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terça-feira, 24 de novembro de 2015

ABISMO À SUPERFÍCIE DAS LUZES


Para terminar, digo que os sábios gregos andavam descalços.
Sugere que não tenha noção de intróito, pois inicio com o término. Noutra instância, ter estado a escrever, quem sabe carta, terminando o tempo e espaço de correspondência, decidindo continuar por vislumbrar a continuação das idéias, imagens espirituais e humanas. A correspondência fora ótimo arcabouço para a continuidade noutro estilo.
Não estive a escrever correspondência. Aliás, difícil tomar da pena para escrever carta, subscritar cartões, nunca sei o que expressar. Amigos chegam a pedir-me não lhes escreva, não têm tempo. Escrevi carta ou ensaio com características de tese?! Outros, não por serem longas ou não, têm dificuldades de reconhecer a caligrafia barroca, cheia de rococós. Usam óculos de grau. Mesmo que digite no computador pedem para ser em Fonte normal, Times New Roman, 14, com espaço duplo, sem negrito, itálico. Não escrevo cartas por todas estas razões.
Inúmeras imagens foram se revelando ao espírito, contemplei-as. Pura poesia, emoções fortes, ardentes. Fora tomado de paixão, concluo que os sábios gregos andavam descalços. Estive sentado na cadeira de sofá, olhando o título que escrevera, no dia anterior, procurando modo de começar e não sabia por onde fazê-lo. Repreendi-me, não de modo drástico, por intitular algo a ser escrito, se já não houvesse idéia antes. Desperdiço bons títulos com futilidades.
Lembrou-me tempo de tristezas, sem esperanças, tempo que pensei estivesse esperando a morte chegar com a boca aberta, mostrando as próteses inferior e superior.
Saía de casa a esmo, descalço, descamisado, barbudo, cabelos desgrenhados, lembranças e recordações presentes. Quem passasse, não me conhecendo, diria ser mendigo qualquer. Conhecendo-me, diria ser resultado da inteligência. O conhecimento enlouquece. Tempo difícil. A fim de não sofrer com os olhares, pensamentos escondidos, galhofas, dizia em silêncio que sábios gregos andavam descalços, sem poder julgar-me sábio.
Andava pelas ruas a esmo como se tivesse encontro marcado, possibilidade de ver as dores no peito diminuírem-se; se, ao sair de casa, tivesse tido lugar específico para ir. Atravessava ruas, virava esquina. Tudo inóspito, desértico. Cansado, retornava a casa, ligava o aparelho de som, buscando conforto através de músicas, simulando emoções, alegrias. Sabia que não passavam de fingimentos, simulações. Desligava o aparelho. Virava para o canto. Dormia.
Por vezes, recebia cartas de amigos, quem por todo o tempo das tristezas empenharam-se com amizade a devolver-me  alegrias.

“Outro dia estava pensando, ou melhor, foi invadida de repente por este pensamento (estava numa igreja): “O Otávio é importante, pois colocou neste mundo filhos, isso é indizivelmente importante; verdade que só se conhecem com o coração”.
Além dos filhos, oferece-nos também seus quadros... maravilha!
Agora só falta plantar uma árvore. Você já plantou uma?
Por tudo isso, por todos os bons pensamentos e atitudes,
                               Parabéns! Felicidades sempre
                Otacília Barbosa”

Recebi este cartão de aniversário por ocasião de aniversário natalício, a oportunidade de novo tempo; tempo que iria valorizar ao máximo, tendo como referência o passado; tempo a que iria entregar-me inteiro, buscar colher frutos; enfim refletiram, meditaram buscando modos de ajudar-me; mereciam. Aliás, não fora enviado pelo correio, estavam ao meu lado, participando das oportunidades que me surgiam.
De início, quando todas as tristezas e desilusões apresentaram as empáfias e embófias possíveis, a amiga enviou-me pelo correio um livro de Thich Nhat Hanh, monge budista, “Vivendo em Paz”, escrevendo na primeira página:
“Que este livro, deste abençoado mestre, transforme a sua vida para que seja mestre, testemunho absoluto da paz para os filhos.
Descubra a maravilha da paz interior, seus atos sejam só de amor, Jesus Cristo viva em e através de você.
Um abraço, um gesto de amizade e amor,
                         Otacília Barbosa”.

Noutra obra do mesmo autor, “Para Viver em Paz – O Milagre da Mente Alerta”, Thich Nhat Hanh”, o amigo escrevera, no mesmo ano,

        “Passo a passo cada passo é um milagre
                               Osmar Pinto”

Hoje, após dois anos das oportunidades surgidas, estando já recuperado das tristezas, colhendo apetitosos frutos das entregas, admirado com a vida, decido fazer pequena lembrancinha, a quem de direito e méritos merece.
Intenciono enviar-lhes este escrito, Fonte Normal, Times New Roman, 14, sem negrito, itálico, o amigo Osmar Pinto Barbosa usa óculos de grau, tem dificuldades de leitura; enviando-lhes este escrito, sei que ficarão orgulhosos; enfim, realizaram um dos íntimos desejos do espírito. Não precisaria escrever.  Desejo dizer a verdadeira amizade resgata alegrias e felicidades, proporciona ao outro a própria vocação, a Felicidade.
Tendo escrito que os sábios gregos andavam descalço, como introdução a este escrito,  termino dizendo que para iniciar gostaria de registrar outra cartinha aos amigos Otacília, Osmar, Ozanan (filho deles): enviaram-me no último aniversário, dois anos após a já registrada, aquando tudo se tornou possibilidade:

“Querido Otávio, amigo de tanto tempo, tanta partilha de vida, tanta união:
Feliz aniversário! Tenha um dia muito feliz, com amor, paz e muito Deus no coração!
Dia do seu aniversário, dia de agradecer a Deus pelas maravilhas que Ele tem feito em sua vida!
Deus fez uma revolução em sua vida, te deu a salvação!
Te resgatou de uma vida sofrida e te deu Lígia, te deu Tudo!
Ela com carinho e sorriso luminoso te cuida, te ilumina!
Você está bem e eu só agradeço por tantas graças.
Que as bem-aventuranças só aumentem para você.
E todos os que ama sejam abençoados por Deus!
Um grande beijo, um abração.
Obrigada por tudo,
Por todo amor, carinho e pelas orações.
Obrigada por seu amor.
Deus te abençoe
                               Otacília, Osmar”

       




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