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terça-feira, 24 de novembro de 2015

//***AOS MEUS CRÍTICOS, O MEU SOLENE CUMPRIMENTO***//


Dias atrás, sentado numa mesa de um botequim na calçada, alguém se aproximou, dizendo: "Sou muito curioso. Sempre que passo por aqui vejo o senhor escrevendo. O que faz?" Respondi-lhe: "Escrevo. Acabo de matar a sua curiosidade." Nada mais disse. 
Tal fato lembrou-me saudosa amiga artista-plástica, Martha Moura, que me dissera com todas as letras que odiava quando alguém con-templando as suas peças de imediato perguntava: "Mas o que você quis dizer com esta pintura?". Martha Moura respondia: "Não quis dizer nada. O interlocutor é que descobre, ele é quem diz o que o artista quis dizer". Isso é mais que quotidiano, trivial - não há escritores, poetas, artistas plásticas, artistas em geral que goste de interlocutores fazerem esta pergunta. 
Dizem a plenos pulmões os críticos são a desgraça do escritor, do poeta, dos artistas: têm sempre um ás de crítica debaixo do punho, há sempre um quê de negligência. A arte deve seguir os seus parâmetros, seus ângulos teóricos. Dizia um saudoso professor meu de Teoria da Literatura na Universidade Católica, que os críticos que são escritores escrevem com o manual teórico do lado, julgam-se os egrégios. Para Jaime França, este escritor deveria primeiro aprender a escrever, ser artista, para depois criticar. Então, o escritor precede o crítico. Endossei as palavras de meu professor na época, tornei-as realidade ao longo de minha vida literária e crítica. 
Sendo assim, escritores e poetas tremem em todas as bases, quando suas obras estão diante dos linces do crítico. Por mim, jamais tive este tipo de medo, aliás por muitos anos sonhei ver um crítico analisar, interpretar as minhas coisinhas. Uma coisa é certa o escritor e poeta devem conhecer um pouco sua arte porque há críticos que tergiversam solenemente o eidos da obra. Tem ele então a liberdade de contradizer o crítico, dizendo-lhe onde se localiza a sua digníssima asnice. 
A querida amiga Maria Fernandes fora a primeira crítica a escrever sobre a minha obra - digo-o virtualmente. De excelência a sua crítica, aliás fora publicada em tablóide aqui na minha terra-natal. Fora direto ao ponto, interpretaçao percuciente. Seguiu-se-lhe Ana Júlia Machado, também outra crítica de excelência. Amigas... Há aquela questão de pensarem os interlocutores: "Amigas, claro, vão puxar a farinha para o saco de Manoel Ferreira Neto". E hoje são seis os críticos, cada um ao seu modo, à mercê de seus conhecimentos literários, poéticos, filosóficos, à luz de suas linguagens e estilos, estão des-vendando com as verdades de meu mundo artístico, princípios literários e filosóficos, poéticos, de minha intimidade como homem-no-mundo, como ser e estar-no-mundo, aflorando desde as prefundas aos abismos mais inauditos a minha obra. E digo com toda a sinceridade e franqueza todos os meus críticos tem posto nas minhas mãos feitas conchas grandes contribuições para eu mergulhar mais fundo em mim, em minha arte, tornando cada vez mais trans-parente e trans-lúcido o meu uni-verso. Estou crescendo, amadurecendo, re-nascendo, aprendendo a des-aprender, nascendo nas letras. 
Sinto-me privilegiado pelas verdades das críticas dos amigos. Difícilimo críticos se aterem ao eidos das obras, não interpretarem à luz de suas subjetividades, desejos e vontades de a arte ser deste ou daquele modo, fieis e leais ao eidos da obra. Hoje mesmo o novo crítico, Júlio di Paula, quem escreveu de modo lindíssimo, com uma linguagem singela, terna, um estilo espiritualista eidético, analisando o meu texto //FRANQUEZA DE UMA TERNURA DE SENTIR//, disse-me estar muito feliz com o meu amadurecimento, crescimento nas letras. 
Quando o escritor, poeta, disponibiliza-se à harmonia, sincronia, sintonia com a crítica dos críticos, outra coisa não resulta senão o crescimento, amadurecimento. Escritores e poetas têm de harmonizar-se com a crítica, porque a crítica verdadeira outra coisa não significa senão o mergulho na arte, mergulho "iético" no terreno baldio da alma, onde a Arte floresce ao florescer, des-vela-se ao des-velar-se, exala seu perfume do belo e da beleza ao exalar seu verbo-espírito. .

Manoel Ferreira Neto

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