Ao
Roberto Figueiredo dos Santos
Ode
às putices do filhodaputa
Por
serem as sementes e raízes
Do
nascimento de novos valores
Entre
as estirpes de laias duvidosas,
Entre
as laias de estirpes ilícitas,
Fechando
os caminhos das tradições
De
valores e virtudes,
Abrindo
outras veredas
Para
as libertinagens,
Trastices,
Do
caráter
E
dos instintos!
Dizer
ou afirmar com prepotência, mesmo sem ela, de modo simples e humilde, os
filhosdaputa são misteriosos, os mistérios de suas putices são sementes da
vida, são raízes abstratas do que há-de se a-nunciar no Olimpo das grandezas de
seus escusos hábitos, vícios, comportamentos, no Apocalipse da ausência de
caráter e personalidade, e até sentirem-se extasiados por conhecer e saber com
percuciência o que elas, as putices, trazem de benefícios e privilégios para a
real-ização dos interesses e objetivos, sobretudo os individuais e de ordem
econômica, todas as alegrias e felicidades habitam-lhes, o que lhes habita a
essência do ser e de seus tempos desperta-lhes para a busca de esclarecê-los e
torná-los transparentes e reluzentes, a Imagem Suprema da alma, não é está-la
definindo de modo absoluto, seja verdade absoluta, jamais haverá quem isso
conteste ou diga que nas situações e circunstâncias do tempo era essa a
definição que se poderia esperar, até que se poderia obter, era o que se
poderia considerar e reconhecer sublime e esplendoroso, as luzes plenas não
haviam sido acesas ainda, na continuidade das relações sociais, políticas e
econômicas, até que fora iluminado para assim definir com toda propriedade,
fora muito feliz, mas os tempos são outros e tais palavras não mais têm o menor
sentido, já nem se explica por que razão serem pronunciadas, por que motivo
serem ditas com ênfase e euforia, as ciências e o conhecimento se
desenvolveram, progrediram, não existem mais mistérios, a vida dos filhosdaputa
é livro aberto, as páginas à vista de todos os olhos de lince ou retinados,
mostrando todas as letras que podem ser lidas livre e espontaneamente, e com a
leitura reverenciar o que há de vir, o que há de ser, con-templar o abutre que
voa de um extremo ao outro do uni-verso, em busca de seu in-finito, do
horizonte onde pousará e olhará todas as carniças de frente, baterá suas
asas alegremente para mostrar e
id-ent-ificar que os seus projetos foram sim concretizados, poderá atravessar o
que há para além do bem e do mal.
Ode
às imbecilidades do imbecil
Por
regarem os risos e sorrisos
Dos
idôneos de princípios,
Oportunidade
única de eles sentirem
No
âmago de si mesmos
O
que é isto – ser retrógrado
E
alienado
Nos
tempos modernos,
O
que é isto – viver de passado,
Alienado
em patrimônio cultural,
Histórico
e artístico!
Ode
às cretinices do cretino
Por
mostrarem com dignidade,
Honra,
Só
as idiotices são capazes
De
real-izarem o que há de mais íntimo
E
percuciente
Nos
sonhos de outras realidades,
Horizontes,
De
tornarem reais
A
vida sem qualquer sentido,
Só
nascer, prolongar-se no mundo,
Conservarem
as cretinices passadas,
Criarem
outras inéditas para as gerações futuras,
Morrerem
por encontro
In-evitável!
Ode
às maneíces do Zé
Por
despertarem olhares de esguelha
Para
todas as suas falas e dizeres,
Discursos
na tribuna,
Em
eventos sociais e políticos,
Tornarem-lhe
a febre do momento
Em
todas as situações,
Tornarem-lhe
objeto de atenções
As
mais di-versas,
Tornarem-lhe
querido
E
estimado em todas as rodas
De
bate-papo,
Sejam
de coisas sérias
-
quem não aprecia risadas sensaboronas
À
custa de alguém? -,
Avançadas,
de nível profundo,
Retrógradas,
superficiais,
O
que lhe deixa exultante de felicidade,
Não
sente mais a inolvidável solidão,
Indescritível
sentimento de abandono!
Ode
à libertinagem dos libertinos
Por
fomentarem os instintos vários,
Deixando
a alma depravada
No
jogo de luz e sombra,
As
atitudes e comportamentos
Ficando
no cio
Do
coração alucinado, des-vairado,
Varrido
da silva,
As
ações e ímpetos
Varrendo
as nuvens
Da
dignidade,
Limpando
as estrelas
Das
honrarias,
Faxinando
a lua
Dos
idílios, sorrelfas
Do
amor eterno,
Andando
à deriva
No
sem-limite,
Na
permissividade!
Ode
à permissividade dos canalhas
Só
por inter-médio de todas as porteiras
E
cancelas abertas, escancaradas
Torna-se
possível
A
construção do nada
Soldando
outros estilos e linguagens
De
vida,
Na
imagem baça dividida
Irrompe
lá do vazio
Das
canalhices
Novas
criações
Da
desesperança,
Como
toda
PERSONA
NON GRATA!
Mesmo
para as verdades absolutas quaisquer definições são efêmeras, esvaecem-se num
piscar de olhos, num passe mágico de uma arte ou de uma arbitrariedade solene e
sublime. Viver sem definições ou conceitos é talvez o mais inteligível e
aconselhável, o mais tranqüilo, ec-sistir à margem dos princípios, dogmas,
tradições do bem e do mal é o mais aconselhável por assim estar aberto a novas
experiências que, com certeza aprofundam a natureza e o instinto. O Livro Sagrado é testemunho divino de a vida
serem mistérios, habita-lhe o ser, desde o Gênesis até o Novo Testamento,
nenhuma ciência ou conhecimento superou essa verdade, sê-lo-á por todos os
séculos e milênios. Seria que devêssemos os homens nos entregar por inteiro a
in-vestigá-los e des-vendá-los? Ou seria que devêssemos fazer deles a pedra
angular para as luzes iluminarem as nossas estradas, por vezes íngremes, por
vezes não, a partir de nossas atitudes e ações, de nossas palavras em busca da
verdade, em busca da sublimidade da vida e da contingência de nossos desejos de
saciar as nossas fomes seculares e milenares? Nem uma coisa nem outra, tenho
dito, sentindo-me, por mais inteligível que possa parecer, eufórico e charmoso.
Ou seria que devêssemos cruzar os braços e lhes sermos indiferentes? É seguir nas trevas e nas sombras, putices
e imbecilidades, maneíces do Zé,
libertinagens e permissividades, quiçá o fim não seja o mesmo para os que se
entregaram a buscar a redenção dos pecados e a ressurreição.Quem disser que os
senões foram dissipados, extintos, com efeito, está absurdamente equivocado,
alienado ou ensandecido, ou mesmo não se sente vida, não sente estar no mundo,
não se lhe concebe um ser, um instinto, servindo a interesses e ideologias que
não são os seus, apenas para receber os cumprimentos das mãos que se tocam
mutuamente, os sorrisos e tapinhas no ombro,
à moda, linguagem, estilo dos mineiros, alfim estão esquecidos de si
mesmos, não mais atribuem qualquer valor à vida, ou tentando ludibriar a si
mesmos por não terem coragem suficiente para assumir a vida, os seus limites e
incapacidades, os seus problemas, dores e sofrimentos, entregarem-se à feitura
do próprio destino através de lutas autênticas e peculiares.
Ode
às zeíces do Mané
Por
ornamentarem com distinção
E
estilo
O
irônico e o mordaz
Da
crítica do quotidiano,
Até
a prostração da auto-crítica
Desolada,
O
agressivo de sonoros
“filhos-da-puta”,
Até
o lúdico de uma carícia familiar
E
supostamente burguesa!
Ode
as cafajestices do cafajeste
Por
serem elas que,
No
silêncio,
Falsificam
os verbos da eloqüência
Em
forma,
Da
verdade pontuda da carne,
Da
planície lúcida
De
onde emerge a montanha do ser;
Por
à luz e mercê delas
A
humanidade des-ocupar-se
Em
ec-sistir,
Sobreviver
até que a morte
Tenha
o termo eterno para roer!
