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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Recomeçar É Viver Outra Vez... By Liége Vaz






Carolina estava sozinha, sentada em frente ao mar. Pensava nos longos dias que enfrentou a morte de sua mãe. Um vazio muito grande ainda preenchia a sua vida. Quase dilacerou a sua alma, fazendo enorme estrago em sua aparência, que agora parecia muito magra e abatida.

Acostumara-se com a convivência de anos e, apesar de serem mãe e filha, eram amigas inseparáveis. Como era necessária a presença de sua mãe? Tudo nela lhe fazia bem, a voz doce e sempre pausada, os cabelos brancos caídos na testa e o agradável cheiro de alfazema, que não dispensava.

Era uma mulher altiva e carinhosa... Amava fazer caridade. Se pudesse doava as próprias roupas. Sem contar o terço em suas mãos, sempre com orações para família e amigos. Mesmo nos últimos dias, abatida pela idade, gostava de fazer alguma comida gostosa, que somente ela detinha a técnica. Como não lembrar o bolo de macaxeira saboreado com uma xícara de chá de capim santo, servido na varanda da casa? As caminhadas ao amanhecer no calçadão da praia, para ver o Sol nascer? Dias inesquecíveis e memoráveis...

Então, ali sentada, olhando para o oceano, os pensamentos percorreram o livro da sua vida... Os dias que precisou do colo, por uma bobagem qualquer ou, ainda, os aniversários que eram comemorados com muita alegria. Sua doce mãe era caprichosa... Todos os preparativos e guloseimas da festa eram por ela feitos manualmente e carinhosamente. A adolescência foi mesclada por rebeldia e castigos, que pacientemente foram conduzidos com certa dureza, mas cheios de afetos, que somente as mães sabem como proceder.

O namoro e casamento foram difíceis, pois sua mãe nunca aceitara aquele que viria a ser seu genro, até que houve a separação. Sempre soube que sua mãe tivera razão... O pai dos seus filhos não foi uma boa escolha. Fazer o quê? Aconteceu e foi uma experiência válida, pois os filhos ficaram e tornaram-se pessoas maravilhosas.

Por mais de 20 anos, após a separação do esposo, esses foram vividos perto da sua mãe. Ela era o seu porto seguro. A sua confidente... A maior companheira em vida. Agora, estar sozinha em uma casa cheia de recordações, era por demais cruel.

Pensar que, os filhos casaram, seu casamento foi desfeito e sua mãe a deixara... Isso a fazia explodir em lágrimas. Não conseguia mais comer e dormir direito...Estava à beira de uma depressão.

A sensação de fracasso era quase terminal...

Naquele momento recordar era o que lhe restava... Precisava buscar forças para viver com todas as ausências que lhes foram impostas pela vida. Tinha consciência que nunca mais nada seria igual, e o que ficou para trás estava marcado em seu coração. Sempre as lembranças estariam rodeando sua mente e, algumas vezes, haveria de chorar.

Mas algo dentro dela dizia: - Não se renda ao fracasso. É necessário despir-se da amargura, para dar um novo salto em direção a construção de uma nova história de vida... Nada seria como fora antes. Conscientemente entendia que a realidade agora era essa... Assim, melhor redirecionar sua trajetória ou esperar envelhecer amarga e solitária.

Nesse instante, Carolina levantou, olhou para o mar que estava sereno e enxugou as lágrimas, expressando um sorriso para o nada... Foi nesse momento que teve certeza que era preciso tomar uma atitude... Sabia que tinha suas recordações presentes, porém, em algum lugar, haveria de encontrar o fio que seria a ponta inicial de uma nova caminhada, para recomeçar a sua vida.

Era preciso tentar e seguir adiante...

Imagem do Google - https://dosurf.com.br/olhando-para-o-mar/

Direitos Reservado Liége Vaz.

Um comentário:

  1. Excelente texto Liege, importante incentivo e auto-ajuda para quem como Carolina sente-se por vezes meio desanimada e encontra força no seu "eu"interior buscando se valorizar, sabendo que pode se e deve tornar-se capaz pela realização dos seus sonhos...Parabéns!Bjs

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