Parece-me a vida indistinta
Quer atardar-se no sono inautêntico,
Intenciona adiar-se no adormecimento autêntico.
De não permito palavras lançadas.
Dizer o que sinto, nem mesmo a terra,
Os restos mortais,
Irá separar: a individualidade está consumada.
Rumo ao mundo, à humanidade, felicidade
incomensurável,
Estética imenso feliz por haver abraçado a
plen-itude,
Poiésis de prazer por haver-me comungado à
etern-itude.
Há uma certa sensualidade num amplexo estético.
Os olhos sentem os instantes de tristeza:
Servem-lhe profundamente na atitude de
vislumbramento e entre-visão.
A sensualidade greta-se com o suave como para dar
a-colhida
À nobreza de sentimentos.
Encontro o sentido do amor e da amizade.
Nenhuma forma de vida detém a totalidade mais tempo
Do que lhe é necessário para se dizer.
Por vezes, não sinto limites em meu corpo.
Ponho ao nível de suas sensações as extremidades
Algo longínquas das mais nobres emoções.
O porto, onde minh´alma, enfim, repousa,
Con-templa o mar.
Toda forma não assume senão por ínfimos momentos
O mesmo ser.
A lucidez das imagens traz-me este silêncio cheio
de palavras.
Este silêncio não se lhe afigura a um diálogo ou
monólogo.
É um silêncio ausente de silêncio.
É uma ausência de silêncio, faltando e falhando
No enigma do escuro, no segredo da claridade.
- Manoel Ferreira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário