O ele-ir-passando-até-não-se-saber-quando
É motivo de enfiar a alma entre as pernas,
Os instintos de por baixo dos braços,
E, de suspiro em suspiro, ruminar perdas,
Coaxar fracassos, zurrar decepções, relinchar
frustrações,
Aprendendo, na estrada, que o sofrimento
É louca alavanca para a esperança.
O ele-ir-passando-até-não-se-saber-quase
Esquenta na memória tão passadas águas
Esfria nas recordações tão idas chamas
E tão pesadas mágoas que moinhos movem
Que farinhas fazem de cada pensamento
Entornando pranto na pedra desse peito.
O ele-ir-passando-até-não-se-saber-Quem
Com poderosas mãos egressas das esferas
Paralisa toda ânsia, separa o joio
Anestesia todo desespero, separa ossos e cinzas
E das espumas das vidas indefinidas
Deixa fluir da morte a fonte mais bendid=ta.
O pão nosso de cada instante
Do sentido de cada palavra,
De cada belo,
De cada feio,
De cada gesto,
De cada inspiração.
O sentido está em,
Nascendo do mais íntimo,
Abrir-me para o outro.
Quero viver, não sei viver,
Por isso, anônimo e encantado,
Rumino para me pertencer,
O que soube o perdi,
O que pensei já o foi...
Miragem
Que é oásis de alegria,
Que enche os olhos de fé,
Esperança,
E faz-me forte,
escorando o dia.
No deserto inóspito de mim
Eu ter a glória de perder-me
Em pensamentos felizes
Por a imagem haver criado
RAÍZES...
[Manoel Ferreira]
Nenhum comentário:
Postar um comentário