Total de visualizações de página

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

INESCRUTÁVEIS DESÍGNIOS GRAVES - Manoel Ferreira Neto.


Aos coveiros do Cemitério das Palmeiras, Curvelo.

Manifesta-se primeiro nas orelhas, não através de calafrio, eriçando os tênues pelos, por intermédio de vento vindo do sul, mas através de algumas notas musicais, lembrando a valsa das “bodas de ganache”, tomando todo o corpo até chegar às patas ou aos pés, quando o início se efetiva, e daí nada mais se mostra ativo e relevante, impera; os sentimentos e emoções são outros, a vida são sonhos e fantasias os mais esplendorosos e divinos, o espírito se re-vela sereno e tranqüilo, a respiração lenta, os olhos não perscrutam qualquer coisa, visão de nada, o coração bate devagar, o corpo inteiro leve.
A providência, em seus inescrutáveis desígnios, tinha assentada legar-me, doar-me benefício maior que esta da valsa das “bodas de ganache”, quando se me revela, se me manifesta nas orelhas, terminando nos pés – o número de sapato sendo trinta e oito não é grande o suficiente para ser tido e havido como pata; passando de quarenta e quatro, sim, alguns amenizando a força da palavra chamam-lhe “chulapa”. Nenhum lhe pareceu, à providência, maior nem melhor do que certo gozo superfino, espiritual e grave, que patenteasse a brandura dos costumes, a graça das maneiras: deu-me as mãos cheias de dedos, cinco em cada, com direito às unhas, devendo sempre apará-las com esmero.
Em nada o limite deve ser olvidado, olvidar-lhe é acabar com todas as atividades, é estabelecer a ociosidade, a coisa existe apenas por existir. O fruto proibido era o limite das felicidades e prazer de Adão e Eva no Paraíso – refiro-me a isto para estabelecer a origem e início do limite que o tempo e as situações humanas ampliaram, multiplicaram; o limite habita todas as coisas, des-cobrindo assim a fronteira da angústia espiritual ser a morte do corpo, a vida mesma aí começa, a liberdade espiritual impera sob quaisquer ângulos de inter-pretação ou análise, são os limites todos exterminados e não apenas olvidados, a penas subestimados.
Somente a mão direita, que não é só cultura, mas raiz profunda do “credo” – “à mão direita de Deus-Pai” -, iria tornar possível a-nunciação – se com espírito de per-severança, fé, esperança, sonhos e desejos os mais presentes e vivos seriam trans-formados -, re-velação, re-presentação das notas musicais que iniciam as “bodas de ganache”.
Não seria fácil, teria de entregar-me por inteiro, lutar mais que peão preparando a terra sob sol cáustico, suor pingando – suor não faz rio, fecunda a terra, lágrimas não fazem oceano, refrescam a face, descansam os olhos das neurastenias íntimas. Embora toda a luta, apesar de todas as entregas, não poderia jamais dizer a mão direita não mais ser movimentos, gestos, burilações, delineações de suas vontades e desejos da obra eterna e imortal – em quaisquer panoramas e perspectivas é a mão direita que faz a vida, a esquerda apenas contribui e ajuda nos limites que se apresentam na continuidade do tempo em busca do “ser”.  A mão direita se trans-formara em engenho, em habilidade, em última instância, o auge da arte, construído com sonhos de registrar, através do ritmo, musicalidade, a valsa das “bodas de ganache”: a mão direita era a divinidade e divindade do espírito, a mão direita era o eterno e imortal, a mão direita era a vida. O que é não se torna e o que se torna não é, como certa vez lera esta idéia escrita por uma direita mão que vangloriava, endeusava o ápice do espírito quando se entrega inteiro à crítica e ás galhofas do poder.
