Total de visualizações de página

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

QUIÇÁ ÀS SORRELFAS DE EMPÁFIA



Iluminai-vos os raios de sol ameno nesta manhã a inteligência, as nuvens brancas e azuis brilhantes e esplendorosas a sensibilidade, para o entendimento de vossas empáfias no que tange àquilo de pensarem e sentirem, desde os dedos grandes dos pés até o último fio de cabelo, seja grande ou curto, que o quiçá, avaliado, in-vestigado, conferido nas circunstâncias e situações dos sonhos, ilusões, quimeras e fantasias da glória e do poder poderá levardes ao esplendoroso Olimpo da Plen-itude da Vida, de onde observareis os derrotados e fracassados, enviando-lhes algumas batatinhas fritas, como precária alimentação, para lhes garantir a sobrevivência no mundo, não morrerem de fome e de tristeza, os incapazes e parasitas, enviando-lhes não a banana mesma, contudo a casca delas para forrarem o chão, estendendo-as ao longo do caminho, para nelas escorregarem, alguns catando cavacos, outros tomando aquele egreégio tombo, servindo de chacota aos transeuntes de inteligência mediana que se perguntam, olhando para os botões ou para o umbigo: "Como podem esses dementes forrar o chão com casca de banana para andarem? Só mesmo idiotas". E vós mesmos, gloriosos, poderosos, enfim o "quiçá" lhes proporcionou a magnificência da vida no Olimpo, rindo a deus-dará dos homens que não acreditaram nele, em verdade não lhe deram a mínima atenção, só um cretino, imbecil, idiota, atoleimado, de galocha, chapéu de coco, bengala para se entregar de ossos, carne, alma e instintos numa empreitada que ao fim e ao cabo não daria qualquer resultado, ainda seria objeto de chacota de todos, passou a vida em brancas nuvens. 
Terá mesmo sido o "quiçá" que vos destes, colocastes em vossas mãos a chave da glória e do poder, ou foram as sorrelfas do caráter e personalidade, melhor dizendo até, a permissividade deles, alfim sem eiras e beiras, sem cabo e rabo, sem confins e arribas, sem nadas e nonadas, os outros são de ângulo obtuso, são apenas objetos em vossas mãos para a escalada, fazeis deles gatos e sapatos, obrigam-lhes a colocar em prática as íntimas capachidades, tornando-lhes escravos a serviço de vossos interesses, vaidades, pavonices, peruíces? Na minha parca opinião, não fora o "quiçá" o responsável por vossas glórias, mesmo que às sorrelfas da empáfia. Oxalá "quiçá" tivesse esse poder, habitasse nele a seiva viçosa e pura no que concerne às grandes real-izações da vida para se atingir o Olimpo, nele sentarem-se os homens bem naquela confortabilidade suave e tranquila, refestelando-se por toda a eternidade, sem quaisquer obstáculos, dificuldades, impossibilidades, fosse ele o eidos divino e supremo do valor da vida, pois que este "valor da vida" é sempre um ponto de interrogação para a sabedoria, uma falta de sabedoria. Em todo lugar onde a plebe não raciocina, onde homens como vós sois comandam a roda-viva dos interesses e ideologias chinfrins, o "quiçá" não é senão a fé nos sentidos, a fé na mentira, nas aparências que é o único real, o "mundo-verdade" foi somente acrescentado pela mentira... 
Vós ignorais o que vos acontecestes desde o instante em que de soslaio olhastes para a palavra "quiçá", descobrindo nela a chave para a glória e o poder, empreendendo-vos de carne e ossos para a realização de vossos objetivos e projetos, correstes pela vida à maneira de bêbedos, caindo de vez em quando por uma escada. Mas, graças à vossa embriaguez, não partistes a espinha: os vossos músculos estavam muito moles e as vossas cabeças demasiado obscurecidas para que acháveis a pedra desses degraus tão dura como o era para nós! Para nós, estes homens que julgueis inferiores, incapazes, parasitas, imbecis e idiotas, a vida é um perigo maior: nós somos de vidro; desgraçados de nós se acabamos por nos esbarrar em algo. E se cairmos é o fim de tudo. 
Às sorrelfas o quiçá, aos quiçás a empáfia... O veneno que mata as naturezas fracas é um fortificante para os fortes... e por isso nem lhe chama de veneno. Vós que não me entendeis não perdereis por esperar.


Manoel Ferreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário