Iniciarei dizendo não haver encontrado,
inda, o que estou procurando, tendo de subir ladeiras íngremes, para sentar no
banco, descrevendo a experiência, tantas lembranças, recordações, de momentos
tristes, angustiados, com as palavras certas, os advérbios e adjetivos em seus
lugares devidos, os verbos a identificarem as intuições e percepções, desejos e
vontades, esperanças e sensibilidade, e você, amigo, estando a entender-me, compreender,
lembrando-se de me relatar a sua vida, o que habita o seu íntimo... Tenho
subido estas ladeiras para estar junto com você, com todo o carinho e entrega,
o amor nascerá nessa relação, e as origens são as sementes de frutos, de
conquistas, de realizações.
Tenho subido as
montanhas, serras, pedra por pedra, até com agilidade, eu que não passei a vida
fazendo-o, faltando-me o fôlego, devido ao hábito do fumo, mas sonhando a
alegria de estar ao seu lado, conversando, aquele dedo de prosa saudável, sobre
as experiências que se vive com felicidade o subir as pedras, mesmo procurando
se equilibrar, por não ser nascido nas montanhas, nas serras, aos olhares de
quem nascera e faze-lo é tão simples quanto seguir no plano. Dizer-lhe das
emoções e sentimentos, mesmo que alguns são fantasias, sonhos, desejos,
intuições, a mostragem deles só se fará com trabalho e luta, mas sempre
imbuídos de utopias as mais diversas, a contragosto de alguns, a maioria, a
gosto e paladar, a minoria, e isso não diz coisa alguma, o importante é que as
alimento e desejo que sejam verdades, as minhas, mas frutos do sonho do verbo
amar.
E nesse nosso
novo encontro, já curado de coisas, aliás, sempre esperara que me
conscientizasse delas, vivesse-as autenticamente, sabedor, digamos assim, de
mudanças e transformações – não é que isso de subir as montanhas, as serras não
ensina a avaliar os passos em sintonia com o que nos vem à mente, o que se
anuncia no espírito, na alma -, aberto a novas experiências, busco mostrar-lhe
as esperanças que passaram a habitar a vida, tornaram-se raízes.
Desculpe-me,
amigo, se lhe digo de início que, inda, não encontrei o que estou procurando.
Há-de pensar isto de dizer com todas as letras haver encontrado, é seguir a
caminhada, é muito sério, comprometedor. Sei para onde estou indo, não tenha
qualquer dúvida, mas o que busco não me é, inda, consciente, o tempo dirá,
estou certo disso.
Perguntou-me,
não faz muito, nesse tempo em que estamos descendo esta avenida de muitos pés
de coqueiro, altos, muito altos, embelezando-a, a presença da natureza faz um
bem inestimável, seja de que modo e estilo for, pedras de montanhas e serras,
vegetação própria dessa região, aqui, plana, a arquitetura, diferentemente,
outra, árvores de ambos os lados desse canteiro com os seus canteiros, um calor
respeitável, o sol queimando a nossa calvície, porque estou certo de o que
buscando o tempo dirá.
Espera mesmo
que responda a esse questionamento? Perdoe-me a sinceridade, mas não seria
melhor deixar que ele nos diga, mas sabendo de antemão para que ele rompa o seu
silêncio faz-se necessário que lute para a sua realização, a entrega, e, aliás,
o desejo de amor vive de entrega, disse-lhe todas as vezes em que nos
encontremos desse a nossa separação, por me dizer com todas as letras é tempo
de retornar com as mãos abertas para a doação do que fora capaz de construir.
Encontramo-nos por todas as vezes, para uma visitinha, como me dissera: “Volte
para uma visitinha”.
Ah, não
espera... Obrigado por sua compreensão e entendimento. Contudo, posso
afiançar-lhe, amigo, o que busco exige muito, e ninguém está disposto à
entrega, não têm certeza de que poderão apanhar os frutos, sentindo-lhes o
gosto, e é tão simples, o desejo é a Vida, a que nos é vocacionado – vivo, na
realidade, o sentido dela, é o utensílio de que me sirvo para conhecer a
profundidade dos sonhos, das utopias.
Perdoe-me
interromper a nossa conversa por um poucochinho de tempo. Deixe-me mostrar-lhe
dois nomes inscritos naquele coqueiro, onde, há sete anos, escrevi numa caminhada de madrugada, habitavam-me
tristezas, desconsolos, angústias, desesperos, agonias, dúvidas, medos, e tudo
o mais que pretenda incluir neste elenco de estados emocionais e psíquicos.
Agora, em que
estamos aqui juntos, sabendo você do que tenho construído, estabelecido na
vida, o estado de espírito que, ora, me habita, as esperanças que trago em mim
dentro, pode dizer se não estou com toda a razão em dizer, com sinceridade, o
que tenho procurado inda não encontrei. Se fosse naquela época em que isto
escrevi nesse coqueiro dissesse estas palavras, não haver encontrado o que
estou buscando, diria abertamente não poderia dizer o que estava procurando.
Estava habitado por estados de alma negativos.
Obrigado por me
lembrar disso: não fosse haver escrito esses nomes de pessoas muito íntimas,
não teria conseguido realizar o que venho fazendo nesses anos de minha vida,
descobrira, escrevendo os nomes, as esperanças que me habitavam.
Mas, amigo,
inda não me referi à maior experiência que me possibilitou esta transformação que ocorrera. Não me
referi ao desejo de autenticidade, originalidade. Não fosse esta luta pelo
autêntico, pelo que é originário de mim, de quem sou, não estaria dizendo coisa
alguma. Aliás, o maior amigo de minha vida, também seu conhecido, dissera-me
com categoria: “Você não é mais nem menos do que fizer de sua vida”. A maior
experiência. Compreendi o “é” como o que sinto e o que torno realidade desse
sentimento.
Por esses anos,
muito poucos ainda, vivo as palavras de conselho e amizade que pronunciara o
nosso amigo – claro, sendo de mim muito íntimo, e de você um grande amigo, sem
fazer diferença, isso você pode entender bem. Longos anos após haver ele dito,
outro dissera com toda a categoria: “... por pouco não se torna mais eloqüente
do que o silêncio”.
Mudaram-me
estas falas. Isso porque ouvi-as com o espírito de esperança, de os sonhos
serem apenas possíveis, mas de realidades. No tempo, a continuidade dos sonhos
e desejos, tornou-se realidade o que antes era apenas possível, por haver
compreendido que seria alguém quando fosse mais eloqüente do que o silêncio,
fizera dele a vida.
Então, amigo, a grande experiência, essa que me
tornou esse homem com quem você se encontra hoje, amanhã, voltarei aos braços
de minha senhora, a que me auxilia a continuar as realizações, fora o silêncio
que ambos os amigos, você, desejo dizer-lhe que o considero tanto quanto o
outro, havendo algumas diferenças espirituais e cristãs que são responsáveis
por elas, nada mais.
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