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terça-feira, 24 de novembro de 2015

E SONHOS DO VERBO ÀS UTOPIAS DO VERSO POIÉTICO/”UTOPIA CRISTÃ NO SERTÃO MINEIRO”[1] Manoel Ferreira Lemos (01 a 09 de março de 2012



O projeto era publicar em sua íntegra a Introdução de Utopia Cristã no Sertão Mineiro – Uma leitura de “A hora e vez de Augusto Matraga, de João Guimarães Rosa, dissertação de mestrado do curvelano Paulo César Lopes, como esclarecimento e explicação das influências que a obra exerceu em mim, as contribuições que me legara na trajetória de minha obra, desde 1997, mas por questão de contrato com a Editora Vozes não pode ser publicada através de outros recursos ou meios; a opção fora parafrasear, meta-frasear o texto, de modo que as intenções do projeto fossem realizadas; a referência abaixo me fora ditada por Paulo César Lopes. Aliás, deste modo a originalidade se faz mais presente, ademais pensara em obra literária e não ensaio literário-filosófico.

Nada neste mundo divino e humano preocupa-me tanto quanto o “eu”, tanto no que concerne à obra ser a origem do artista, o artista ser origem da obra,então a origem deve ser vivida com responsabilidade, não deve ser negligenciada, esquecida, com preconceitos e recriminação, juízos escusos e censura, quanto à individualidade do homem, caráter e personalidade, estilo e modo de pensar, agir, pouco mais desejo que real-izá-lo real e dignamente, não para me colocar sentado na cadeiríssima do Olimpo, isto é de uma vulgaridade sem precedentes, orgulho e vaidade são nonsenses dos mais ridículos,simplesmente para ser “eu” mesmo no íntimo e percuciência de mim, esse mistério de estar vivo, enigma de prolongar-me no mundo, ec-sistir, de ser corpo e alma, homem,pessoa, cidadão, de estar aberto e fechado a todas as situações e circunstâncias, a todas as dimensões do bem e mal, não só a natureza ama ocultar-se e revelar-se, os homens também o fazem, perambulices da realidade,pestinhices da fantasia e da mentira, de linguagem e estilo irônico, sarcástico, satírico, quando os ácidos re-clamam ser destilados, as hipocrisias ultrapassam os limites de tudo, sinto-me estar num estábulo ou chiqueiro, necessário lavar a alma delas com creolina, gasolina, ácido sulfúrico, o que chamam de “pegar pesado”, à luz da poiésis e das contingências todas,quando a sensibilidade e espírito clamam por louvores e glórias, a densidade das idéias, intelecto e razão querem o direito de figurarem com a magia do profundo e do inter-dito, místico do trans-cendente, mítico do além, à mercê dos valores e virtudes desde a Grécia Antiga à eternidade de todos os tempos, em busca da verdade minha, adentrando as de outrem é simplesmente conseqüência, a pré-{s}-ença da flexibilidade no arrasta-pés de poderes e talentos, no forró de paixões e amores di-versos, achar-me separado e isolado de todos os demais, da raça com suas estirpes e laias di-versas, da natureza com suas farsas, falsidades e instintos in-úmeros, espírito e alma únicos, sozinho ser, viver só do que faço de mim no mundo, da arte que me coloca numa posição privilegiada, da prosa-poética que me extasia, das utopias poiéticas que dão asas para voar em direção ao infinito dos amores e felicidades, dos sonhos verbais que me fascinam, curtir idéias que são a-nunciadas em mim, torno-as realidade, torno-as sementes para outros conhecimentos e sabedorias, de minhas angústias e desesperos, desconsolos e desolações, incluindo nada haver que me alivie a não-aceitação da morte, assim ter de id-ent-ificar-me, matar a serpente e mostrar o pau, o não-ser que habita o ser, o ser que habita o não-ser, desejando se comungarem, aderirem, a transcendência se fazer pré-{s}-ente, outras conquistas e real-izações se a-nunciarem, re-velarem-se, e na Vida e letras re-presentarem-lhes com distinção e verdade, de os homens assim me re-conhecerem, considerarem-me, ser esta a minha verdade, e me não poder trans-cender senão com a esperança de o espírito voar os horizontes da vida, os uni-versos dos verbos sedentos de se tornarem carne viva e vermelha, as pers-pectivas do ser de se metamorfosearem em imagens da memória, o sangue nas veias correr com mais pujança, ferver com mais facilidade do que o de costume com a beleza da vida e do mundo, e não com os desaforos e insultos de outrem, como rezam as minhas origens sertanejas, seja em que lugar sofrê-los, não os levo para casa, aceitando-os, não volto mais para casa, tornar-me-ei mendigo, nas asas de todas as fés cristãs e pagãs, mitológicas e místicas, lendárias e contos-do-vigário,folk-lore do quotidiano social, crenças ideológicas e querências particulares, esperanças de agora e de outroras, fé em algo que trans-cenda, ultrapasse os limites do bem e do mal, eterno e efêmero.

