Antes o nada vazio do que nenhum nada. O vazio
re-colhe, a-colhe o múltiplo. Nada é para sempre, pode até demorar um pouco,
mas o nada será preenchido de outros nadas, o nada completo, cheio, pleno atrai
como o capeta.
O capeta no nada extasia as perspicácias,
destrezas, espertezas das falcatruas, tripúdios com o absoluto, divino, momento
de excelência para sarcasmos, ironias, cinismos com
os dogmas das chamas do inferno crepitando as almas até para além da consumação
dos tempos. O nada habitando a essência diá-bolica do capeta alimenta, nutre os
seus chifres pontiagudos e cauda extensa, de fio a pavio além do mal e
viperino, e assim ele dança lindo o perfeito da ópera do apocalipse, ele
artista principal e coadjuvante do medo de sempre estar figurando,
pre-figurando entre os caldeirões e chamas, o deus da iluminidade das trevas, a
memória lhe mostrando o anjo divino que era. Deus no genesis era um déspota,
tirano. E ele nem por ínfimo instante de imaginação fértil criou o Hades, Deus
o fez e jogou-o nele sem dó nem piedade. Oh, destino, oh, vida, que desgraça
perene.
Mas o capeta do nada, o nada dele nas sendas e
veredas das estradas empoeiradas, mata-burros de légua em légua, deixa passos e
traços no ofício de ossos, conjugado à alma de cinzas ósseas que desejam
impreterivel e irrevogavelmente a luz das chamas ardentes a incidir seus raios
no pretérito do eidos do sofrimento e dores do efêmero da ressurreição e
redenção dos vaticanos princípios da luxúria e consciência livre dos pecadilhos
da solidariedade do bem que posterga a morte do mal nas frinchas do eterno...
Antes o nada do capeta, antes o capeta do nada do
que o absoluto de Deus, a essência do divino-eterno, da etern-idade divina.
Antes o "O" do que o "A". O "u" fica a critério
do fogo da lareira que crepita as linhas da fugaz etern-idade da morte na vida
que nasce sem razão. As outras vogais ficam à mercê dos subjuntivos pretéritos
do particípio da vida que é ser-para a morte.
Antes pouco do que nada. Amo o nada, sou apaixonado
por ele. Venero-lhe, só não o espero na porta do cemitério, o nada é o eidos, o
cerne, o núcleo da vida que é concebidsa no caos, gerada no abismo, dada à luz
no ad-vir do efêmero-fuga, do fugaz-efêmero.
Antes catar uma côdea de pão na calça, no saco de
lixo jogado na porta de uma residência do que pedir a alguém um pedacinho de
linguiça ou torresmo de porção num botequem, os fregueses olharem-me com
indiferença, sou nada para eles que precisam de beber para fugir da desgraça em
que vivem, do nada da vida. A fome é digna, valendo a morte, diante da luxúria
da sociedade morta de sensibilidade, morta de espiritualidade. Antes a fome do
que a esmola luxuriosa da sociedade. O nada da luxúria não alimenta o pleno da
fome.
Por que o pouco antes do nada? Ou antes que o nada?
Manoel Ferreira.
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