Horizonte
do ser à socapa de sátiras sutis e suaves acerca das contradições, às cavalitas
de sarcasmos trans-elevados à seriedade e contundência das dialéticas do nada e
nonadas dos parvos desejos de brincadeira com as palavras, modo e estilo de
legar ao outro a sua grande oportunidade de revelar as suas futilidades e
mesquinharias, sentindo e pensando estar brilhando com tão profundo
conhecimento, cintilando com idéias tão esplendentes a respeito da vida, quando
na verdade o outro está intimamente dobrando as páginas brancas dos instintos
de tantos risos e gargalhadas, aquele velho jogo de jogar a verde para colher a
madura.
Nada
e nonadas dos parvos, na adstringência de primevas ilusões, quando trazem no
coração e na cabeça o rigoroso e pujante método da verdade, e que por outro
lado, graças à evolução da humanidade, tornam-se tão delicados, susceptíveis e
sofredores a ponto de precisarem de meios de cura e de consolo da mais alta
espécie; daí surge o perigo de se esvaírem em sangue ao conhecerem a verdade,
ao se conscientizarem de que a ilusão, a mentira, a representação têm pernas
curtas, a verdade não lhes é senão modo e estilo de tripudiarem os instintos
que lhes são peculiares, o que lhes habita o mais profundo da carne e dos
ossos, trans-elevarem a razão em nome de alguma dignidade fantasiosa. Parvoíce
de nonadas e nada. Trocam as palavras de lugar para darem sustância ao que
chamam de idéias originais, trocam, com a troca das palavras, alhos de
parvoíces por bugalhos de perspicácias, mas as nonadas e os nadas permanecem
lívidas e vivas, não lhes sobrando outros resultados senão os risos e
gargalhadas das pessoas, provocando-lhes muitos pinotes para entenderem e
compreenderem os motivos e razões. Na verdade, na verdade, oh, que sina, que
saga, nasceram para ser incompreendidos, mas a esperança é a última que morre,
chegará o tempo que a humanidade se libertará do berço esplendido dos orgulhos
e importâncias da raça, estirpe, descobrirá que são eles os que trazem, sempre
trouxeram, nas mãos feitas concha as primevas idéias verdadeiras da vida e das
cositas dialéticas do tempo e do ser.
Quando
não se tem linhas firmes e calmas no uni-verso da vida, como as linhas das
montanhas e dos bosques, das margens dos rios, dos sinuosos caminhos da
floresta, o próprio desejo íntimo do homem vem a ser intranquilo, disperso e
sequioso como a natureza do citadino: não tem felicidade nem dá felicidade.
Oh,
Deus!... Oh, céus!... Quê destino ingrato! Levantam uma harmonia de idéias,
coroada de etern-idade; de novo um destino cego de águas subterrâneas lhes
escavam a segurança. Dão de ombros a uma questão que lhes são tão indiferente
como as cheias do Nilo. Sabem que um castanheiro num cerro é uma verdade
natural, não há duvidar. E que o trabalho deles de porem as coisas onde deviam
é outra verdade como a primeira. Querem-se só, com silêncio no coração, um
silêncio de ventos largos de montanha. Pensarem é acusarem-se ou decidirem-se a
um rumo. É sentirem-se presos. Paz! Tapar os olhos, ir para o fundo, mas sem
idéias, como uma pedra.
Os parvos estão sempre
persuadidos de que as causas a que servem são essencialmente melhores que as
outras causas do mundo, e não querem acreditar, nem diante de pelotão de
fuzilamento, que a causa deles necessita, para prosperar, exatamente do mesmo
estrume malcheiroso que requerem todos os demais empreendimentos humanos.
Manoel
Ferreira
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