Estando em Curvelo agora mesmo sentado numa mesa de restaurante, escrevendo estas linhas, preenchendo-as com letras, enquanto tomo cerveja e aperitivo, um coveiro do Cemitério das Palmeiras aproximou-se dizendo que me tem observado sempre nas visitas à sepultura de minha mãe, quando não rezo, con-verso com ela, perguntando-me se não lhe podia ajudar com a quantia de dois reais, suficiente para inteirar o seu almoço. Tirei da carteira a nota, entregando-lhe, que recebeu com a mão direita. Pedi-lhe, então, que rogasse e rezasse ás almas para me ajudarem, o que me res-pondeu, creio, sem pensar: “sua mão direita é o espírito”.
Esta res-posta deixou-me, em verdade, pensativo, não poderia ser dada senão por um coveiro, cemitério não é cadáver, cemitério é espírito, isto é, espíritos o habitam.
Em re-pensando, em re-fletindo, em meditando, ou simplesmente masturbando ocasos e acasos, auroras e crepúsculos, perguntei-me, com seriedade, não com aquela dúvida sistemática  do “cogito ergo sum”, o porquê de haver dito a “minha mão direita é o espírito”. Com ela trans-cendia a alma que se descompunha no silêncio da cova? Com ela trans-cendia a carne que se desfazia e mostrava os ossos transparentes e límpidos, a-núncio das cinzas, o fim peremptório e radical? Com a mão direita escrevia na pedra de mármore a vida mesma, em sua pureza e inocência?
Após receber a nota de dois reais, pedindo-lhe eu que rezasse e pedisse as almas ajudarem-me, dissera-me: “Sua mão direita fará sua felicidade, não apenas no mundo; sua mão direita será sua felicidade além de seu túmulo. Ela nunca estará vazia, estará sempre cheia”.
Fora embora. Continuei sentado, a pena entre os dedos, delineando os caracteres, burilando os símbolos, buscando e desejando caligrafia que a simples olhar, olhar des-compromissado, des-pertasse nos homens uma fala mais ou menos assim: “Nunca vi letra tão bem feita nos seus arrebiques e contornos”.
Limites... A valsa das “bodas de ganache”, manifestada primeiro nas orelhas, até as patas ou aos pés seria a-nunciada, re-velada com a caligrafia bela e perfeita, objeto e louvores da divinidade espiritual dos olhos, divindade ocular das retinas, o mais que ad-viesse daí seriam os desejos de as letras atingissem e consumassem as dimensões da vida.   
Além de ser gratuito supor que através da beleza da caligrafia, das letras bem delineadas e buriladas, possa sentir de modo verdadeiro o que é isto a primeira manifestação das coisas e do mundo, ainda acredito seja mesmo possível e real sentir os inescrutáveis desígnios graves.
Há quem pense a presença do coveiro, estar tomando cerveja, as almas traziam-me um buquê de flores, cabia-me extasiar com seu odor, néctar das “bodas de ganache”, trazia-me a consciência de minha mão esquerda auxiliava-me sempre, esquerda e direita se uniam, comungaram-se, aderiram-se no verbo do sonho de ser, a morte trouxera-me a visão límpida e clara de um desejo irei sempre alimentar no peito, regando com gotículas de esperanças e fé. A mensagem da vida me fora trazida por um coveiro, re-presentação, símbolo, signo da morte, as almas protegiam-me.
Pouco se me dá sabê-lo, apesar de, sabendo, ser o melhor, auxiliar-me-ia inda mais, no de-curso e per-curso do tempo se re-velará; o mais importante, que me abriu as pupilas para ter a visão mais sensível de sua imagem.   
“... de mão cheia”, tais palavras me são lembradas nalgum momento de sua fala, quando olhando o horizonte ao longo das sepulturas, brincando com os sentimentos amalgamados à felicidade, riso, dissera-me tão logo o coveiro despediu-se, indo embora: “a fala é o suspensório da linguagem para proteger o estilo”.
Aquele encontro, apesar de sua fortuitidade, dizia-me que o meu estilo de vida só podia ser protegido com a caridade das palavras; não me ri a bandeiras despregadas, não era o momento, mas por haver trans-cendido tanto com: “o coveiro chegou, pediu dois reais para inteirar para o almoço, pedindo-lhe rezasse para as almas me ajudarem”. Contudo, o encontro não se resumiu nisto, con-versamos, e por estar escrevendo, sempre que passava por ali, observava-me escrevendo, “... mãos cheias”.
