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domingo, 22 de novembro de 2015

COMÉDIA DE SINFONIAS DA SOLIDÃO* Por Manoel Ferreira



COMÉDIA DE SINFONIAS DA SOLIDÃO*

12 de julho de 2014, após consumado o fiasco do matrimônio, treze anos de angústias e infelicidades, o ônibus cortava o vale rumo ao sertão, estava enfim de volta para a minha casa, minha terra-natal, Curvelo.

I

Perfeita imperfeição defectivando verbos de sonhos, regências de desejos nos interstícios da esperança. Ser de ocasos perfeccionando defectivas im-perfeições do verbo de fectivos verbos imperfeições dos ocasos - vale, montanhas, florestas, mares, abismos, panorama longínquo de um presente, paisagem in-finita do há-de ser, aclives, declives, curvas acentuadas, consecutivas, e o ônibus vai cortando o vale em direção ao sertão, de volta para casa - verbo de sendas tecendo itinerários, miríades de verdades anunciam caminhos do campo, areias desérticas e-nunciam marcas e passos , trajeto/confins, confins do caos, arribas do cosmos, arribas do caos, confins do cosmos, intensos são os prazeres e alegrias, a percuciência de ideais são consciências re-integradas, res-gatadas, re-cuperadas de fantasias outrora vividas nos pretéritos adjacentes às confusões e perdições in-finitas de querências alinhavadas de sentimentos do não-ser, des-virtuando a alma, tergiversando os instintos aos ossos da plen-itude; verbo de veredas compondo o “blues” do caminho com as notas, ritmos, melodias, musicalidade. Nos outroras, manque-d´être de saudades, sentimentos de ausência, falta, falha, carências, manque-a-être de desejos, vontades, volos do coração, con-jugados às incertezas e medos perenes,
Mãos à obra, pés na estrada sem limite, sem fronteira, sem bordas, destino: começo, re-começo, numa origem de nova cultura, de um povo, condições abaixo das razoáveis, mas seguindo as alamedas por onde decidi trilhar minhas estradas, semeando esperanças, sonhos, fé. Andarilho quase...
O ônibus vai cortando o vale em direção ao sertão, de volta para casa Lembrança longínqua: na infância, pelas ruas de Itabira, cantando: "Se algum dia à minha terra eu voltar/ Quero encontrar as mesmas coisas que deixei..." Hoje, ainda pela manhã, perguntava-me: "Será que vim para morrer neste burado de mundo chamado Diamantina". O ônibus corta o vale, em direção ao sertão, de volta para casa!...

II

Leito de águas cristalinas, iluminado à superfície de raios numinosos, engolfando sentimentos em absoluta re-flexão do que há-de vir, do que há-de ser, mergulhando sensações de dúvidas nos abismos de dores e sofrimentos, taça de lágrimas às vergonhas, aos sentimentos de ofensas, as angústias da humilhação, sentindo a vida em-si mesma, na sua luz se revela solene, sabedoria do verbo sendo a carne do absoluto, cane sem ossos, carne sem veias, sem sangue percorrendo nelas, realização contingente, de Antemão Às Revezes: Útero Às Palavras, sim, o corpo do real comunga-se à realidade profunda da alma. miríades de a-nunciações de liberdade, perscrutando recônditos do inconsciente, alegria efêmera, desenhando afora desertos inóspitos de condições ec-sistenciais, de dogmas algemados às decisões, decisões acorrentadas às misérias do não-ser, re-fazendo olhares ao longínquo de imagens trospectivas das pectivas da res...
Sou imperfeito, defectivo as esperanças do perfeito perfecciono o defectivo das esperanças, das esperanças perfecciono defectivos - brincar às palavras, à dubiedade dos sentidos e significações, o jogo , a tramoia, o tripúdio, não é um recurso da beleza, versos de excelência, construção da linguística dos verbos no tempo da estesia - imperfeitos os desejos participando de instantes de luz nas trevas, luz nas trevas perspectivando instantes de desejos - “perfeitos, imperfeitos, o que isto importa, se a brevidade dos sentimentos, emoções, sensações é o advir, porvir, há-de vir solicitando as brisas suaves e sublimes, bem-estar corpóreo...”
Sou a imperfeição esplendendo de sombras perfeitas os horizontes além. Sou o defectivo resplendendo de brumas imperfeitas os confins de amanhã. A imperfeição é a plena perfeição do não-ser, o não-ser é a perfeita plenitude do imperfeito, o ser é a absoluta imperfeição do perfeito. Origem do futuro con-templado à luz do perfeito passado, genesis do presente vislumbrado à mercê caótica do futuro, fonte do pretérito alumbrado à mercê abismática dos alvoreceres, crepúsculos, entardeceres, anoiteceres... Sou a luz fosforescente do imperfeito luminando o tempo de nadas, vazios, nonadas, náuseas, de efêmeros, passageiros, vapt-vupts, éresis, con-éresis, an-erésis, o caos imperfeito das imperfeições que me habitam participa do tempo verbalizado nas angústias do eterno efêmero, Interando do ser enunciado as náuseas das travessias, interagindo do nada epigrafado as contradições. Sou o imperfeito eterno efemerizando o tempo do caos, perfeito imperfeito, imperfeito perfeito, mais-que-perfeita imperfeição numinando os caminhos de ironias, sarcasmos, cinismos, compondo a sátira das vaidades, orgulhos, odes dos êxtases da raça e estirpe, idílios das nostalgias, melancolias, saudades, tributos, ainda que às furtivas da comoção e lágrimas, ao poder, às glórias, às conquistas.
O ônibus corta o vale, em direção ao sertão, de volta para casa!...

III

À sombra do imperfeito, dançando a ópera da solidão à luz das cenas performadas de sons e imagens, performance de quimeras da redenção, ressurreição, ilusões do perene, banquinho solitário, de por baixo da árvore,
Estrada coberta de neblina, paz, serenidade, suavidade da douta sabedoria do divino e supremo, cenário de sorrelfas da eternidade, paraíso de felicidade e alegrias, movimentos de fantasias do absoluto, a vida na sua plenitude de perfeições perfeitas, sem as margens do não-ser à brisa suave e serena da imperfeição, sentindo a dor gélida do tempo que não participa do perpétuo, do perene.
Perfeita imperfeição do imperfeito perfeito ser imperfeito, do não-ser perfeito, Não-ser imperfeito do ser imperfeição...
O ônibus corta o vale, em direção ao sertão, de volta para casa!

Manoel Ferreira.

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