Ode
às suciedades do burguês
Por
dinheiro fazerem poupança
Do
desespero, angústia, medo,
Por
os juros delas no inferno
Serem
pequenos,
Por
as cifras do lucro no sangue
Escolherem
a morte
No
instante do sono profundo,
Por
na arapuca de Morfeu
Serem
as suciedades
O
sangue coagulado
Do
espanto,
Da
estupificação!
Ode
às justicices do Poder Judiciário
Por
elas serem as verdadeiras responsáveis
Pela
ausência de punidade,
Abrindo
os caminhos e veredas
Para
A
sociedade despertar daquele
Sonho
de paz e tranqüilidade,
Romantismo
de sétima categoria e estrela,
Entregar-se
ao jogo real
Das
violências todas,
Dos
crimes hediondos,
Das
corrupções em todos os níveis,
Trevas
e desenganos
Varrendo
a réstia tênue
Do
crepúsculo!
Ode
aos sonhos dos sonhadores
Que
desejam suas éguas desembestadas,
Seus
jegues no pasto
Comendo
do mais delicioso capim,
Seus
porcos no chiqueiro,
Desfrutando
de tranqüilidade,
Após
a lavagem do meio-dia,
Suas
éclogas desnatadas,
Suas
liberdades que já tardam
Os
camelos sedentos
No
meio da cáfila!
Contudo,
e não é estar iludido, fantasiando as coisas, criando quimeras di-versas, para
conseguir continuar seguindo as minhas trilhas em direção a todos os infinitos
e horizontes, não é estar tripudiando, enganando a mim próprio, facilitando as
coisas, vejo e sinto luzes várias que podem iluminar e iluminam os caminhos de
trevas, e mesmo que sábios me dissessem o contrário não iria dar em nada
des-acreditar nessas luzes, ainda assim acreditaria, ainda assim juraria com a
mão esquerda sobre o Livro Sagrado, trilharia todas as estradas do não, como é
a própria vida, o desejo da redenção e ressurreição, motivado pelas chamas do
caldeirão do inferno, é que tergi-versou os caminhos, que são as viagens ao
infinito dos verbos de sonhos explícitos e eternos. E que luzes são estas? – é
o questionamento que todos os que comigo estão presentes nesse instante,
incentivando-me a criatividade, sensibilizando-me a alma, dando-me coragem para
adentrar-me no que há de mais íntimo na natureza e instintos, em que teço essas
palavras nessa página, com esmeros inestimáveis, quero lúcido e lúdico o que há de mistério e inconsciente,
o que há de trambicagem e indignidade, murmurando, sussurrando, em silêncio, os
olhos perdidos no espaço de todos os versos e verbos da noite e do inferno; estão
ansiosos por conhecê-las, quem sabe esteja eu com razão, quem sabe possam
destilar as minhas palavras, torná-las pedras angulares de suas buscas da
plen-itude do arbitrário e gratuito?! São elas as nuanças e perspectivas da
esperança.
Ode
à pedofilia dos clérigos pedófilos
Por
ensinar às crianças e adolescentes
O
que é isso aprender os clímaces
E
gozos da carne,
Ao
longo da vida lhes desenvolverem
A
ponto de os verbos da sensualidade
E
sexualidade
Se
tornarem em carne fresca,
Sedenta
de prazeres e alegrias,
Sendo
isto abençoado por Deus,
Pelas
mãos de seu representante
No
mundo.
Ode
às indecências do indecente
Por
seus vocábulos e termos
De
baixo calão
Enriquecerem
os dicionários,
Transformarem
os discursos
E
oratórias,
Nas
tribunas esclarecerem
Os
interesses e ideologias
Escusos,
Muitas
vezes escondidos
Pela
tradição, erudição
Estilística
e linguística
Da
Última Flor do Lácio,
Nos
diálogos de ruas,
Praças,
botequins,
Dos
cônjuges com os filhos,
Amigos
e íntimos,
Id-ent-ificarem
com primor
Suas
naturezas e instintos!
Ode
às defencices dos advogados,
Repletas
das mais lindas oratórias,
Cujos
interesses nada mais são
Que
a perpetuidade,
O
nome inscrito na história para sempre,
Erudição
de fazer lágrimas de emoção
E
êxtase,
Em
nome de diminuírem a pena
De
um assassino hediondo,
Evitando
assim que as penitenciárias
Não
fiquem entupigaitadas
E
o respeito ao ser humano
Não
seja negligenciado.
