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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

*INAUDITO DE VOZES PLENIFICADAS**


Re-colho do silêncio o inaudito de vozes plenificadas
A-colho da música solene o soul dos crepúsculos
Ouço o eterno recitando o ipsis da felicidade
Escuto o efêmero dos sentimentos do amor
Declamando a ópera de subjuntivos pretéritos,
Infinitivos do presente numinando as intuições.

Levo um grito sufocado encravado num sentir emudecido. 
Impossível “re”-tê-lo, “re”-presá-lo por mais tempo: domá-lo. 
Estilhaço-me. 
A palavra, se em represa, é um murmúrio de arribas, 
Sussurro de confins; se correnteza, brado, estampido.
Calo-me. Silencio-me. Emudeço-me.
No emudecer do silêncio,

Calo-me.
No calar do emudecer,
Silencio-me.
No silêncio do calar-me,
Emudeço-me.

Ando para a luz 
Levando o fardo de desejos, esperanças de ver-me “ser”,
Sentir-me sendo o eflúvio dos egrégios verbos do tempo
Nas linhas do espírito e eterno, esforço-me para não ruir, 
Seco e falido. 
Fracas possibilidades de letras reais 
Nos sentimentos verdadeiros, de vozes imaginárias 
Nas emoções re-criadas, in-ventadas, esboçam-se e des-aparecem 
– quase verto lágrimas pujantes! -, 
Roendo entranhas, re-vezando mordaça, 
E a escuridão em que tateio o trajeto arrasta correntes, 
Mas sigo na busca des-esperada de me ver sendo. 
Cada dia debulho uma letra de minha fala, 
Perco-a nos sonhos, 
E dou um passo para a distância. 
Breve me perderei no horizonte.

Emudeço-me no silêncio de calar-me.
Silencio-me no calar do emudecer.
Calo-me no emudecer do silêncio.

Manoel Ferreira.

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