Difícil é abrir a primeira edição de um tablóide, escreve-se sobre
ideais que se pretende, intenciona tornar realidade; as ulteriores dificuldades
serão vivenciadas nas “veredas” da realidade vigente e as buscas, encontros e
desencontros, andanças e utopias. Trata-se de lançamento, de a-núncio de
ideais, pensamentos, horizontes e universos a serem conquistados em nome dos
homens, da humanidade, carentes de sonhos e utopias.
Razão In-versa não foi idealizado para servir a interesses próprios.
Desde o início dos anos ´80, venho publicando artigos em tablóides, o extinto
Edições Mineiras fora o berço com três artigos sobre o filosofo Jean-Paul
Sartre, dentre eles As palavras, de Sartre. Publicara noutros tablóides de modo
esparso, até que em 1999, novembro, iniciei mesmo publicação em tablóides
curvelanos. Nove anos de estrada, a tendo escolhido as trilhas da crítica
literária sobre os “verdadeiros escritores e poetas” curvelanos, modo, estilo,
linguagem de divulgação da literatura, dos companheiros de estrada. Conheço de
perto as dificuldades que todos os escritores enfrentamos para real-izar nossos
sonhos e utopias. Embora tenha se tornado uma “fala” popular, “vida de artista
é difícil”, tornar-se re-conhecido nas artes não significa apenas er dons e
talentos, construir as obras; inúmeros são os fatores que estão envolvidos
nisto, especialmente no que concerne aos fatores históricos, sociais,
políticos, individuais. Há dons e talentos que não foram realizados porque o
momento histórico não fora adequado, não disponibilizou as trilhas por onde
tecer as teias da carreira. Faltou a muitos o reconhecimento de seus valores e,
infelizmente, os curvelanos não valorizam as artes, a cultura, e todos os artistas,
artistas-plásticos, escritores, poetas têm de lutar com todas as forças –
entregarem-se por inteiro, apesar das incertezas, faltas de apoio e
reconhecimento -, se desejam mesmo realizar o sonho da arte, do “verbo amar”.
Valores que poderiam ser luzes para outros seguirem encontram-se desconhecidos,
o que é ininteligível. Infelizmente, hoje existem os “oportunistas da
eternidade”, cujo objetivo é condenar os talentos a ficarem no anonimato.
Escrevendo sobre os autores da atualidade, buscando re-conhecer-lhes os
valores com sinceridade, dignidade e honra, posso dizer que são difíceis os
caminhos das letras, sente-se com facilidade as angústias, tensões, medos que
todos sentem bem profundo, aquela dor profunda que é isto o desejo da
imortalidade e as situações não serem nada fáceis. Sinto isto todas as vezes
que tomo da pena para escrever crítica sobre obras e autores.
Dentre todas as experiências que já vivi retratando-lhes e ás suas
obras, pude sentir mais de perto, presente e forte o que é isto divulgar o
homem e a obra, o que isto significa para ele.
Aconteceu com Antônio Nilzo Duarte esta experiência de sentir o que é a
felicidade, alegria de uma pessoa, quando se é sincero e digno com o que se
pensa e escreve sobre ela. Encontramo-nos em 25 de janeiro de 2007, quando ele
me presenteou os dois livros publicados sobre a sua vida com D. Neusa e
família. Escrevi-lhe missiva, dizendo-lhe o que as obras significaram para mim,
o que me despertaram no espírito, os horizontes que me mostraram. Ligou-me sobremodo
emocionado, pedindo-me para publicá-la, tinha condições de fazê-lo, seria o seu
modo de agradecer-me pela sinceridade e seriedade de meus sentimentos por sua
obra. Disse-lhe a missiva ser dele, fizesse o que desejasse com ela. Não
escrevera para ser publicada. Fora, o que me deixou feliz e satisfeito por
haver proporcionado felicidade e satisfação ao querido Antônio Nilzo Duarte,
tendo escrito e publicado quatro artigos sobre as obras, apresentado o seu
terceiro livro com outro artigo. Digo-lhe sempre: “Em verdade, meu querido,
fora você quem proporcionou outras alegrias e felicidades na minha carreira.
Não creio ter feito tanto por você como tem o prazer de dizer”. Desde o
encontro com Nilzo Duarte, a minha carreira de colunista sofreu grandes mudanças.
Não demorou muito, outra oportunidade se me apresentou, outra vez faria
a alegria, felicidade de alguém com as minhas análises, divulgação de valores
que merecem ser re-conhecidos e imortalizados. Escrevi artigo sobre uma crônica
de Marcos Antônio Alvarenga, barranqueiro do Rio das Velhas. Emocionado,
derramara lágrimas, chegando a soluçar, as emoções e sentimentos de estar sendo
reconhecido foram mais fortes que ele. Publicou missiva, agradecendo-me,
dizendo-me de suas emoções e sentimentos vividos, quando pela segunda vez
senti-me feliz e satisfeito, a diferença entre ele e Antônio Nilzo Duarte se
fundamentava no fato de Marcos Antônio haver sido o primeiro escritor a
publicar artigo em tablóide a meu respeito, Nilzo publicara a missiva a si fora
enviada, coisa que não imaginava fosse acontecer, e acredito terem sido apenas
os dois a fazê-lo, não haverá outro em Curvelo. Res-pondi-lhe a missiva a mim
enviada, noutra publicação, agradecendo-lhe o reconhecimento: quem se sentiu
confuso e perdido fora eu próprio, a alegria de ler palavras de outro a meu
respeito foi a responsável por assim me haver sentido. Serão amigos eternos,
nunca me esquecerei das atitudes dos dois. Há sinceridade e carinho entre nós.
As palavras de meu querido Ângelo Antônio se tornaram reais: “Manoel, quando
você faz as coisas só para si, sente-se angustiado; quando faz pelos outros,
sente-se feliz. Pense nisto”. Fazia vinte e cinco anos destas palavras de
Ângelo Antônio, e venho pensando nelas desde que foram pronunciadas.
Razão In-versa não é para mim, é para os companheiros de estrada, para
os leitores, para a cultura curvelana. Há dois ou três meses, Osmair Calazans
ofereceu-me uma poesia de Ludmila Paixão, funcionária da Copiadora e Papelaria
Fênix, fizesse alguma coisa por ela, incentivasse-a. Lera o poema com carinho e
amor, gostando bastante, escrevendo o artigo que está sendo publicado nesta
edição de E agora?. Infelizmente, na época, não iria poder publicar tão cedo,
pois que tinha outros compromissos de publicação de outras obras, mas se
encontrasse algum editor que publicasse tinha toda a liberdade. Olhando-a neste
dia em que a entreguei a crítica, senti profundo o desejo dela de se tornar
poetisa reconhecida, realizar a vida nas letras, o desejo mais que presente e
vivo de participar da vida dos homens, mostrando-lhes outros caminhos,
horizontes.
O tempo passou. Estava no Bar da Praça tomando cerveja, quando Ludmila
Paixão se dirigiu a mim, dizendo-me que fosse até á Papelaria Fênix,
presentear-me-ia outro poema de sua autoria, cujo tema era Mãe, por ocasião do
Dia das Mães. Que lindo!... Que doçura!... Ludmila é uma sensibilidade
especial, no seu sangue a poesia corre com efusividade, coração meigo e terno,
espírito que deseja a felicidade e alegria dos homens. Se m e emocionei com o
poema que já havia sido comentado, o poema das Mães tocou-me espiritualmente de
modo tão efusivo que me dissera silenciosamente: “Ludmila será a minha
protegida; a poetisa querida, farei de tudo para que se realize nas letras”.
Foi quando decidi vez por todas fundar Razão In-versa, suplemento literário
para divulgar as obras de meus companheiros, amigos e íntimos.
O que era sonho torna-se agora uma realidade. Convidei Delém, Ludmila,
Sargento Raimundo de Oliveira para serem da equipe de Razão In-versa,
publicando mensalmente seus textos, poemas, nas suas devidas colunas,
divulgando as artes e a cultura de nossa comunidade. Desejo também convidar os
amigos cordisburguenses, D. Ernestina Barbosa, José Maria para também
escreverem em nosso tablóide. Razão In-versa é cultura, é arte, e são artistas
que farão os rumos e horizontes deste suplemento.
Assim, nesta primeira edição de Razão In-versa, decido não centralizar
no lançamento deste suplemento, mas através dele fazer o lançamento de Ludmila
como poetisa, o objetivo e as intenções reais se fazem presentes.
Lanço poetisa, jovem que dentro traz em si ideais, sonhos, utopias
humanas e humanitárias, jovem que tenho a certeza de que irá contribuir com as
artes e a cultura curvelanas, jovem que com sua sensibilidade e
espiritualidade, contribuirá com mudanças espirituais nos homens, através de
sua arte encontrarão rumos e horizontes de felicidade e alegria na Vida.
Agradecemos aos leitores, colunistas, patrocinadores e colaboradores,
esta oportunidade de mostrarmos nossos trabalhos, dizendo, de antemão às
revezes, que nossas alegrias e felicidades são as alegrias e felicidades de
nossos leitores, de nossos admiradores. E agora, Razão In-versa? É seguir as
trilhas das letras com dignidade e honra, contribuirmos com as letras e a
cultura.
[1]Este 1º Editorial , publicado e lançado no Edifício
Pioneiro, Prédio da Associação Comercial e Industrial de Curvelo, aos 06 de
junho de 2008, não tem título específico.
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