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Informação
que tenho em mãos - se estiver enganado, coube-me a criação, em verdade,
recriação, o que, de todo, não invalida, - é de “orobó” ser mito da cobra que
come o próprio rabo. Se, desde a apresentação rogo cuidados imprescindíveis, é
que, investigando em enciclopédia, dicionário, nada consta acerca deste
mito.
Se,
ora, investigando, desde o intróito do renascer do ano, restando-lhe poucas
horas para o término, as vontades, desejos, o caminho de luz nas trevas, e o
percurso desta caminhada, a contigüidade de atitudes e ações, inda que, por
vezes, e muitas, sem senso, responsabilidade, não diria, de todo, que termino
ostentando glórias e diamantes indubitáveis. Contudo, creio, se é que posso
acreditar as adjacências de límpido diamante são as em que se re-conhece as
sombras e claridades, digo que termino orgulhoso de alguns fruto que colhi,
degustando-lhe o gosto refinado da necessidade de continuar a caminhada.
Se
me esqueceu de deixar amarelar e cair as flores, isto é glorioso para o amor -
em verdade, é mister considerar tive oportunidade de sentir o odor das flores,
há novas, cabendo-me deixá-las abrir aos raios de sol, à contigüidade das águas
antes, durante, após... - é que há novas
no halo de minha memória.
Espero
que me retornem ao ventre, acocorado em miséria sobre o lume que se extingue.
Astros, submersos, terra estéril, sobrevivente eu; clamo a morte do homem,
anuncio a sua vinda – Natal. Choro de alegria, ó querubins da nova pura. Cântico
dos anjos da anunciação, trevas e desastre, os sinos bradam para o vazio do
mundo. Deus-criança nasceu.
É
um viver que não pago de antemão com o sofrimento da espera, fome que nasce
quando a boca já está perto da comida. Estou com fome, fome inteira que abriga
o todo e as migalhas. Se, ao longo desta caminhada, comi os frutos colhidos,
deveria sentir-me satisfeito por mais um tempo anterior a qualquer outro, e, em
verdade, não me saciou. Estando, ora, a concluir o caminho de luz nas trevas
até as adjacências de límpido diamante, percebo nítido que é mister semear
outras sementes, sendo ora o momento, o ano esta terminando à busca de outras
realidades, novas atitudes e ações.
Quem
bebe vinho, com os olhos cuida o leite. Quem lento bebeu o leite, sentiu o vinho
o outro estava a tomar. Lá fora Deus nas serras. Existam. Ocupado como quem
lapida o diamante em mãos, semeio, colho, vivo, e morro, e como. Como com a
autenticidade de que não engana o que come: como o semeado e colhido.
Se,
desde a apresentação, o intróito, cuido de introduzir o mito de orobó, estando
de antemão e revezes lembrando haver pesquisado, nada constando com as fontes
em mãos, a cobra que come o próprio rabo, é que, estando a in-vestigar o que
semeara e colhera no comenos da caminhada, um aceno à contigüidade, até que a
cobra se coma inteira, resta saber se renasce.
Não
me seria dado responder: não estou isto dizendo por a situação vivida e
experienciada é de subir para logo após descer, descer e de imediato subir,
realidade os homens vivemos no percurso de décadas, séculos? Contudo, subo a
ladeira e o coração bate sem ritmo. Busco a serenidade escondida no estar
comendo o fruto, entre o amanhecer e o anoitecer, por vezes ao som do canto de
uma cigarra no terreno baldio contíguo à residência. Por vezes, ao lirismo da
chuva caindo e deslizando pingos na janela da alcova, ouvindo o silêncio
mover-se. Adivinhava a frescura do último dia do ano, chovera, que sentiria ao
investigar, se se quiser, inventariar, o que fora ou não colhido, fragilmente
vivo como no intróito, referindo-me ao mito de orobó. Não sabendo a trilha a
ser seguida, aliás, de antemão e revezes, desejado, assim a sensação do semeado
e colhido perpassa a alma.
Imagens,
miragens, idéias, tudo leio e releio para ver o que nelas há de límpido
diamante a ponto de, enfim, ter despertado alguém de um modo como eu não
consegui até então. Não consigo imaginar no que introduzi haja contigüidade de
intuições e sentimentos ao que ora transcrevo em palavras. Quem sabe, por não
saber responder quanto à veracidade do mito de orobó, sendo, então, criação, em
verdade re-criação! Quem sabe a chave deste tabernáculo só se revele ao
término, estando nas entrelinhas! Quem sabe por não saber com que palavras
teria exposto um sentimento simples, mas que se torna desejo incólume, daí
encetando outras entregas e re-clamações, sem estar esperando o sabor que
sentirei estando a comê-lo.
O
anúncio de outros projetos, as conquistas têm como “décor” operacional a
companhia das lembranças, e, no comenos do silêncio, entre um gole de vinho e
outro, cuidando do leite com os olhos, dos astros em suas órbitas. Há na
conversa múltipla qualquer coisa ininteligível que me atravessa em zigue-zague
e é a voz, ouço-a como cumpre fazê-lo, dizendo-me de atitudes e cuidados ao
longo de outro caminho, na imensidão de outros trilhados. Única, ininteligível,
infatigável.
Cada
detalhe do diamante que, ao longo das palavras, busco lapidar, cada detalhe
adquire importância e se torna sacramental. É no encontro do caminho de luz nas
trevas e adjacência do límpido diamante que cresço, extasio-me, se me é dado
criar, em verdade, recriar, estesio-me, e faço a experiência da mais radical
abertura a outro ano que ora se anuncia nítido, límpido, a ponto de querer unir
o destino a ele, fundir-me com ele.
Cuido
de apreciar o modo por que os caracteres se exprimem e se compõem, por vezes,
não me desgostando os detalhes lapidados que criei, em verdade, re-criei,
cuidando de despertar as atenções para as três maneiras de haver registrado
desde o intróito.
Havendo
saboreado, no percurso da caminhada, em verdade, da nova, o fruto do que na
anunciação da contigüidade do novo ano, e só me ficar de memória as adjacências
de límpido diamante, o que ora tenho a felicidade de estar degustando em taça
de cristal o vinho, cuidando com os olhos do leite, o que vale a pena sentir.
Hoje, só me ficam as tendências estéticas, e desta
realidade é certo que me levo aos olhos, diante deles, o diamante que neste
comenos do intróito e do termino lapidei. Rogo que os detalhes límpidos não
sejam apenas características e estilos nele, sim no anúncio de Vida realizada.
Não é indecoroso este vício de escrever o que intuo e o que vivo, e dizer isto
mesmo quando não sei responder pela veracidade de um mito, felizmente é-me dado
criar, recriar, em verdade, assim apresentando outro modo e estilo do que Vivo.
Buscar, encontrar, distanciar, buscar... é um
estilo de amar que tenho.
“And a happy
New Year/ Let’s hope it´s a good one/ Without any fear”, relembrando-me do
saudoso John Lennon.
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