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domingo, 22 de novembro de 2015

**HOUVESSE SIDO AMANHÃ - II PARTE**


Houvesse sido amanhã o con-templar as futurais con-ting-ências do não-ser, a liberdade comprometida, à beira do abismo, sentimentos e emoções vazios, perdidos no tempo, devaneios e idílios, a consciência do mundo e das coisas desvairada, a vida sem quaisquer destinos, a boca cheia de dentes, esperando a morte se a-pres-ent-ar, pres-ent-ificar-se, quiçá, ao invés de seguir o caminho antes traçado, burilado, delineado, entraria no campo aberto à frente per-cursando-o, alguma res-posta se me surgiria, tomá-la-ia nas mãos feitas concha, versaria outro horizonte, com ele teceria um destino que me trans-elevasse do nada incólume ao in-finito do afluir-a-ser, com efeito, nestas circunstâncias e situações, não haveria possibilidade de permanecer, seria o mesmo que cruzar os braços, deixar à mercê do tempo a solução, o que não aconteceria. Amanhã seria mister a postura irreversível, ou melhor, dependendo de refleti-la, analisá-la, modificando-a conforme o andamento das con-ting-ências, um destino versaria com o nada, isto não é inconcebível, isto é a verdade. Houvesse sido amanhã...
Houvesse sido amanhã o pensamento de que a decisão de sair da beira do abismo, tomar um rumo, utensiliando linguagem vulgar, e construir outro estilo de vida, reerguer o que fora feito escombro, poderia ser pior, os escombros se tornariam cinzas, não havendo mais qualquer retorno, condições de prosseguir, o absurdo se efetivaria, deveria sim re-fletir, meditar, como diz o senso comum "pensar cem vezes antes de confundir o trigo com o joio", e diante das situações já vivenciadas era testemunho, quem sabe faz a hora não espera acontecer, a sabedoria é o eidos do afluir-a-ser. Angústias, medos, tristezas são compreensíveis, inteligíveis, são cernes do porvir. A vida responde aos questionamentos e necessidades, quando a consciência diz as con-ting-ências entre o sim e o não, as contradições entre a verdade e a in-verdade, as dialéticas entre o ser e o não ser encontrarão harmonia, sintonia e sincronia com o verbo das travessias, digo, momento em que iríases e yalas do in-finito se sintetizam e o além se re-vela alameda a ser trilhada com os passos do espírito do há-de ser. Houvesse sido amanhã...
Houvesse sido amanhã as cintilâncias das estrelas, o brilho da lua a velarem signos, símbolos, efígies e metáforas do desejo, sonho, esperança, não especificamente do além, que significa suprassumir os valores do tempo nas estradas do nada, ossuários do vazio e absurdo, mas do aqui-e-agora sob o olhar das perspectivas da visão, sob as inspirações dos primevos a-núncios do caos e as futurais re-velações das ex-tases do ec-sistir, que concebem, geram, dão a luz ao pleno, continuidade contínua de criar, re-criar, in-ventar, re-inventar, in-vestigar, re-in-vestigar as nonadas das sublim-itudes e versá-las sublimes do ser verbo paráclito do eidos do ser e estar-no-mundo. Houvesse sido amanhã...
Houvesse sido amanhã que garatujasse estas letras, pers-crevesse essa linguagem, pres-crevesse este estilo de expressar, além disso comunicasse os estados de alma que no momento estão pres-ent-ificados, nem mesmo a chuva fininha caindo "enquanto" durmo, aliviando-me das vigílias de respostas simples aos questionamentos percucientes, seria capaz de no acordar libertar-me, haveria inda de continuar re-fletindo, meditando, fosse mister exilar-me nalgum deserto para con-templar as iríadas dos sonhos e esperanças. Houvesse sido amanhã...
Ontem não houvera sido, hoje não haveria de sê-lo, amanhã houve, quando silenciaram os in-fin-itivos, e verbalizei o tempo do afluir-a-ser.

Manoel Ferreira Neto.

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