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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

**AUTO DA FLORESTA SILVESTRE**



O que pensamos ser amor pode ser apenas manifestação de carência, desejo de envelar a solidão, fuga das contingências ec-sistenciais, medos do desconhecido, também nada disso e simplesmente nada é. Às vezes,vivemos a vida pensando ser amor o que não o é, morremos e não o conhecemos. Vida de nada. Vida de incólumes vazios.
O verdadeiro amor se revela, perdemos as estribeiras, sentimo-nos no terreno baldio das nuas situações, das creuas circunstâncias, a razão se esgarça, desbota na tentativa de explicar o amor, sentirmo-nos seguros, sermos tranquilos, o amor não tem explicação. A alma se perde no labirinto das dúvidas, incertezas, no abismo das angústias, tristezas. O coração bate comedido e descompassado
Quê ninho de guaxo de sentimentos perdidos e emoções sem trambelhos. Ou vivemos o desconhecido amor, deixemos o tempo lhe nos apresentar nas suas dimensões de única verdade que nos liberta, de único sentimento que nos torna outros, ou nos arrastamos nas sarjetas imundas das dores e sofrimentos inelutáveis e indevassáveis, morremos à míngua.
Amor verdade
Amor sentimento
Amor esperança
Amor sonho
Amor utopia
Amor espírito da alma
Amor alma do espírito
Amor verbo do ser.
Sentir todas estas dimensões, vivê-las sem sabê-las, ser-com elas e não conhecê-las - quê baldio de beco sem saída.
A voz de Joe Cocker era rouca e áspera, na obra eterna e inolvidável é indizível e ininteligível, será por sempre a expressão do inaudito das buscas do verbo-carne da alma. Tal e qual o amor: sua voz é silenciosa, é silêncio, é som do silêncio, é silêncio de ritmos e melodias, arranjos, musicalidade, na vida que se faz na continuidade do tempo, no tempo contínuo do ser, será ao longo dos horizontes, universos, panoramas campesinos, visões solitárias dos pampas e chapadões, o silêncio da solidão e a solidão do silêncio, Auto da Floresta Silvestre das querências, querenças do verbo-ser da carne, do efêmero e eterno.

Manoel Ferreira.

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