Para
terminar, digo que os sábios gregos andavam descalços.
Sugere
que não tenha noção de intróito, pois inicio com o término. Noutra instância,
ter estado a escrever, quem sabe carta, terminando o tempo e espaço de
correspondência, decidindo continuar por vislumbrar a continuação das idéias,
imagens espirituais e humanas. A correspondência fora ótimo arcabouço para a
continuidade noutro estilo.
Não
estive a escrever correspondência. Aliás, difícil tomar da pena para escrever carta,
subscritar cartões, nunca sei o que expressar. Amigos chegam a pedir-me não
lhes escreva, não têm tempo. Escrevi carta ou ensaio com características de
tese?! Outros, não por serem longas ou não, têm dificuldades de reconhecer a
caligrafia barroca, cheia de rococós. Usam óculos de grau. Mesmo que digite no
computador pedem para ser em Fonte normal, Times New Roman, 14, com espaço
duplo, sem negrito, itálico. Não escrevo cartas por todas estas razões.
Inúmeras
imagens foram se revelando ao espírito, contemplei-as. Pura poesia, emoções
fortes, ardentes. Fora tomado de paixão, concluo que os sábios gregos andavam
descalços. Estive sentado na cadeira de sofá, olhando o título que escrevera,
no dia anterior, procurando modo de começar e não sabia por onde fazê-lo.
Repreendi-me, não de modo drástico, por intitular algo a ser escrito, se já não
houvesse idéia antes. Desperdiço bons títulos com futilidades.
Lembrou-me
tempo de tristezas, sem esperanças, tempo que pensei estivesse esperando a
morte chegar com a boca aberta, mostrando as próteses inferior e superior.
Saía
de casa a esmo, descalço, descamisado, barbudo, cabelos desgrenhados,
lembranças e recordações presentes. Quem passasse, não me conhecendo, diria ser
mendigo qualquer. Conhecendo-me, diria ser resultado da inteligência. O
conhecimento enlouquece. Tempo difícil. A fim de não sofrer com os olhares,
pensamentos escondidos, galhofas, dizia em silêncio que sábios gregos andavam
descalços, sem poder julgar-me sábio.
Andava
pelas ruas a esmo como se tivesse encontro marcado, possibilidade de ver as
dores no peito diminuírem-se; se, ao sair de casa, tivesse tido lugar
específico para ir. Atravessava ruas, virava esquina. Tudo inóspito, desértico.
Cansado, retornava a casa, ligava o aparelho de som, buscando conforto através
de músicas, simulando emoções, alegrias. Sabia que não passavam de fingimentos,
simulações. Desligava o aparelho. Virava para o canto. Dormia.
Por
vezes, recebia cartas de amigos, quem por todo o tempo das tristezas
empenharam-se com amizade a devolver-me
alegrias.
“Outro
dia estava pensando, ou melhor, foi invadida de repente por este pensamento
(estava numa igreja): “O Otávio é importante, pois colocou neste mundo filhos,
isso é indizivelmente importante; verdade que só se conhecem com o coração”.
Além
dos filhos, oferece-nos também seus quadros... maravilha!
Agora
só falta plantar uma árvore. Você já plantou uma?
Por
tudo isso, por todos os bons pensamentos e atitudes,
Parabéns!
Felicidades sempre
Otacília Barbosa”
Recebi
este cartão de aniversário por ocasião de aniversário natalício, a oportunidade
de novo tempo; tempo que iria valorizar ao máximo, tendo como referência o
passado; tempo a que iria entregar-me inteiro, buscar colher frutos; enfim
refletiram, meditaram buscando modos de ajudar-me; mereciam. Aliás, não fora
enviado pelo correio, estavam ao meu lado, participando das oportunidades que
me surgiam.
De
início, quando todas as tristezas e desilusões apresentaram as empáfias e
embófias possíveis, a amiga enviou-me pelo correio um livro de Thich Nhat Hanh,
monge budista, “Vivendo em Paz”, escrevendo na primeira página:
“Que este
livro, deste abençoado mestre, transforme a sua vida para que seja mestre,
testemunho absoluto da paz para os filhos.
Descubra a
maravilha da paz interior, seus atos sejam só de amor, Jesus Cristo viva em e
através de você.
Um abraço, um
gesto de amizade e amor,
Otacília Barbosa”.
Noutra
obra do mesmo autor, “Para Viver em Paz – O Milagre da Mente Alerta”, Thich
Nhat Hanh”, o amigo escrevera, no mesmo ano,
“Passo a passo cada passo é um milagre
Osmar Pinto”
Hoje,
após dois anos das oportunidades surgidas, estando já recuperado das tristezas,
colhendo apetitosos frutos das entregas, admirado com a vida, decido fazer
pequena lembrancinha, a quem de direito e méritos merece.
Intenciono
enviar-lhes este escrito, Fonte Normal, Times New Roman, 14, sem negrito,
itálico, o amigo Osmar Pinto Barbosa usa óculos de grau, tem dificuldades de
leitura; enviando-lhes este escrito, sei que ficarão orgulhosos; enfim,
realizaram um dos íntimos desejos do espírito. Não precisaria escrever. Desejo dizer a verdadeira amizade resgata
alegrias e felicidades, proporciona ao outro a própria vocação, a Felicidade.
Tendo
escrito que os sábios gregos andavam descalço, como introdução a este
escrito, termino dizendo que para
iniciar gostaria de registrar outra cartinha aos amigos Otacília, Osmar, Ozanan
(filho deles): enviaram-me no último aniversário, dois anos após a já
registrada, aquando tudo se tornou possibilidade:
“Querido
Otávio, amigo de tanto tempo, tanta partilha de vida, tanta união:
Feliz
aniversário! Tenha um dia muito feliz, com amor, paz e muito Deus no coração!
Dia
do seu aniversário, dia de agradecer a Deus pelas maravilhas que Ele tem feito
em sua vida!
Deus
fez uma revolução em sua vida, te deu a salvação!
Te
resgatou de uma vida sofrida e te deu Lígia, te deu Tudo!
Ela
com carinho e sorriso luminoso te cuida, te ilumina!
Você
está bem e eu só agradeço por tantas graças.
Que
as bem-aventuranças só aumentem para você.
E
todos os que ama sejam abençoados por Deus!
Um
grande beijo, um abração.
Obrigada
por tudo,
Por
todo amor, carinho e pelas orações.
Obrigada
por seu amor.
Deus
te abençoe
Otacília, Osmar”
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