A sabedoria do vazio preenche o efêmero do ser;
o não ser pervazia pelos horizontes e uni-versos à cata das trevas que iluminam
os caminhos além do inferno, lá onde Judas rezou o Credo para seguir a morte
até a consumação dos tempos, pois Mefistófeles não o quis receber medo de ele
evangelizar as almas penadas para redimir seu pecado por vender Cristo por
míseras moedas. Hilário, mas não rio, rir no vazio além das orelas, além
de a sátira terminar no idílio das sorrelfas.
O vazio da sabedoria cala a coruja na madrugada,
permanecendo em silêncio até esvoaçar em direção à árvore de confins para
adormecer no desalento, do vão conhecendo do ser sem quaisquer pré-nuncio do
espírito maligno. O vazio borda de nadas o sudário do mais, por menos que essa
idéia só seja compreensível à luz da morte que serpenteia o incognoscível com
as cógnitas da solidão silenciosa das perenes etern-itudes do sem-cripta.
Quê vazio! Vazio do vazio vazio.
A solidão esvaece-se no subterrâneo da alma. O
silêncio liquidifica-se no abismo da memória. As dúvidas dissolvem-se nas
nonadas do inaudito. Os medos do desconhecido se esparram por todos os cantos e
recantos do mundo velho sem porteira. Flana-se no espaço sem fronteiras e
infinitos. Os olhos saem das órbitas, vão incrstar-se nalgum tronco de palmeira
e deslizam de cima para baixo, de baixo para cima sem nunca mergulhar na terra
e realizar o encontro com as raízes subsólitas. Os lábios gelam-se, a língua
endurece no solo da boca, as palavras morrem.
Além da madrugada, as estrelas no céu cintilam, a
lua brilha na poiética do espaço, e o vazio prolonga-se no decorrer dos segundos
e minutos, nasce o nada no "footing" das prcinhas desertas das ruas.
Do vazio o vazio vazio. Desejava o nada, o nada é
efêmero, no útero dele é concebido o efêmero que perpassa o psíquico da alma
carente, o subconsciente do manque-d´être, a vida vazia de vida, e lá vou eu
desenhando a mim num barquinho que segue as ondas do mar às avessas. Re-versas
as náuseas da razão, inversos os vômitos do intelecto, ad-versos os incólumes e
perpétuos vernáculos eruditos do nunca que tece com a língua dividida em pontinhas
a anestesia do espírito, nada do nada nada, do vazio o vazio vazio, e o
quê-de-nunca comunga-se solene e divino ao psicologismo barato e vulgar de
Simão Bacamartes, o nunca-de-quê re-colhe e a-colhe a idade da razão,
esvaziando os entes.
E lá vou eu seguindo a madrugada insone das
efígies, o deserto da rua iluminada pelas lâmpadas dos postes de cimento
armado. Náusea da Nausea Núsea! Vomitei realmente, sujei o chão de meu casebre,
está fedendo. Sujei o chão de meu casebre, está fedendo. Vou dormir na catinga,
amanhã lavo com coloro e água sanitária.
E agora, escrevendo a crise de vazio que me
acontecera ontem, sinto resquícios no peito, sentimentos contraditórios e
absurdos. Mas o mundo está límpido e nítido aos linces dos olhos.
Amanhã vai chover, a enxurrada levará o absoluto do
ser. O que a inconsciência não con-sente é o absoluto, sou a busca do ser no
tempo e na vida. E quando ela sente a sua presença, o mundo perde suas
estruturas, perde tudo.
Imperfeito e absurdo, e sempre à busca do ser!
Manoel Ferreira.
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