a mim, posso imaginar que perpassa em seus espíritos e almas que sou homem quem deseja a humanidade se encontre, se redima de todos os sofrimentos, se realize, crio imagens, crio pensamentos e idéias, crio sonhos e utopias, esperanças e desejos, mas a vida não se transforma com as letras, entrelinhas delas, mas sim a vida é criada de sofrimentos e dores. Desperto em vocês sonhos, mas este sonho muitas vezes não pode ser realizado, e isto o que mais angustia e desespera, pois não podem encontrar nada de graça. Sim, meus amigos!... Desejo apenas que vocês pensem, meditem, contemplem bem o que é melhor para vocês, o que melhor se adapta à realidade de cada um, o que lhes dará a felicidade e  prazer. 


Todos os pensamentos e idéias tendem a iluminar os fragmentos do futuro, desse futuro que os meus olhares às vezes de soslaio, por vezes de esguelha, até de banda vez em quando, contemplam e sondam, e estes pensamentos e idéias unem em uma só coisa o que é desejado, intuído, percebido, vivido com todas as forças reunidas. 

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