Escreve-me a alma, re-escrevendo
as estradas de poeiras metafísicas por onde
trilhei passos
à busca da etern-itude do substantivo sonho
as esperanças que re-colhi e a-colhi ao longo das
dúvidas e medos
do des-conhecido, do in-audito, do mistério do ser
e da vida
os horizontes dos versos e estrofes do espírito do
encontro
com os sentimentos do verbo desejar, querência do
eterno
Re-escrevo
Não sou o que sou alucinadamente:
re-flito, medito e maldigo o meu ser vicário
pois o que sou é ser justa e exatamente
o vice-versa de minha alma no avesso de meus ossos,
o re-verso de meu espírito no in-verso de minha
carne,
o avesso de meus instintos verso de minhas razões
despidas de senso.
Escreve-me a alma, re-escrevendo
o que sinto no labiríntimo:
a fadiga do horizonte
faz minha cruz ser pena de águia
que balança ao ritmo do vento,
faz minha exaustão
ser como pluma
Enquanto no silêncio
falsifico o verbo
e me faço abismo
re-escreve-me a alma turvando a mímica das sombras
re-escreve-me o espírito raiando a claridade da
metamorfose,
o perfil das iluminações, o orbe rútilo do ventre
e o amor, planície lúcida, lúdica
de onde emerge a caverna do não-ser,
a montanha do ser.
Manoel Ferreira Neto
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