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terça-feira, 24 de novembro de 2015

AO IN-VERNO DE LÁGRIMAS E ÁGUAS - Manoel Ferreira Neto



E tão longe ainda me encontro de uma verdade, o que fiz, construí, agi ou atuei são agora letras nos pergaminhos ou situações e circunstâncias passadas, prazeres ou infortúnios, lágrimas e águas, se fosse inverno assim o diria, mas, sendo outono ainda, decidi ousar na imaginação, na intuição de algo que se anunciara no espírito, mas o ínfimo tempo deixara em mim imagens que necessito delinear com as suas miríades espalhadas aqui e acolá.
Não é inverno, o outono há pouco se iniciou; se pensar com categoria, as estações este ano são atípicas, durante todo o verão chovera, tempo nublado, frio, pouco sol teve, e no outono continua a chuva.
Quem sabe seja um inverno atípico, fará muito mais frio que em anos anteriores, podendo dizer ser um inverno que há muitos anos não houvera, até especificando o número, o que ora não posso dizer, a menos que esteja interessado em “profecias”, e disto estou muito longe, não sendo objeto de minhas reflexões e meditações.
Abraços, beijos... Não há quem não os goste de receber, verdadeiros ou não, importa recebê-los; de quem sincero, sério, revelando seus mais profundos sentimentos, nada há de prazeroso, os abraços e beijos são incentivos, forças, fé – assim o creio.
Bem... Aceito abraços, sinto alegrias e prazeres. Seria atípico, se não o fizesse. Desde que sejam pessoas íntimas, amigos, aceito-os com prazer, também abraço e beijo. Se não o for, não vejo porque recebê-los, nada há o que justifique; o aperto de mão e o sorriso são suficientes, os cumprimentos normais e diplomáticos, às vezes.
Sair beijando e abraçando a todos, num jogo de interesses particulares e pessoais, isto jamais. Aceitar e endossar as idéias, comportamentos, hábitos, por que isto irá contribuir para conseguir alguma coisa no futuro, usufruir de alguns privilégios, de forma alguma. Não aprendi a falsidade, a farsa. Se tiver de criticar, a crítica será a mais límpida possível, até proporcionando ao outro a dúvida ou a ignorância se se refere a ele ou a quem quer que seja.
Digo o que penso e sinto, diretamente. Não uso de metáforas ou qualquer outra imagem. Digo de uma vez, nada há para daqui a pouco ou depois. Ouve o que tenho de dizer. Mais fácil.
Por interesses, necessidades, sei lá mais o que, serei falso, hipócrita, imbecil, fingido, se houver mais qualquer outro adjetivo, o espaço é curto para enumera-los, continuando a idéia? Isto é absurdo. Jamais o farei. Isto é uma determinação. Digo isto agora, mas as coisas ficando cada vez mais pretas, lanço mão, tornar-me-ei um carneirinho. De modo algum. Dizem até que o tempo molda o homem, ensina-lhe boas maneiras. Creio que em certas circunstâncias e situações isto é verdadeiro. Noutras, impossível.
Nada será capaz de vencer isto de dizer o que penso e sinto, não importando se aqui ou ali, com este ou aquele. Será com alguém. Há com quem não o faço, pois que são amigos ou íntimos, não havendo o que justifique rasgar o verbo.
Então isto de frente a frente sou um santo, mereço todos os louvores, de por trás, o diabo que me justifique, se continuar assim, não poderei nem ir para o inferno, a terra está cheia. Não participo deste jogo – moro numa favela, durmo pelas ruas, mas não vou perder os trajes, andar nu pela cidade; vou perder sempre até que nada mais me sobre.
Tendo podido olhar-me ao espelho, outras palavras não me disse senão “Sou quem eu sou. É o que me interessa”, pude compreender nada ser tão fácil, assumindo as conseqüências, considerando aqui e ali, modificando. Ser falso por interesses isto nunca, nem peço que o diabo me justifique, de antemão sei que não me aceitará, por o espírito crítico e polêmico haver sempre.
Inimigos... Posso hoje elencar algumas dezenas, mas alguém dissera que se conhece os amigos pelos inimigos que faz. Sei quem são os amigos, havendo alguns que nem Deus pode afastar, estamos unidos por Ele. Os amigos são os que me interessa bem íntimo, o resto é silêncio, indiferença, asco.
Há outro ensinamento que aprendi ao longo da existência, crendo eu até ser mais importante que outros: o dia que não mais puder me reconhecer, reconhecer quem sou e o que represento, aí sim me sentirei sozinho. É um traço da personalidade, assim sendo impossível de ser extirpado com todas as honras da vida, isto de não me importar com os inimigos, mesmo com os amigos, não são estes a razão de solidão - a falta de identidade aí sim.
Quem sabe não tenha em tão breves letras identificado e demonstrado alguns traços da vida que sei morrerão comigo, por que me preocupar com após a morte, se só lá vou saber? Importa é que não sou e nem serei falso, hipócrita, imbecil, por interesses particulares e íntimos. Orgulho-me dos inimigos que fiz e que farei. O elenco será imenso, não tenho dúvidas.
Nem quem sou levo comigo, por que me preocupar com falsidades e farsas, interesses, para ter o que levar, se em vida acreditei não me era possível a sinceridade e franqueza, não me era possível adquirir valores ditos e reconhecidos morais e éticos? Preocupa-me sim a identidade, a solidão não me fará qualquer bem, não me confortará...           



















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