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terça-feira, 24 de novembro de 2015

CÂNTICO DO MILAGRE DAS MÃOS



Entrai em mim
como uma música de Vivaldi,
enquanto é primavera,
o perfume das flores 
embriaga o mundo e as coisas,
enquanto a beleza da natureza
ilumina o uni-verso, 
enquanto o amanhã 
trará outras flores e perfumes
mais lindos e doces de inalar, 
enquanto o mundo não poluir
os sons do infinito.
Não fiqueis aí como  decepcionados
com as perdas e ausências,
fracassos e frustrações,
medos e relutâncias
à beira de um rio ou de um abismo,
de olhares menores
de brilhos quase imperceptíveis,
sentimentos tristes, desconsolados,
desolados.

Sou bela
como o imprevisto perfil de um flamboyant
Ao primeiro relâmpago da tempestade; 
sou louca
porque as minhas pobres vestes
são do tecido da eternidade
são das linhas do horizonte,
são das agulhas do uni-verso. 
Sou uma rapariga na idade da flor,
e estou cantando em torno de vós: 
“ficai ao meu lado;
 daí-me as mãos para seguirmos juntos
 em direção ao templo da sublime verdade,
ao mistério tão sem fim do desconhecido
vogando, lento, à deriva
nos rios todos do mundo.
Cantemos em uníssono
na própria luz consumida 
o cântico do milagre das mãos
que, postas ao infinito,
à eternidade, 
transcende-me,
eleva-nos à esperança e amor. 

Queria trazer-vos um cântico de versos lindos
Colhidos nos  mais profundos interstícios de mim.
As palavras seriam as mais sensíveis,
Amáveis do mundo, 
Porém não sei que luz as iluminaria
que teríeis de  fechar vossos olhos para as ouvir
neste cântico de versos lindos,
ternos, amorosos, meigos, compassivos,
solidários.
Sim! Uma luz que viria de dentro dele,
raios que viriam de dentro deles. 

Deixai-me segredar-vos
Um dos grandes segredos do mundo:
- Essas coisas que parece
Não terem qualquer sentido, qualquer beleza,
qualquer mensagem, qualquer cântico
de amor, de sublimidade
é simplesmente porque
não houve jamais quem lhes desse ao menos
um segundo olhar!
Se, às vezes, vós perdeis a paciência comigo, 
censurais-me, xingais-me,
não vos dou qualquer oportunidade
de outras realidades, de outros horizontes,
de outras verdades,
é que ainda não compreendestes
que a felicidade está dentro de vós,
só vós podeis sorrir de alegria e contentamento,
se me olhardes com os olhos da esperança
e fé. 

Deixai a canção nascer dentro de vós como rumor
de águas cristalinas,
nascer o cântico do amor
como um vento despertando as folhagens...
Não vem de supetão, vem de longe e de muito tempo.
Como é que tendes de súbito esta serenidade
de quem recebesse uma hóstia sagrada em plena desgraça.
Deve ser de versos que lestes e nem vos lembrais,
de telas que vistes, de músicas que ouvistes,
de sorrisos que percebestes nos lábios de uma criança,
de brilho que vistes nos olhos de um homem
que me contemplou com sinceridade e amor
Às vezes,
No chão do rumoroso deserto em que pisas,
brota o milagre da canção
no fundo da solidão inquietante
em que vós debateis nalguns instantes
de vossa vida
nasce a verdade do Ser.  

Ouvi uma amiga dizer
Ao amigo querido:
“Tudo passa, tudo passa,
tudo passa, tudo passa...
Será ainda muito feliz
em sua vida!”
Acreditou nestas palavras
vindas do mais profundo do
coração da amiga,
e hoje segue seus passos
feliz e contente,
até escreve versos
que alimentam as esperanças
dos homens. 



Manoel Ferreira Neto.

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