Ode
às politiquices dos políticos
Por
só através delas
As
mentes são apagadas,
Os
cérebros devidamente lavados,
As
inteligências eliminadas,
Possível
então
Os
tráficos de influência,
As
verbas desviadas,
As
propinas milionárias,
A
aquisição ilícita
Do
dinheiro público,
Vinhos
e uísques
De
primeira,
Luxos
e luxúrias di-versas,
Manjares
deliciosos
De
primevo e primeiro mundo,
Secretárias
de assuntos aleatórios
As
mais lindas e sensuais,
Acima
de nada,
Abaixo
de tudo,
As
importâncias das oliveiras
E
day-réis,
Os
orgulhos e lisonjas
Do
bem-estar!
Ode
às intelectualoidices dos intelectuais
Por
serem com elas
Que
as teorias ficam sem solo de por
Baixo
dos propósitos idôneos e lídimos,
Na
cisterna sem fundo de água,
Só
terra íngreme e trincada,
No
abismo sem início e profundidade,
Só
vácuo,
De
por cima dos nonsenses
Das
utopias e sonhos
Que
visam as luzes e esplendicências,
Até
mesmo es-plendicidades
Medievas,
À
mercê da medieval idade,
Medievalidade
das idéias clássicas,
Eruditas,
Deturpadas
pelos interesses de outras
Realidades
ou mesmo de outras ideologias do
Mesmo,
de outridades do tempo,
Originando
e nascendo,
Sendo
dada à luz
Aos
trigos e joios,
Misturados,
separados,
di-vididos,
alhos
e bugalhos, di-{s}-sociados
da
realidade presente,
das
veias do coração
que
pulsa o sangue,
negligencia,
nega,
refuta,
e
ainda espera
a
transformação da carne em verbo,
a
mudança de conjugações
em
id-ent-ificações
da
pessoalidade
dos
pronomes.
Ode
às vulgarices
Putices,
Imbecilidades,
Cretinices,
Libertinagem,
Permissividade,
Cafajestices,
Suciedades,
Justicices...
Que
serão húmus de outros
Pensamentos
e idéias
De
saber e conhecimento,
Através
da vida,
Da
ec-sistência,
Para
a AURORA,
CREPÚSCULO
No
vai-e-vem dos acontecimentos,
Iluminarem
os olhos em-si-{mesmados},
Da
in-ec-sistencia da vida,
Da
con-tingência,
Da
im-anência
Do
ser por vir,
Da
nad-ificidade
Do
“Aqui e agora”
Das
Odes às Luzes
Pouco
a pouco!
O
tique-taque do relógio que move o ponteiro dos segundos, lentamente, à mercê do
piscar de olhos, à mercê de passos mágicos, o tempo que passa na roda-viva dos
desejos e sonhos esquentam na memória tão passadas águas, tão pesadas mágoas,
contundentes ressentimentos, que moinhos movem, cata-ventos giram, farinhas
fazem de cada pensamento, de cada idéia, idéias e fantasias do grão, haja sacos
de aniagem para colocá-las dentro, entornando pranto na pedra desse peito,
lágrimas que deixam em sua superfície o lodo e o sal.
Sentado
aqui na cadeira de balanço, nessa manhã ensimesmada, as montanhas cobertas de
neblina, pernas cruzadas de por baixo da mesa, balançando-a, por vezes
suspirando, abaixando a cabeça, observando os tacos sem qualquer brilho, há
tempos não é encerado, apenas passo a vassoura para tirar a poeira, dando-me
por satisfeito, ou olhando a parede de cor cinza de modo em absoluto abstrato,
ouço músicas, os sentimentos são inúmeros, re-conheço-os sensíveis e
melancólicos, não sei nem conheço o que lhes habita o mais profundo, se, em
verdade, abrem outras janelas e portas de novas dimensões da vida e de meus
projetos de felicidade e alegrias, de ser o que em mim sou, ser o outro de mim.
Com poderosas mãos egressas das esferas paraliso toda ânsia, todas as
inquietações e inseguranças, todas as dúvidas e desconfianças, separo o joio, e
das espumas das vidas in-definidas fluem da morte a fonte real e mais
verdadeira das escusas características dos instintos.
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