Atrás, um sonho se eleva ao in-finito,
Coro maternal de cânticos sonoros
À frente, a utopia da poiésis do verso,
Cântico de crepúsculo de melodias silenciosas,
Canção de aurora de ritmos serenos e suaves,
Fado de enluaradas noites de lírica romântica,
Trocas de dedos de prosa nos cantos, recantos,
No meio da multidão, nas mesas das barracas
Na extensão da Praça da Cultura,
Forró de inverno de encontros familiares,
Entre amigos, conhecidos, visitantes,
Regados a churrasquinho e quentão,
Arroz com galinha, a pinguinha da roça,
Na nostalgia do passado, na melancolia do porvir,
Na poesia do momento, na poiésis do tempo,
Na imanência da alma,
Na trans-cendência do espírito,
Do divino e da divinidade
Do aqui e agora;

Sonhar os formatos oxigenados
De sublimidade e esperança
De estar a cada instante de re-flexão
Ou de liberdade de sentimentos e emoções,
Desejando a poesia-“reflexo do real,
Mas um reflexo revelador”,
“O real poder de olhar de frente,
Vendo coisas que normalmente não vê”
Livre pensar irrestrito,
Livre-arbítrio da beleza indizível
Num só encanto,
Num só vis-lumbre ou a-lumbre das emoções,
De suas dimensões de sensibilidade e intuição,
Numa só con-templação dos sentimentos
E sensações que abrem os solipsismos do
Ser, as entregas verdadeiras do Não-ser,
Profundeza da vaidade insensata,
Superficialidade do orgulho descaracterizado,
Vaidade de ser, de acontecer,
De passar a amar no de-curso e per-curso
                   Da vida
O fulgor da virgin-idade mental,
“... integrar o saber sensível ao
Saber racional para suprassumir a razão
Presente, elevando-a a uma razão
Não só da cabeça, mas do Ser por inteiro”.
Despertando em mim as forças criadoras da vida,
As dimensões dos desejos de saciar a sede de conhecimento,
As vontades da verdade e da sabedoria
Profundas e eivadas de outros infinitos a serem conquistados,
Real-izo a minha íntima essência,
A essência da vida.

Nada nesta vida emociona-me tanto quanto o espírito, essa águia que atravessa o In-finito de cabo a rabo, fio a pavio, por vezes apenas pairando no ar, à mercê dos ventos, deixando-se levar, deliciando-se em seu próprio espetáculo de dança, deixando-se cair e subindo quase além do Olimpo dos deuses, por vezes batendo as asas livre e espontaneamente, a certeza de que nada irá impedi-la de real-izar o seu destino único e ecs-clusivo, e continua voando sem limites e obstáculos por sempre, por toda a etern-idade, nalgum sítio descansando nos auspícios de algum pico ou montanha, na areia de oceano ou mar, à margem dos rios, riachos, na grimpa de uma árvore qualquer no serrado, na galha de arvoredo no chapadão, o canto profundo, na fresta de um telhado à vista da imensidão do espaço, re-cuperando as energias para outros vôos, outras conqu-istas do espaço e do ar. 

Águia que atravessa o In-finito
De cabo a rabo,
Numinando com os seus olhares
O itinerário que segue e per-segue,
À mercê dos ventos,
Deliciando-se em seu próprio
Estilo de linguagem, performance e estilo de vôo e dança;
A águia continua voando sem limites e obstáculos
Por sempre, por toda etern-idade,
Outras conqu-istas de desejos, vontades,
Razões se me a-nunciam no íntimo,
No espaço de letras e idéias,
Busco o sonho de entregar-me
Inteiro aos verbos que me habitam,
Estar a liberdade em questão,
Suas conjugações defectivas ou não,
Aos sonhos que me perpassam
O corpo em sua árdua tarefa
De criação e re-nascimento.
Hoje, não mais, pequeno sou, sou grande,
Ando e ajo com sentimento de ser quem sou,
Até os sapatos de saltinhos de quinze centímetros,
Os famosíssimos saltinhos de agulha,
Sentem que são eles,
Dobrados, tenho os anos da vida
Nas mãos feitas concha,
Onde quer que ande
Buscas me seguem nas trilhas,
Nos caminhos do campo,
Alamedas e becos, estradas de largura mínima,
Vou construindo as veredas
Com os passos e traços que deixo
Nítidos e transparentes.

Posso agora sobrevoar florestas silvestres, rios, mares, picos e montanhas, chapadões e desertos, “Se o Ser se faz continuamente, a continuidade é também o Ser”, faltava-me algo que me despertasse essa consciência, Utopia Cristã no Sertão Mineiro fora, é e sempre será ela, a consciência-estética-ética que lhe habita as profundezas e essências; posso imaginar muitas coisas, imaginar, por exemplo, que meu maior desejo seria chegar ao deserto de Saara, con-templar a imensidão de areia, sentir o calor escaldante no corpo, observar os raios de sol incandescentes, estar bem confortável na corcova do camelo, ou algo no sentido; mas só poderei querer isso com suficiente intensidade e realizar esse desejo, quando realmente ec-sistir em mim e todo o meu ser se achar penetrado por ele.

