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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

*ECHARPE DE NONADAS*



Neste fim de tarde,
Não existem letras, não existem sílabas, não existem palavras,
Os olhos miram pálidas sombras.
Este instante é uma melancolia única, nostalgia dupla,
tristezas triplas, angústias e vazios múltiplos,
Envelados, camuflados, encapuzados em silêncio;
Momento de coisas terminadas
Como se cada corpo, de carne e ossos,
Desfeito em cinzas seculares, poeiras milenares
Repousasse na vigília da decomposição, no sono de cinzas
O exílio se reconhece
Nesta desesperança de brancas páginas vazias,
Nesta angústia de folhas empoeiradas,
Imóveis e esbranquiçadas, imóveis e cinzentas,
Entre as estrelas e a ausência de fôlego,
Entre a lua e o suspiro,
A vida não tem pre-fundas, a morte não tem fundo
Perduram, perenizam-se, eternizam-se 
Como a bolha de sabão
Que a boca sopra e o fragmento explode. 
Neste segundo à luz do tempo, 
Neste instante à mercê de nonadas,
Todo horizonte em ação´
É de nulo sentido
Todo uni-verso em movimento
É de nítida significação,
Este tempo trans-mudado em echarpes cinzas,
Lenços azuis,
Expira exalando o perfume de lembranças,
Fenece respirando o ar de recordações,
Na pronúncia afônica de vernáculos,
Na voz rouca da palavra,
Na inutilidade da matéria na distância
  

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