Os parvos estão sempre persuadidos de que as
causas a que servem são essencialmente melhores que as outras causas do mundo,
e não querem acreditar, nem diante de pelotão de fuzilamento, que a causa deles
necessita, para prosperar, exatamente do mesmo estrume malcheiroso que requerem
todos os demais empreendimentos humanos.
Nada e nonadas dos parvos, na adstringência de primevas ilusões, quando trazem no coração e
na cabeça o rigoroso e pujante método da verdade, e que por outro lado, graças
à evolução da humanidade, tornam-se tão delicados, susceptíveis e sofredores a
ponto de precisarem de meios de cura e de consolo da mais alta espécie; daí
surge o perigo de se esvaírem em sangue ao conhecerem a verdade, ao se conscientizarem
de que a ilusão, a mentira, a representação têm pernas curtas, a verdade não
lhes é senão modo e estilo de tripudiarem os instintos que lhes são peculiares,
o que lhes habita o mais profundo da carne e dos ossos, trans-elevarem a razão
em nome de alguma dignidade fantasiosa. Parvoíce de nonadas e nada. Trocam as
palavras de lugar para darem sustância ao que chamam de idéias originais,
trocam, com a troca das palavras, alhos de parvoíces por bugalhos de
perspicácias, mas as nonadas e os nadas permanecem lívidas e vivas, não lhes
sobrando outros resultados senão os risos e gargalhadas das pessoas,
provocando-lhes muitos pinotes para entenderem e compreenderem os motivos e
razões. Na verdade, na verdade, oh, que sina, que saga, nasceram para ser incompreendidos,
mas a esperança é a última que morre, chegará o tempo que a humanidade se
libertará do berço esplendido dos orgulhos e importâncias da raça, estirpe,
descobrirá que são eles os que trazem, sempre trouxeram, nas mãos feitas concha
as primevas idéias verdadeiras da vida e das cositas dialéticas do tempo e do
ser.
Quando não se tem linhas firmes e calmas no
uni-verso da vida, como as linhas das montanhas e dos bosques, das margens dos
rios, dos sinuosos caminhos da floresta, o próprio desejo íntimo do homem vem a
ser intranquilo, disperso e sequioso como a natureza do citadino: não tem
felicidade nem dá felicidade.
Encarniçamento
Não combina carme
Não dá forma a enganos, quimeras,
Não engendra expectativas, sonhos
Não desaperta nodosidades de padecimentos,
angústias,
Converte-lhes inteiramente gordianos,
Não liberta
Inquietações, receios, frenesins,
Não se desprendem
Mínguas, despovoado, insipidez,
Não atesta
Ocos, vazios, báratros do ânimo,
Não sustenta
Protótipos, intenções, anseios,
Não enlaça as mãos
Nas veredas e sémitas em comando ao perene,
Não dá luminosidade à existência,
Ensombra, cega o fenecimento...
Manoel Ferreira Neto.
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