   “Vida é desejo,
vontade e razão.
Tudo ao mesmo tempo,
Eros, pathos e logos
Em busca de sua realização”.

Eis que
Busco no horizonte
O uni-verso
Das con-tingências,
Nas con-tingenc-idades do medo,
Hesitações, relutâncias,
Da angústia, tristeza,
“A beleza é uma experiência de purificação
Que permite conhecer as coisas como são,
Em seu mistério”.
“Olho as coisas de dentro,
Em comunhão com a minha subjetividade
In-verto o modo habitual da Inteligência de conhecer”,
Re-verto a linguagem e estilo comum do
Olhar as coisas e os objetos,
Do sentir e projetar o não-ser
Nas asas do ser dos verbos e utopias
Que não quis desabafar, que “desenbuxei” vez por todas, 
De outros amanhãs, eivados de re-flexão,
Meditação sobre as esperanças que me habitam
Desde a uni-versidade à etern-idade do amor
E do verbo amar,
Do medo do sonho da realidade
Da Vida, das conquistas e glórias,
Às avessas da razão tradicional,
Tecida de lógicas e argumentos,
Construo a sensibilidade, a subjetividade
Do ser, da alma, do espírito,  
Pensando SONHO DO VERBO AMAR,
Em seu inter-dito o MEDO está presente,
Para saber o espírito com mais percuciência,
Para penetrar mais fundo nos mistérios
Do ser e não-ser,
Sentir presente e forte em mim dentro
Que a trans-cendência do In-finito em si
É sempre in-finitamente maior do que
Todas as suas imanências nos finitos.

Descendo o dia em câmara lenta,
Misterioso silêncio,
Mágica solidão de alegrias e importâncias,
Na espera do dia-a-dia,
Perdendo o horizonte
O dia mastigando um resto-noite
Cansada, vivenciada,
Ganhando uni-verso-nuvens,
A madrugada ingerindo um vestígio
De trigo vivo e suave,
Separado do joio da falta-de-ser.

Acordo, após sonho tranqüilo ou pesadelo angustiante, a alcova na completa escuridão, a doce-companheira-e-esposa virada para o seu cantinho, nem é preciso tempo para conciliar o sono, fá-lo num piscar de olhos, dormindo leve e suave, e no seu espírito a nuvem do amor verdadeiro e divino pairando-lhe em todo o seu ser, a felicidade seja real em seu quotidiano,a alegria seja divina e absoluta em seus olhos verdes claros, a sabedoria da palavra se mostre em sua língua em riste, assim o desejo em todos os momentos, desejo-lhe a felicidade plena, absoluta, na eternidade lembre-se de seus prazeres, alegrias, ouvindoo latido de um cão, o canto de um galo fico, se faltando minutos para o dia amanhecer, o trinar de pássaros, uma música de indescritível beleza e sonoridade, quando sorrio e todas as esperanças se me a-nunciam reais e verdadeiras, elevo os olhos aos céus em reverência e agradecimento à beleza e ao belo de todas as coisas, à consciência que nasce e re-nasce na continuidade das experiências e vivências, da natureza em especial onde Deus deixou o Espírito Santo revelar mais resplandecente e esplendoroso, aos amigos íntimos o amor verdadeiro e real que me dedicaram e com ele segui as trilhas da vida, as radiopatrulhas entrando e saindo do quartel, começando o orgulho e empáfia do poder a imperar solene e pomposo, eis a glória dos “tiras”, “meganhas”, “macacos”, “trastes das patentes e estrelas”,o esplendor e superioridade além de todos os absolutos e eternos, os cidadãos sendoestorvos e vítimas do sistema, os bandidos sendo protagonistas e celebridades do grande espetáculo do ódio e da violência, os políticos sendo os ases da corrupção sem cancelas e porteiras, os magistrados sendo o símbolo e signo das ideologias da justiça  e dos direitos humanos, servindo às contramãos dos interesses, às controvérsias da sobrevivência, vozes altas dos primeiros transeuntes, e pergunto-me o que estar vivo é, e por mais que pense e re-pense não encontro res-posta da mais simples, o que é bem difícil e complicado, alfim sendo homem que faz perguntas a todo instante de sua vida, os homens somos doutores em perguntar, desejando o conhecimento, e é “entregando-nos”, “contemplando” a vida que “estamos satisfazendo a nossa necessidade de conhecimento”, ao “invés de olhá-la de fora, analisando, distorcendo, entra-se no interior da realidade. Não se trata de um conhecer por re-presentações, limitado por um ponto de vista. É uma experiência de conhecer a coisa em si, em seu absoluto”,  não havendo perguntas nada somos, a humanidadehabita-nos  profundo e inconsciente, mister é encontrá-la e conhecê-la,  analfabetos  e ignorantes em res-ponder somos todos os homens, as res-postas me são necessárias para a continuidade da vida e do estar-no-mundo, mesmo que voláteis, efêmeras, mesmo que para justificar as incapacidades de saber o que é a verdade, o que a in-verdade é, mesmo para en-velar as angústias e tristezas que em mim se instalam.
Insatisfeito com a incapacidade de saber o que é isto, estar vivo, mudando a pergunta para “o que é isto, viver?”, e também a mim não é dado saber, conhecer as emoções e sentimentos que me perpassam não sei quando a mim será possível, haverá a chance de fazê-lo ou o privilégio de re-fletir como poderei satisfazer esse desejo, entregando-me inteiro às estratégias da arte e da feitura, “a arte faz é matar a nossa fome de conhecimento”. Contudo, ao longo das experiências e vivências, re-colhendo e a-colhendo o que assimilo delas, vou à custa de esforços mentais, espirituais, corpo e alma, tentando compreender e entender o mistério de estar vivo, os enigmas das ciências e razões da filosofia, enigmas e razões quando se comungam, aderem, o que acontece em verdade é ampliar os questionamentos, colocar em xeque as verdades de outrora. Letras requerem a Vida, necessitam de senti-la bem profundo, sê-la por intermédio de novas perspectivas, projetos, de novas qualidades de viver e sentir a vida – isso é o que me não perpassava os interstícios da alma, nas estradas de outrora, quando me sentia fraco, frágil, sem condições de pro-jetar grão de desejo para poder seguir, produzir letras era viver, até que as utopias se fizeram presentes em mim, e hoje o mais importante para as letras  é produzir a Vida mesma, curtir os seus instantes e situações.

