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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

SOBRE AS IDEOLOGIAS E O RESPEITO PELA DIFERENÇA* By Ana Sofia Carbalho



SOBRE AS IDEOLOGIAS E O RESPEITO PELA DIFERENÇA

Alguém saberá explicar-me - e sem querer com isto generalizar - porque razão a arrogância parece ser uma característica muito típica de quem se posiciona ideologicamente numa direita muito à direita?

Passo a explicar: acontece-me com frequência retirar-me de debates sobre os mais variados temas, por não ter pachorra, nem feitio, para responder a insultos e tomadas de posição arrogantes e reaccionárias por parte de quem se afirma de uma direita "pronunciada" ( chamemos-lhe assim), apresentando como dogmas as suas opiniões sobre certas questões, como Deus, o aborto ou a eutanásia.
Como se estes temas estivessem - por impossibilidade lógica e ontológica - vedados à discussão, ao debate e ao confronto de ideias, e a sociedade e a sua regulação não fossem sistemas em permanente devir!

Recuso-me a alimentar uma discussão em que do outro lado imperam uma atitude arrogante e misógina e um discurso agressivo e intolerante com a diferença.
Não será o objectivo de qualquer debate apresentar e discutir os diferentes pontos de vista com vista a reduzir as divergências e acentuar os pontos em comum?! Não será essa a forma normal ( e saudável) de funcionamento de uma democracia?! Ou também aqui estou a ser utópica?!

Seja como for, talvez seja por isso que sou de esquerda: pelo respeito que tenho por quem pensa ou é diferente de mim; pelo desejo que tenho ( e humildade) de aprender com as diferenças, valorizando-me e enriquecendo-me com elas. Donde a minha tendência para uma acérrima defesa da integração das minorias, da necessidade de protecção dos mais fracos e desprotegidos, da luta pela erradicação de toda e qualquer forma de descriminação; e tudo isto com base naquilo que considero ser o valor essencial da convivência humana: o absoluto e inexorável respeito pelo outro.

E estou certa que, excepções à parte, haverá quem, posicionando-se ideologicamente à direita, concorda comigo. Eu é que tenho tido muita falta de sorte...

ASC

2 comentários:

  1. Querida Ana, sim deveria sim o diálogo ser uma fonte onde se bebe conhecimentos entre um e outro, somente através do debater um assunto há de se chegar a um mesmo propositor pelo menos um que á maioria seja simpático o parecer.Quanto a ser de direita ou esquerda, talvez ai na sua linda Portugal ainda possa dar-se a esse luxo, coisa que aqui no Brasil já não existe, a direita fundiu-se com a esquerda e está uma bagunça só, ninguém sabe quem é quem ou de onde vem, eu penso que não sou nem de direita nem de esquerda sou do centro, posso estar errada sei lá, mas acho que quando tomamos uma posição esquerda ou direita tendemos a um círculo vicioso bom mesmo é ser ambidestro rsrsr se é que me entende, medir as atitudes de ambos os lados e chegar a um consenso não é nada fácil admito e as vezes tem que se resolver no grito ou até no tiro ao alvo (risos),eu sou sempre pela democracia, creio que o democrático nos dá o livre arbítrio, sou totalmente contra o extremismo seja ele de extrema direita ou extrema esquerda, como já falei acho que isso emburrece os sentidos fazendo os cegos e nunca procurando resolver com dialogo e apoio da maioria...Enfim...Texto maravilhoso, você escreve tão bem que fiquei até com vontade de falar sobre política, religião e outros temas polêmicos... Bjos

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  2. Obrigado Sonia M. Gonçalves pelo privilégio da públicação. Para mim, continua a fazer muito sentido a dicotomia ideológica Esquerda/Direita, pois trata-se de ter ou não como princípio uma justa repartição da riqueza por todos os cidadãos e não apenas pelos detentores do capital. O problema é que os níveis de corrupção na política chegaram a tal ponto que despoletam os extremismos de ambos os lados, o que não é nada bom. Veja-se o que aconteceu nos EUA em que o desespero das pessoas levou à eleição de um louco egocêntrico nacionalista e xenófobo, e o que está a acontecer também na Europa onde a extrema direita de Marine Le Pen está muito bem posicionada para ganhar as eleições que se avizinham.
    Temos, pois, nós, cidadãos anônimos, que respeitamos a democracia, lutar com as armas que temos à nossa disposição - nomeadamente através da palavra, mas também da acção, contra o descalabro político geral.

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