A luz do sol por entre os vazios das árvores
E não ser mais que a luz do sol
Por entre os vazios das árvores.
A manhã esfria no longínquo da planície,
A neblina cobre todas as montanhas, E sinto o Novo Ano
entrado,
Uma borboleta que se assenta na folha de
trepadeira.
Almejo de todo coração,
“Homem Sublime”,
Desprender-me, afogar-me nesta claridade,
Em cuja superfície se espelha um nada
indescritível,
Qual reflexo do nada de minha própria alma,
Do nada de meu próprio espírito.
Não se me apresenta outra alternativa,
Não se me des-vela outro caminho,
Não se me des-cortina outra solução senão a de
quebrar
A frustrada imagem de minha existência,
Limpando a poeira dos móveis,
Reunindo os cacos da taça de cristal,
Jogando-os fora, bem longe,
Onde nem com muita perspicácia
Possa ser possível o encontro deles,
Onde com muita imaginação fértil e desejo
Possa ser possível uma lembrança,
Aos pés das pirâmides do Egito.
É-me, neste instante em que termino de abrir a
porta
Neste primeiro dia do Ano Novo,
Como se o passado estivesse envolvido num lenço de
seda,
Indescritivelmente longo e distante,
Eternamente remoto,
totalmente desprovido de sentido e importância.
Ainda pela madrugada, acordei-me com um vozerio
alto
Sem limites e precedentes,
Pensando até que isto de ouvir vozes no interior de
mim
Transcendeu a tudo neste mundo, e eu só tenho de
registrá-las,
Mas eram pessoas que retornavam às casas, algumas
bêbadas,
Outras eufóricas,
Comemorando o Ano Novo,
No peito uma imensidão de sonhos de esperanças e fé
De tudo realizar.
Ouvi todas as vozes, pensando comigo próprio
Que estou em absoluto só em minha alcova,
sem ninguém com quem conversar pela manhã e durante
todo o dia.
Manoel Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário