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terça-feira, 24 de novembro de 2015

ADJACÊNCIAS DE LÍMPIDO DIAMANTE Manoel Ferreira



A i
Informação que tenho em mãos - se estiver enganado, coube-me a criação, em verdade, recriação, o que, de todo, não invalida, - é de “orobó” ser mito da cobra que come o próprio rabo. Se, desde a apresentação rogo cuidados imprescindíveis, é que, investigando em enciclopédia, dicionário, nada consta acerca deste mito. 
Se, ora, investigando, desde o intróito do renascer do ano, restando-lhe poucas horas para o término, as vontades, desejos, o caminho de luz nas trevas, e o percurso desta caminhada, a contigüidade de atitudes e ações, inda que, por vezes, e muitas, sem senso, responsabilidade, não diria, de todo, que termino ostentando glórias e diamantes indubitáveis. Contudo, creio, se é que posso acreditar as adjacências de límpido diamante são as em que se re-conhece as sombras e claridades, digo que termino orgulhoso de alguns fruto que colhi, degustando-lhe o gosto refinado da necessidade de continuar a caminhada.
Se me esqueceu de deixar amarelar e cair as flores, isto é glorioso para o amor - em verdade, é mister considerar tive oportunidade de sentir o odor das flores, há novas, cabendo-me deixá-las abrir aos raios de sol, à contigüidade das águas antes, durante, após... -  é que há novas no halo de minha memória.
Espero que me retornem ao ventre, acocorado em miséria sobre o lume que se extingue. Astros, submersos, terra estéril, sobrevivente eu; clamo a morte do homem, anuncio a sua vinda – Natal. Choro de alegria, ó querubins da nova pura. Cântico dos anjos da anunciação, trevas e desastre, os sinos bradam para o vazio do mundo. Deus-criança nasceu.
É um viver que não pago de antemão com o sofrimento da espera, fome que nasce quando a boca já está perto da comida. Estou com fome, fome inteira que abriga o todo e as migalhas. Se, ao longo desta caminhada, comi os frutos colhidos, deveria sentir-me satisfeito por mais um tempo anterior a qualquer outro, e, em verdade, não me saciou. Estando, ora, a concluir o caminho de luz nas trevas até as adjacências de límpido diamante, percebo nítido que é mister semear outras sementes, sendo ora o momento, o ano esta terminando à busca de outras realidades, novas atitudes e ações.
Quem bebe vinho, com os olhos cuida o leite. Quem lento bebeu o leite, sentiu o vinho o outro estava a tomar. Lá fora Deus nas serras. Existam. Ocupado como quem lapida o diamante em mãos, semeio, colho, vivo, e morro, e como. Como com a autenticidade de que não engana o que come: como o semeado e colhido.
Se, desde a apresentação, o intróito, cuido de introduzir o mito de orobó, estando de antemão e revezes lembrando haver pesquisado, nada constando com as fontes em mãos, a cobra que come o próprio rabo, é que, estando a in-vestigar o que semeara e colhera no comenos da caminhada, um aceno à contigüidade, até que a cobra se coma inteira, resta saber se renasce.
Não me seria dado responder: não estou isto dizendo por a situação vivida e experienciada é de subir para logo após descer, descer e de imediato subir, realidade os homens vivemos no percurso de décadas, séculos? Contudo, subo a ladeira e o coração bate sem ritmo. Busco a serenidade escondida no estar comendo o fruto, entre o amanhecer e o anoitecer, por vezes ao som do canto de uma cigarra no terreno baldio contíguo à residência. Por vezes, ao lirismo da chuva caindo e deslizando pingos na janela da alcova, ouvindo o silêncio mover-se. Adivinhava a frescura do último dia do ano, chovera, que sentiria ao investigar, se se quiser, inventariar, o que fora ou não colhido, fragilmente vivo como no intróito, referindo-me ao mito de orobó. Não sabendo a trilha a ser seguida, aliás, de antemão e revezes, desejado, assim a sensação do semeado e colhido perpassa a alma.
Imagens, miragens, idéias, tudo leio e releio para ver o que nelas há de límpido diamante a ponto de, enfim, ter despertado alguém de um modo como eu não consegui até então. Não consigo imaginar no que introduzi haja contigüidade de intuições e sentimentos ao que ora transcrevo em palavras. Quem sabe, por não saber responder quanto à veracidade do mito de orobó, sendo, então, criação, em verdade re-criação! Quem sabe a chave deste tabernáculo só se revele ao término, estando nas entrelinhas! Quem sabe por não saber com que palavras teria exposto um sentimento simples, mas que se torna desejo incólume, daí encetando outras entregas e re-clamações, sem estar esperando o sabor que sentirei estando a comê-lo.
O anúncio de outros projetos, as conquistas têm como “décor” operacional a companhia das lembranças, e, no comenos do silêncio, entre um gole de vinho e outro, cuidando do leite com os olhos, dos astros em suas órbitas. Há na conversa múltipla qualquer coisa ininteligível que me atravessa em zigue-zague e é a voz, ouço-a como cumpre fazê-lo, dizendo-me de atitudes e cuidados ao longo de outro caminho, na imensidão de outros trilhados. Única, ininteligível, infatigável.
Cada detalhe do diamante que, ao longo das palavras, busco lapidar, cada detalhe adquire importância e se torna sacramental. É no encontro do caminho de luz nas trevas e adjacência do límpido diamante que cresço, extasio-me, se me é dado criar, em verdade, recriar, estesio-me, e faço a experiência da mais radical abertura a outro ano que ora se anuncia nítido, límpido, a ponto de querer unir o destino a ele, fundir-me com ele.
Cuido de apreciar o modo por que os caracteres se exprimem e se compõem, por vezes, não me desgostando os detalhes lapidados que criei, em verdade, re-criei, cuidando de despertar as atenções para as três maneiras de haver registrado desde o intróito.
Havendo saboreado, no percurso da caminhada, em verdade, da nova, o fruto do que na anunciação da contigüidade do novo ano, e só me ficar de memória as adjacências de límpido diamante, o que ora tenho a felicidade de estar degustando em taça de cristal o vinho, cuidando com os olhos do leite, o que vale a pena sentir.
Hoje, só me ficam as tendências estéticas, e desta realidade é certo que me levo aos olhos, diante deles, o diamante que neste comenos do intróito e do termino lapidei. Rogo que os detalhes límpidos não sejam apenas características e estilos nele, sim no anúncio de Vida realizada. Não é indecoroso este vício de escrever o que intuo e o que vivo, e dizer isto mesmo quando não sei responder pela veracidade de um mito, felizmente é-me dado criar, recriar, em verdade, assim apresentando outro modo e estilo do que Vivo.
Buscar, encontrar, distanciar, buscar... é um estilo de amar que tenho.

“And a happy New Year/ Let’s hope it´s a good one/ Without any fear”, relembrando-me do saudoso John Lennon.                        

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