“... buscando cada vez mais
A univocidade com o real,
Chegando assim à pretensa objetividade
Das ciências, defrontando-se com este
Através da experiência do belo,
- Vivência da poiésis
Do verbo poiético de todos
Os sonhos e utopias, do desejo
De con-templar a estética
Das virtudes do efêmero
Na eternidade do contínuo-,
Descongela-se e torna-se novamente viva, dinâmica;
A pretensa neutralidade, como um cristal
Que a mantinha paralisada, voa pelos ares”.

Sou obrigado a deixar as perguntas vagarem em mim dentro ao longo do tempo, no de-curso e per-curso dos caminhos que trilho, das veredas em cujos itinerários busco o “Vedas” de minhas idéias e pensamentos,o “tao” da sabedoria na poiésis dos versos,o grande ser de minha sensibilidade, intuição – como a um saudoso grande amigo sugeri fazer, deixar as letras mergulharem em si, sem qualquer empecilho, deixá-las viver no interior de si no tempo e nas situações da vida -, algum dia se lhe a-nunciaria o espírito dos verbos na profundidade de suas querências, a fé de suas conjugações nos abismos de seu amor e carinho pela humanidade, bastar-lhe-ia elaborar e burilar, servindo de algum método, de estratégias do intelecto e da sensibilidade.
Aluno meu de Língua Portuguesa, Redação, no Seminário, perguntou-me o que era preciso para escrever. Fecho os olhos, sou inteiro sentimentos, emoções, sensações, lembranças, recordações, ad-mirando-me da sensibilidade que isso se me re-vela, a memória desse saudoso amigo trespassa-me inteiro, faz a travessia do sublime ao contingente do espírito, as lembranças de nossas conversas rápidas, mas sempre eivadas de muitos sentimentos e emoções, de um carinho e amor que dentro em mim nutria por ele, lembrando-me de seus sorrisos simples e amigáveis – lembra-me que, retornando para casa, após as aulas, sentia em mim amor e solidariedade, sonhos e utopias profundas, com os olhos do saudoso amigo. Encontro serenidade e silêncio nos meus desejos e vontades, ímpetos e volúpias, no que dizia o imortal Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso”.  
A Fantasia e a Utopia entrelaçam as mãos e olham para mim, observam-me com percuciência, crendo eu que desejam mergulhar fundo em mim, no que me perpassa a alma, no que me sensibiliza o que é isto estar vivo, no que é isso morrer, saber algo que lhes estão interessando bastante, possa eu então aflorar espontaneamente o que latente está na alma, sedento em se re-velar. Eu, como que enlevado, como que iluminado e inspirado, olho para ambas, entre tímido e envergonhado, entre sensível e racional, entre triste e ensimesmado. Dura isto alguns segundos; desejo fazer algumas perguntas, ainda que bem simples, ainda que bem superficiais e aleatórias – eis o que tenho em mãos para a jornada, devo sentir-me satisfeito, feliz e agradecido - à luz de um olhar ao redor de todas as coisas que me circundam, mas quando vou dizê-las reparo, embora reparar seja uma atitude indecente, imoral, coisa de gente da periferia, que se tornam mais delgadas e vaporosas. Articulo alguma coisa; porém, vendo-lhes ficarem cada vez mais transparentes, e distinguindo-se-lhes já pouco as feições, solto estas palavras: “Então, que é isto? por que se desfazem assim?” Inteligível, se se olha as coisas, elas de imediato mudam as perspectivas, tornam-se outras, sensações e sentimentos que se revelam são indizíveis, há desolação perpassando todos eles.
Houve tempo, não estando muito distante, não o considero de outrora, não o considero recente, que me acordava a meio-sono com leves afagos e breve sonoridade, talvez na época das insônias pujantes, talvez na superação delas, penetrando logo em seguida objetos que se inter-punham entre minha vida e o sombrio canto de onde me observava. Já era parte de mim, conduzindo-me ao nada de um dormir sem sonhos, num penetrar na música, tropeçando em cada nota, desafinando a melodia e musicalidade. Para que seja completo o meu fazer-me-ser à maneira de sonhar que não seja o não-sido, como se possível fosse, independente do que minha lógica de ser levasse-me a não-me-ser, ao ser de outra imagem semelhante.
Sou voz de olhares, sou olhares de palavras pronunciadas com perfeição, ditas na imperfeição do pretérito, nas dúvidas e inseguranças do presente do indicativo ou subjuntivo, ímpeto de lábios úmidos de êxtase, sorrisos, volúpia de palavras, tesões e tensões do Eros, pathos  e logos, volúpias de sentidos e significados, êxtases da vontade e desejo de ser-com-Deus, de com-Deus-ser, pelos, poros, pensamentos... Sou espera, movimento, gota de chuva que desce serena o vidro da janela da sala de estar, onde sempre me encontro, pensando nas real-izações e fortunas, procurando um pote de ouro, enquanto observo o céu, os horizontes, o uni-verso, enquanto con-templo o mundo, em mim dentro volúpias, sensações e sentimentos ávidos, mergulhando-me inteiro em busca de mim, desejando perder-me e entrelaçar-me ao que é em suas profundezas – a chuva é sempre iluminação que se me a-nuncia para os questionamentos mais profundos, desejo de ouvir-me sendo, de escutar o ser, recitando a lírica da vida, declamando os versos dos sonhos e utopias, con-templ-orando as estrofes das quimeras em ilusões da verdade e do espírito do ser-eterno, nos seus valores e virtudes que nascem e re-nascem na roda-viva das situações, nas voltas e re-voltas do coração, discursando em verbos defectivos as imaginações do real e equívocos do irreal,  em equívocos do real, as imaginações de verbos defectivos, uma lufada de vento vindo de leste, lua boiando na noite, estrelas nadando no nada e no itinerário de suas quedas, risco de estrela cadente, brilho transparente por velar as utopias da humanidade, os ossos da injustiça. Sou a mão que tece o pano e nudez de corpo sereno. Sou tear na madrugada, esperando-me acordar, trajar-me, ir trabalhar na fábrica têxtil e fabricar dias plenos, a imortalidade da vida feita de trabalho e de esforços di-versos, de lutas in-versas, segundos e minutos sublimes, criando fantasias e ilusões que me encaminham e orientam nas veredas dos desejos e vontades de encontro comigo, de ser-me, de viver-me, retornar-me ao fim do expediente e descansar na rede, lendoA hora e vez de Augusto Matraga, com a Utopia Cristã no Sertão Mineiro como guia de leitura e aprofundamento na obra rosiana, que saiba eu o que con-templa a estética da arte e a ética da filosofia, vislumbra e a-lumbra os desejos da verdade, a vontade de conhecimento, ou deixando-me livre no seu balançar, balançando ao ritmo do presente e do futuro de minha vida e ec-sistência, memórias e lembranças.
Se ec-siste diferença entre viver e ec-sistir? Sinto essa diferença no íntimo de mim, é fruto de minhas andanças, dos pensamentos e idéias que se afloraram no de-curso e per-curso delas, das experiências e vivências ao longo das atitudes e ações, problemas e conflitos, dores e erros, sofrimentos e acertos. A vida permite que as águas límpidas do rio que passam por mim, águas vivas, da Fonte In-finita fluam livremente pelos canais finitos – a vida é suprema sabedoria e perfeita felicidade. Ec-sistindo, o silêncio auscultativo da alma escuta o silêncio eloqüente do Espírito, ouve a solidão, semente dos desejos e vontades do verbo da alma. No silêncio e na solidão encontro o verso poiético da vida, sigo as veredas do quotidiano sentindo no peito e no espírito os prazeres e felicidades de estar-sendo.
Sou o novo canto que o homem compõe secreto no labor das oficinas. Vou aprender no campo o ofício das mãos que lavram a terra e vão jogando nas covas os grãos que serão colheitas, como um índio apache, Massai, que se inspirou na arte da plantação dos cherokees. Quero estar perto no dia em que a madura espiga seja o pão que mate a fome daquele que a plantou. Sou rumores, sou gemidos.  Sou sussurros, sou murmúrios, sou cochichos, sou cochilos. Sou ruminâncias, nos dias de angústia e vazios, nas horas de lembranças e recordações, nos minutos de vazios e medos, nos segundos de inseguranças e utopias, sou tristeza e desolação na morte de ente querido, de amigos por quem alimentei desejos de muitas felicidades e alegrias, sou gritos de angústia, sou risos de alegria e felicidade. Sou pernas varando o tempo, sou pés re-duzindo as distâncias, multiplicando as long-itudes,sol no rosto e um fardo colorido, a hora que chega e se perde, mas volta com nova força, com nova dis-posição para outras jornadas e aventuras. Sou lembranças do raio de luz e o sopro com que apaga na noite o lume que acendo. Sou obstinação: a lenha que re-colho, o archote com que preparo o fogo que rasga o negrume, que des-fia a escuridão, que des-carna as sombras. Sou a idéia de umapombinha a ciscar em praça pública no alvorecer da manhã, enquanto transeuntes passam para mais um dia de trabalho, o pão para saciar a fome seja obtido com sinceridade e responsabilidade, pairando sobre um abismo. E quando sou a idéia, sou o pássaro, sou a pombinha. E quando sou o vôo, sou a liberdade de ser e viver, de rasgar os uni-versos e horizontes em busca da plen-itude dos raios de sol, das estrelas, da lua, da sublim-idade da noite, do mistério, das sombras, da escuridão fechada e hermética, que agora é cheia e a terra parece toda iluminada e cristalina.

Sou...
Ruminâncias nos dias de angústias e vazios,
Horas de lembranças e recordações,
Instantes de música e pró-jetos
De atingir o In-finito com
Os Verbos do Desejo de Conhecimento,
Com a Continuidade do Ser;

Olho “com um pouco mais de atenção,
Para a poesia, a arte da palavra”.
Vejo “que nela a imagem usada
Já não é a imagem primordial”,
Percebo “que a poesia, ao contrário,
Dá-se no tempo, a visão do todo
Só a temos aos poucos,
Num processo”,
Intuo que a poiésis do verbo
Nas ad-jacências do verso,
Só a tenho na criação,
Na labuta das palavras
Que dizem e inter-dizem,
Que o verso no re-verso
Da imagem, da re-presentação,
Só o tenho nas inspirações
Da alma que se metamorfoseia,
Modifica-se com as situações
E experiências nas vivências
E suprassunções das dores e sofrimentos.  

Sou...
Risos de alegria e felicidade,
Novas dis-posições para outras jornadas e aventuras;

Sou...
Lembranças do raio de luz
E o sopro com que apagam na noite
O lume que acendo;

Sou...
Memórias e recordações das águas límpidas
que seguem o destino,
A sede de sentir a liberdade in-finita e mágica;

“No sonho a emoção fala diretamente,
De forma racional ou sábia,
Mas sempre emoção;
É ela quem predomina, quem guia”

Sou...
A liberdade de ser e viver,
De rasgar os uni-versos e horizontes
Em busca da plen-itude dos raios de sol,
Brilho das estrelas e lua,
-Da sublim-idade da noite,
Mistério, sombras,
Da escuridão fechada e hermética -,
Que agora é cheia,
A terra se me afigura
Toda iluminada e cristalina.

 Edifico o que sou só com ruínas, todos os versos que escrevo iguais, a sonoridade que crio inspirado na dis-fonia e sin-tonia das palavras, na sin-fonia dos sentidos que desejo dar-lhes, por vezes me ad-miram, por vezes sinto-me ridículo: opacas paredes, transparentes e límpidos vitrais, veludos negros, alvas musselinas; peço ao mistério antigo de um papiro a alegria de quem dança frevo, preencho o vazio de sossegos, a solidão de calmarias, o deserto da alma de silêncios sublimes e insolentes à luz de conflitos, dores e sofrimentos. Ai de mim que canto com voz frígida consolos fugidios, glaciais, nênias, hibernais epinícios... Senhor, peço-Lhe pelo menos trégua, pode acreditar que não vou lavar a égua, sei que o prazer é fugaz, sei que a felicidade, às vezes, é tripúdio das dores e sofrimentos.

Recitando a lírica da vida,
declamando os versos dos sonhos e utopias,
de sim e de não,
nas experiências e vivências,
do verbo e da carne,
que buscam a essência
do ser e da verdade,
sou em mim dentro êxtases e volúpias,
sensações e sentimentos ávidos,
mergulhando-me inteiro em busca de
minhas esperanças, de minha fé,
de minha certeza de que agora
estou registrando estas letras
que se me a-nunciam nas ad-jacências
do futuro  e do presente,
do passado e do que ainda não
fora pensado nestes interstícios
do tempo;
fabricando dias plenos,
segundos e minutos sublimes,
criando fantasias e ilusões
que me encaminham e orientam
nas veredas dos desejos e vontades
de encontro comigo,
nos sertões grandes da razão,
no ser-tao da imagem infinitamente grande
de ser-me, de viver-me;
sou a hora que chega e se perde,
fardo colorido,
lembranças do raio de luz, arco-íris,
sopro com que apagam na noite
o lume que acendo;
sou ruminâncias,
re-colhendo no tear da madrugada
as lembranças e recordações
das felicidades que se me revelaram
em segundos sublimes,
em minutos de vazios e medos.

Sou a utopia
Que na passagem do tempo e da história
Encontrou o berço da fé
Para iluminá-la de desejo,
Vontade e razão
“... de experimentar o belo,
De vermos para além da visão habitual
Que nos é imposta”  

O ser de mim  - o que é ou o  que é de mim o ser? O que o ser de mim é ou o que é de mim o ser? Mesmo que isso seja apenas um jogo de palavras e de sentidos, e no frigir dos ovos reste apenas: “O que é isto – ser?”

Imagino a imaginação
- “... idéia que vem disfarçada de imagem,
Mas de uma imagem carregada da força
Própria da idéia” –
Que de fato caracteriza,
Faz e concretiza,
Tece e real-iza
O poder verídico,
O poder da alegação,
Da fatalidade,
Do ilícito, do permissível,
Da tragédia,
Do estrangulamento da natureza,
Das leis de uma linguagem,
Da liberdade de um estilo,
Do ser da criação e da flexibilidade,
Da perspicácia do conhecimento e profundidade.

Quiçá seja o questionamento que me faço nessa manhã de início de março, um ventinho frio a sensibilizar-me a carne, corpo, ossos, a eriçar-me os pelos brancos do peito, onde a doce-companheira-e-esposa ama deleitar-se,sentir-se segura, sentir a vida perpassar-lhe o corpo, o tempo ensimesmado, mas as montanhas estão cobertas de neblina, chovera a noitepassada, não me sendo possível vê-las nem com dificuldades di-versas e re-versas, facilidades avessas e simples de olhar e sentir, vejo-as límpidas e cristalinas, as retinas curtem o prazer que este panorama lhes oferece, às portas do outono, janelas abertas a toda a beleza dos crepúsculos e das esperanças que neles nascem, re-nascem, que extasiam a alma e inspiram a ser o outro de mim, amo-a de paixão, encontro nela outras sementes para a continuidade de minhas esperanças da vida plena, do silêncio sublime, da razão voltada para as in-versões e avessos da livre espontaneidade do ser, da liberdade-espontânea de sentir o que é isto buscar a verdade, da minha idade da sensibilidade que des-cobriu recente o que é isto sentir a necessidade de compreender e entender o que as letras estão contribuindo para outros questionamentos do ser e não-ser,o que está a arte contribuindo para o encontro da vida na verdade de sua essência, o que integrei no saber sensível o saber racional para suprassumir a razão presente, imaginando os jardins das praças públicas floridos, e as pessoas passando e sentindo as sensações mais prazerosas do êxtase e da eternidade que haverá de ser, o cheiro agradável e extasiante de todas as flores a penetrar-me as narinas, aguçando-me o olfato, elevando-me aos auspícios do infinito, despertando de meu espírito os sentimentos e emoções, acordando-me a alma para novas e re-nascidas con-templações da vida e dos pro-jetos de viver em busca do sublime e eterno, do eterno e imortal, do sonho e do verbo; enquanto caminho, troco os passos, sorrindo e olhando os transeuntes que fazem o mesmo, trocando idéias, contando as experiências e vivências difíceis, re-clamando das dificuldades e incapacidades, e até contestando Deus por lhes iluminarem com destino tão promíscuo, desfrutam dores e sofrimentos, curtem alegrias e felicidades, angustiam-se e desesperam-se, quando, no crepúsculo de cada dia, sentados no toco de madeira à soleira da casa, como sempre vejo no início da Bela Vista, próximo à igrejinha de Nossa Senhora de Fátima,ali abri os olhos no mundo, as pessoas desfrutando o momento de descanso no portão de suas residências, olhos perdidos na distância da rua plana, as memórias plainando entre a efemeridade e a eternidade, percebem a noite que se aproxima a passos rápidos, e indagam o que será o dia que virá após a noite, como estarão se sentindo, que prazer fará o coração bater descompassadamente, enquanto os ponteiros do relógio, suspenso na parede, andam lentos, no estilo e linguagem de uma idéia de liberdade, de um pensamento de paz, de uma ilusão de amor e solidariedade, que se a-nunciam envoltos na neblina que encobre a carne, um sudário, em verdade. Do saber, da virtude, da dignidade e honra, logro fazer, em prêmio das labutas, um manto de retalhos que à consciência ilude. Não coro, não me pejo do papel, nem da máscara indecente, que nalguma situação ou circunstância coloquei e dela me não quis desfazer,sentindo-me às vezes realizado de minha verdade e ec-sistência, e ainda inspira inveja esta glória insolente, essa meiga caminhada. O olhar, seguro, altivo e penetrante, e certo ar arrogante que impõe com aparências de tenebroso; não vacilo, não tombo, caminho sobre a corda firme e alerta, pôr-me de pé não foi fácil, mas fiquei de pé, os íntimos auxiliaram-me com amizade, carinho, entrega, dedicação, acima disso, com o amor, a sua verdade, que só o espírito pode a-nunciar e re-velar; tenho comigo a maromba e a ovação é certa. 
Difícil é me aceitar sendo o que sei ser, vivendo o que sei viver; e quando, mesmo não querendo, tenho como sendo definitivamente, inda me acerca vagamente longínqua a idéia de que não sou. “... a vida não é apenas conservação e sim também criação, novas dimensões da realidade têm de ir sendo incorporadas ao consciente para que a mesma Vida possa continuar existindo”. Imperceptivelmente me afasto quanto mais me ocorre imaginar que seja. Tenho de aceitar a minha ec-sistência em toda a plen-itude possível; tenho que ad-mitir a morte de entes queridos, e pensar que encontram a paz e a verdade que tanto desejaram em vida; tudo, inclusive o inaudito, deve ficar possível dentro dela. No fundo, só essa coragem me é exigida: a de ser corajoso em face do estranho, desconhecido, do maravilhoso e do in-ecs-plicável que se me podem defrontar. Mas a ânsia em face do in-esclarecível não empobrece apenas a ec-sistência do indivíduo, como também as relações minhas com os outros, que, por assim dizer, foram retiradas do leito de um rio sem margens, sem pressa de possibilidades infindas para ficarem num ermo lugar da praia, fora dos acontecimentos.
Estaria eu preparado para tudo? Não excluiria nada, nem mesmo o mais enigmático? Poderei viver minha relação com outrem como algo de vivo e ir até ao fundo de minha própria ec-sistência? Em redor de mim, não há armadilhas ou laços, nada que me deva angustiar ou atormentar. Estou colocado no meio da vida como no elemento que mais me convém.
É-me como se o passado estivesse envolvido num sudário, infinitamente distante, infinitamente remoto, totalmente desprovido de importância. Apenas tenho certeza de haver abandonado a minha ec-sistência pré-cedente, a qual, no primeiro momento de recuperação dos sentidos, se me afigurava como uma en-carnação longínqua,  re-encarnação próxima e presente, uma jornada anterior do meu eu atual.
Custa dizer em verso o que brotou em grito, em prosa o que foi gerado em bruma, cujo destino imperceptivelmente é de aço e vidro, e sua essência é aveludado sigilo.
Dói dizer em verso o que ficou perdido no avesso da memória, onde os escritos se cobrem de silêncio e me engravidam.  

Em pé, sem dormir,
   Sendo o que sei ser,
   Afigura-se-me en-carnação longínqua:
   “Todo ser nasce sem razão,
   Prolonga-se por fraqueza,
   Morre por encontro im-previsto”,
   Na jornada pré-[s]-ente do eu aqui-e-agora,
   Nas asas livres da utopia cristã,
   Na hora e vez dos caminhos do tao,
   Do tempo augusto do vedas,
   Sobrevoando a terra, mundos desconhecidos,
   Que, nas poiésis do verbo, nos versos da prosa,
   No sonho do verbo amar,
   É consciência do desejo do belo e da beleza,
   É tema do amor e da paz no tao do Ser,
   Encontro o encanto da verdade que tanto desejo,
   A plen-itude possível do outro,
   Na imagem da idéia, in-corporada ao consciente da vida,
   Que me habita o íntimo das utopias e topias,
   Mesmo topeiras dos instintos,
   - Vá lá uma ironia metafísica ou ontológica, sei lá,
das poeiras primevas -, 
   Con-templo a a-nunciação e re-velação do espírito,
   Que experimenta o belo na passagem do tempo,
   Guiando a emoção em busca da sábia liberdade,
   Da livre sabedoria das águas límpidas que fazem o destino.

   Deitado, sem cair,
   Envolvido num sudário,
   Infinitamente distante, remoto,
   De uma primev-idade sem limites e cancelas,
   Teço, nos sonhos, a sensação prazerosa
   Dos êxtases de ver para além da visão habitual,
   Do Ser que se faz continuamente,
   Da continuidade que é também o Ser,
   Crocheteio, na profundidade e serenidade do sono,
   O verso verdadeiro da poiésis,
   A estrofe aberta a todas as nuvens brancas
   No céu azul-líquido,
   Da prosa-silêncio, da solidão-litteris,
   Da ópera-desequilíbrio-desequilibrado,
   Nas manhãs sublimes,
   De neblina cobrindo as montanhas,
   Do sol escaldante fazendo o asfalto tremer,
   A querência sublime, serena e suave,
   É a comunicação, é a expressão
   Dos sentimentos e emoções,
   Sensações, pró-jetos e sentimentos
   Do verbo amar,
   É a linguagem, estilo
   Do outro que a beleza-Estética,
   Do Belo-Ético,
   Da Consciência-estética-ética
da Utopia Cristã
   Nasceu, enraizou-se,
   Inspirou-me, 
   Dentro em mim, no interior das jornadas
   No campo dos caminhos,
   Assim sou o silêncio de mim,
   A solidão de meu Ser.
  
 Manoel Ferreira Neto.


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