As letras sendo desenhadas, as idéias, sentimentos, emoções, tecendo com paciência, habilidade, ciente dos limites e liberdades, os verbos de esperanças ad-versas e reais, a vida sob outros horizontes e uni-versos da palavra, do quotidiano vivenciário e vivencial, outras real-idades.
Ao princípio, sereno e tranqüilo, desenhando no branco do papel as letras, habitando-me desejos profundos de “inspiração”, queria algo escrever, que mostrasse o per-curso e de-curso dos sentimentos e idéias, a sua manifestação, re-velação, e como me entrego por inteiro em busca do sublime. Mas não podia jamais imaginar um coveiro se aproximar, pedindo um auxílio, “vejo o senhor visitando a sepultura da senhora sua mãe; não reza, con-versa com ela; não podia imaginar seria a continuidade da inspiração que buscava, queria senti-la inteira em mim, e sendo nela envolvido, a mão direita traçava-lhe a trajetória, mostrava-lhe o que habitava a alma, o espírito, o sem-fim da vida e dos sonhos. Despertou-me a mão a fala do coveiro, senti-a presente, forte, reconheci-lhe a perspicácia, agilidade, seus tendões robustos e determinados, reconheci-lhe a artificidade dos gestos e movimentos, serem aqueles dedos que me sustinham a vida, sustentavam algumas outras necessidades.
Ao princípio, custou-me sobremodo parecer o que era dantes, não a olhava, não prestava atenção em seus momentos, pré-ocupado a penas deslizar as imagens de forma que originou a caligrafia agora a ciência de ser ela a artífice de minha vida sob tantos pensados, intuídos, percebidos, sentidos, que nem sei quantos, perdendo-me e encontrando-me.
O demônio da esperança pousava no meu coração, esperança que me retificou aos meus próprios olhos, mas as almas vinham dizer serem tolices as melancolias e nostalgias da morte, as mãos cheias eternizavam a vida, o corpo pereceria, inevitável, o espírito continuava os seus passos ao longo dos tempos, séculos e milênios.
Tivera um pesadelo – aproximando-me o aniversário é-me peculiar pesadelo, e este dizia respeito a inspirar-me profundamente, desde as pré-fundas ao espírito. A princípio, não me fora possível, por mais tentasse, conciliar o sono; voltava-me de lado para outro, irrequieto, impaciente, vendo as imagens de Horácio e Sófocles; traziam no rosto e semblante os traços do sofrimento e desejos divinos, os coveiros e as caveiras, ouvindo as notas de uma valsa nas “bodas de ganache”. A muito custo peguei no sono. Antes não pegasse! Sonhei que era Hamlet, trazia a mesma capa negra, as meias, o gibão e os calções da mesma cor, montado em Incitatus que dançava ao longo de sua marcha cadenciada, tinha ele a certeza e convicção de para onde estava levando Hamlet, estava determinado em cumprir o trajeto com todos os méritos e dignidades, era forte, robusto. Tinha a alma do príncipe da Dinamarca.
Analisando de modo simples, aquela peculiaridade da olhadela de esguelha, achei natural aquele pesadelo, enfim... Nada houve que me assustasse. Incitatus levava Hamlet numa cela posta em seu lombo, cavalgava. Também não me aterrou ver ao pé de mim, vestido de Horácio, um hóspede do hotel com quem troquei umas palavras no refeitório antes de subir os degraus da escada, deitar e dormir. Saímos o hóspede e eu de cara para o cemitério do outro lado da rua. Atravessamos. Pareceu-nos ser a Avenida Dom Lúcio Serafim, e entramos em um espaço que era metade cemitério, metade sala.
Nos sonhos há confusões dessas, imaginações duplas ou inexplicáveis, incompletas, mistura de coisas opostas, ambíguas, dilacerações, desdobramentos.
Enfim, como eu era quem observava Hamlet montado em Incitatus, e o hóspede do hotel era Horácio, tudo aquilo devia ser cemitério. Tanto era que ouvimos logo a um dos coveiros esta estrofe:

