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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

*ORBE RÚTILO DO VENTRE*



Escreve-me a alma, re-escrevendo
as estradas de poeiras metafísicas por onde trilhei passos
à busca da etern-itude do substantivo sonho
as esperanças que re-colhi e a-colhi ao longo das dúvidas e medos
do des-conhecido, do in-audito, do mistério do ser e da vida
os horizontes dos versos e estrofes do espírito do encontro
com os sentimentos do verbo desejar, querência do eterno

Re-escrevo 
Não sou o que sou alucinadamente:
re-flito, medito e maldigo o meu ser vicário
pois o que sou é ser justa e exatamente
o vice-versa de minha alma no avesso de meus ossos,
o re-verso de meu espírito no in-verso de minha carne,
o avesso de meus instintos verso de minhas razões despidas de senso.

Escreve-me a alma, re-escrevendo 
o que sinto no labiríntimo:
a fadiga do horizonte
faz minha cruz ser pena de águia
que balança ao ritmo do vento,
faz minha exaustão
ser como pluma

Enquanto no silêncio
falsifico o verbo 
e me faço abismo
re-escreve-me a alma turvando a mímica das sombras
re-escreve-me o espírito raiando a claridade da metamorfose,
o perfil das iluminações, o orbe rútilo do ventre
e o amor, planície lúcida, lúdica
de onde emerge a caverna do não-ser,
a montanha do ser.



Manoel Ferreira Neto

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