Resta o essencial...
Busco solidão e silêncio,
indispensáveis aos êxtases e devaneios profundos.
Creio nunca terdes vós oportunidade de
encontrar nos escritos que se acham em agendas início de tão curtos parágrafos.
O primeiro com idéia e espiritualidade a serem realizadas, seguido de
reticências a indicarem outros adágios para as sombras. Amostra evidente de
quem busca a sublimidade, quando se é capaz de dizer o que se vai na alma.
Quem dera o dom fosse de gênio! Conseguiria
expressar o que desejo da vida! Não apenas o sentido - estou a construí-lo com
vontade imensa de alcançar a sublimidade. A plenitude virá por acréscimo.
Contudo, o desejo não é senão mostrar o
que se pode desejar. Apesar de tragédias, comédias, óperas, o que tem ela a
ensinar? Caminhos de consciência e espiritualidade. Sinto-a no coração, onde as
palavras são símbolos divinos.
Oh, deixe-me dizer-vos vez por todas...
O que busco é a espiritualidade divina. Maria Santíssima tem me mostrado através
de realizações, prazeres, lutas e desejos, ser possível.
Compreendi que: “O que fundamenta a
proximidade de Deus e os homens são a cruz e o tempo...” Sonhei com alguém a me
dizer um homem devia morrer. A voz era deste alguém. Contudo, era eu quem devia
fazê-lo, alcançar a ressurreição, redenção...
Ah, amigos, vós tendes dificuldade de
entender as águas límpidas que correm neste rio. Tendes dificuldade de mostrar as ausências de
todas as margens, fronteiras. O destino será a plenitude passando pelos oceanos
e mares. Contudo, sei que além de suas fontes originárias os sonhos terão sido
realizados. Outros virão por acréscimo, seja aqui, acolá.
Senhores, se vós entrais neste quarto,
descobrirá quadro imenso de Maria Santíssima, a Mãe da Humanidade, de Cristo, a
nossa Mãe. Olho-a e penso nisto que significa buscar o sonho do verbo amar.
Inspiro-me n´Ela para escrever linhas da vida, enquanto obra que dedico aos
homens. Vivo com orgulho, fé, esperança. Jamais me afastei desta esperança
profunda: a felicidade pura. Sentiu-a Maria Santíssima tomando nos braços o
Menino Jesus, Filho de Deus...
Belo isto, não? O que falta aos
escritores e poetas, artistas para poderem sentir nalma o valor da iluminação
divina, o sentimento de que se compreendeu o que fundamenta a proximidade dos
homens e de Deus são a cruz e o tempo? Falta muito.
Ah, sim, esqueceu-me dizer a respeito
de haver encetado esta reflexão a partir do instante em que registrei “resta o
essencial”, e este início tão simples, mas se pensado em sua profundidade,
desde o adágio para as sombras até o para as esperanças, sermos não apenas
dignos de nós, através de atitudes, trabalhos, esperanças, mas merecedores
deles... Somos merecedores da vida, enfim trabalhamos para que se mostre
verdadeira, este é o sonho de toda a humanidade, algumas vezes aproximando-se,
outras se distanciando, outras vivendo em harmonia, mas, felizmente,
buscando...
Maria Santíssima, mãezinha de meu
coração, não entendem estes homens que não é somente a Senhora que se expressa
em mim, também o espírito se expressa. Vivo estes momentos de felicidade, acima
de tudo, de trabalho.
Hum... hum... hum... Que essencial é
este?! Ainda não se mostrou. Acredito seja impossível se mostrar vez por todas.
Resta muito a ser realizado, conquistado, às vezes a satisfação e alegria são
grandes diante de resultados alcançados ao longo dos anos. Assim entendo o que
escrevera alguém íntimo, “Se o Ser se faz continuamente, a continuidade é
também o Ser”. Adágio para as esperanças, sombras, sonhos, verbo amar, enfim...
Sonho dentro de outro sonho, dentro de outro sonho...
O essencial virá depois... Depois de
que? Não saberia dizer. Se soubesse, sentir-me-ia irritado, nada teria que
buscar. Estaria condenado a uma eternidade sem qualquer sentido, a pura
idiotice.
Não esperava
que este essencial se revelasse nestas palavras, o que queria era apenas falar
deste desejo da busca, encontro.
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