Apesar de você
Amanhã há de ser
Novo dia

Como na tragédia, deixamos que os coveiros con-versassem, falassem entre si, enquanto faziam a cova de Leonarda Virgem dos Pinheiros que li na lápide da sepultura.
Não entendi bem; depois do enterro, os coveiros faziam saltar das sepulturas as caveiras, dizendo-lhes graças e jogando-lhes pétalas de rosas brancas. Demos mais alguns passos, até que eles nos viram. Não se ad-miraram, foram indo com o trabalho de capinar e limpar as lápides.
Poucas horas depois, um dos coveiros a quem havia visto sempre desde o falecimento de minha mãe se aproxima, pedindo-me inteirasse seu dinheiro para almoçar com dois reais, pedindo-lhe  rezasse para as almas ajudarem-me, olhando-me que escrevia, dissera minha mão ser cheia.
Precisava sentir-me inspirado mesmo, desejava conhecer de perto a inspiração, saber-lhe, daí criando novos horizontes e uni-versos.
Saindo o coveiro, continuei deslizando a pena orientada pela mão que era a artífice da vida, que era a sua continuidade perene.
Lembrou-me, na juventude, rapaz de vinte e dois anos, haver lido um texto cujo questionamento era o futuro das mãos, quando não mais delas necessitassem os homens; não era filosófico, poético, científico, linguagem um pouco técnica e didática, por algum tempo pensei a respeito, analisei. A máquina de escrever, o computador não me substituiriam as mãos, só a partir delas eram e seriam operados. 
Busquei poucochinho ansioso na memória uma trova das mãos, não me sendo possível lembrar, um excerto de um livro, em verdade, um pensamento de outro livro em prosa “Mãos vazias”, para dar continuidade a este texto, em princípio buscando inspiração e nada me surgia, embora a pena deslizasse no papel delineando os caracteres, burilando a forma de ornamentos, sem qualquer inter-ferência da busca de continuidade da inspiração. Era ato espontâneo e livre de minha mão direita, era-lhe inerente desenhar caracteres e tecer os pontos das dimensões sensíveis todas, era-lhe inerente o sublime dos movimentos e gestos do polegar e indicador.
Transcendi: não mais observava idéias, sonhos e sentidos, dúvidas e re-flexões da vida, observava apenas o deslizar da pena, comedido, sereno, tranqüilo, a sapiência e sabedoria das letras a ad-virem, como as modulava, o que me ad-mirava, e na ad-miração o desejo de não mais interromper, continuaria sem limites, sem pressa, não diria sem margem por ser ela o contorno da página.
Chegava ao ponto de estabelecer, não sei se diga preceito filosófico ou simplesmente lema, de não me levantar da mesa enquanto a inspiração não sentisse o desejo de refestelar-se no uni-verso de todas as letras que foram modeladas para expressar e revelar a vida que me habitava as pré-fundas da alma, interstícios do espírito; não sairia dali com as mãos cheias de palavras que não foram desenhadas e modeladas, sairia com a mão direita vazia, a mão esquerda que acumulara nelas outras não ditas em breve depositaria nela, na mão direita, terna e carinhosamente, as letras que teceriam outras.
Ousei algumas estrofes, inda que ad-versas ao espírito da continuidade da inspiração, pensando no que me viera à intuição quando tecera as seguintes palavras: “não sei se diga preceito filosófico ou lema”:

Assim,
Sentimento e emoção
Ou re-versos e avessos
Da razão ou sensibilidade
O simples se re-faz nas pré-fundas
E nelas as simples palavras
Transcendem o sonho mágico
De ser re-velação
E não atitude de manifestar
A linguagem e estilo do
ETERNO.

Se era preceito filosófico o poema criado para ser o suspensório, que moldasse a linguagem e estilo da inspiração que me habitava inteiro, e eu com engenhosidade traçava a pena a sua face e semblante, não poderia res-ponder num abrir e fechar de olhos, passo de mágica. Cria de modo ímpio serem os versos que criara a imagem límpida e transparente do sublime que a inspiração re-velava.
Boa ocasião se me apresentava – o coveiro era a pena passada, uma vaga lembrança na alma, memória sensível de que me pedira inteirasse seu dinheiro com dois reais para almoçar, atinei-me com estar ali, escrevendo, tomando a cerveja, acompanhada de aperitivos, havia tempo considerado, umas duas horas – de saber se efetivamente a vida feita pelas mãos era artífice do sublime que se re-vela na inspiração; se com elas as virtudes e valores humanos são dimensões que elevam os ideais e sonhos, se imbuído deles as mãos se estendem, e a direita “cheia” a-“núncia” o eterno.
Com vagar ia sepultando as dúvidas, ia sepultando as indecisões, ia sepultando os medos, até tocar-me o coração porque eram idéia e desejo, desejo e pensamento a vida espontânea e livre anunciar a origem do sublime à luz da mão direita que traça a id-“entidade” e espírito, a morte corromper o sangue e retirar-lhe o princípio.

Vida,
Amor, sonho
Verbo
Desejo, vontade
De con-“templar” o eterno
De con-templ-“orar” o sublime
Equivocado no imortal,
De viver o nó,
Éter de vivências e quimeras
Do ontem olvidado no futuro
Do futuro esquecido ontem
Nestas páginas,
E, além,
O verbo do amor
“Re”-cordado.

Seria quem dava mostras, “de-monstrava” a realidade da inspiração, atribuindo arrebiques e ornamentos à teoria dos ventos e às idéias que revelam a face outra da vida e morte Natural, verdade imortal, valer não só a imagem, a moldura que a a-colhe e re-colhe, mas os dois principais característicos humanos, perderem-se, infringirem a lei e a moral.
Agradeço à mão direita, comovido e emocionado, tão insigne o obséquio de sentir que acrescentar a inspiração do sublime, ou o sublime em busca da inspiração é modo de sensivelmente servir à vida, ao espírito, aos sonhos de amar verdadeiramente a imaginação, comungando a dor presente ao especulo dos inescrutáveis desígnios simples e virgens, flor de ilusões e “esperanças de ser”.

Inspira-me
Inspiração das nuances
Da vida e morte
Dos graves desígnios
Inescrutáveis...


Iria a pena onde a mão a mandasse, - às estelas se lhe desse as asas da água – ao fundo da terra, se lhe ensinasse o talento da formiga. Nada mais me ad-mirava senão o morrer o sol e nascer a lua, e contar as estrelas. Quiçá estivesse numa igreja, escrevendo estas palavras, cairia aos pés do Senhor, derramando lágrimas de gratidão; tantos, não sei quantos, momentos vividos, fazendo a mesmíssima coisa, e não haver prestado atenção nos gestos e movimentos da mão nos dedos, a presença forte da inspiração... Verdade é haver algumas vezes desejado isto, não me fora possível, talvez não estivesse ainda amadurecido o suficiente para deixar a mão direita ser envolvida na inspiração, deixasse-lhe ser a inspiração, ela escreveria. Realização, poesia, divindade, tudo trocaria por ser a mão direita tecendo as letras de minhas pré-fundas, entranhas, sonhos e desejos de outros horizontes e uni-versos; de porfia com o sol, virá o brincar nos meus cabelos grisalhos os ventos do éden, a pena refestelar-se-á por todo sempre, coitada, não descansou um segundo qualquer, acompanhando-lhe a mão direita, e ninguém para dizer: “descanse em paz”. Ninguém sentia o peso da ociosidade. Vivia na contemplação. Pôde a mão ir ao paraíso, onde tudo lhe era avesso e di-verso. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário